CAPÍTULO 30:" Casa na árvore"

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Acordo às 5 da manhã, e considerando o fato de que não consegui dormir direito sem acordar de 1 em 1 hora ansiosa, eu só dormi 5 horas de relógio.
Digo pro papai que vou correr e de lá vou pra casa da Andressa estudar e às 6:00 em ponto estou em frente a loja de bebês duas ruas depois da minha.

Precisei sair com uma capa de chuva pois estava chuviscando desse ontem a noite. Estou de jeans, tênis salmão, um suéter rosa de manga longa e uma jaqueta jeans fina. Realmente estava muito frio. Vi no celular a temperatura e a previsão do tempo para a segunda feira. 20c° previsão para o dia : chuva chuva chuva e mais chuva com possibilidade se trovoadas e muito vento. Espero que o clima não estrague meu date.

Ele aparece às 6:10. Entro no carro e o ar condicionado me faz querer vomitar. Odeio.

- Você está atrasado.
- Bom dia pra você também. -Sorrio e tiro a capa.

- Ah me dá aqui, vou colocar aqui atrás.- Ele põe na parte de trás do carro.
- Tá tudo bem ? O que você disse pro seu pai ?
- Disse que voltava na hora do almoço. Tudo bem ele é tranquilo. Vamos.

Seguimos viagem ouvindo música country na rádio e com ele contando sobre sua infância na fazenda da avó.

- Então você sempre foi filho único?- pergunto
- Não. Eu tive um irmão. Minha mãe engravidou 5 anos depois que eu nasci mas ele teve meningite e morreu com 7 anos.
- Caramba - Digo, imaginando meu irmão. - E você se lembra dele ?
- Sim, eu tinha 11 anos na época mas tenho ótimas lembranças da gente na casa da minha avó.
- Sinto muito- digo me comparecendo dele.
- Tá tudo bem, já faz muito tempo. Todo mundo já perdeu ou ainda vai perder alguém que ama. É a vida.
- É, é  duro mas é assim. - Digo. Penso na minha mãe que apesar de ainda estar viva sinto-a mais distante que se não  estivesse.

Estacionamos em frente um muro alto às 7:20 da manhã. Não está mais chovendo mas ainda não dá pra ver o sol e quando saio do carro sinto o vento forte embaraçar meu cabelo.

- Opa que vento !
- Mesmo sem chuva aqui venta muito, estamos na parte mais alta da cidade- Will diz- Vem vamos. - Ele pega minha mão e abre o portão na nossa frente. Andamos 2 minutos por um grande campo com ipês e flores baixas dos dois lados do caminho até chegar em uma casa larga de um andar só de cor amarela clara quase apagando. O muro se estendia ao redor até depois da casa e nas lateral esquerda  havia uma caminhonete surrada, uma moto e duas bicicletas. Entramos na casa e percebo o chão de madeira.

- Que lindo. - Digo.
Era simples porém bem grande. Não havia parede dividindo a sala da cozinha. Havia um sofá grande perto da janela direita e uma lareira em frente. Não havia TV. Tinha um tapete e algumas almofadas no chão. Do lado esquerdo uma mesa de madeira com 6 cadeiras, uma pia grande e armários. Tudo de madeira. Havia duas portas laterais o que imaginei ser dois quartos.

- Oi meu filho - uma senhora sai de uma das portas e vem em nossa direção.
- Oi vó. Essa aqui é a Dayane.
Ela o abraça depois me abraça
- Bom dia. Tudo bem? Você é muito bonita. Venha já tomou café? Ela pega minha mão sem me dar opção de escolher. Sorrio.

Will faz um sinal pra eu ir enquanto sai para colocar o carro na parte de dentro.

- Muito obrigada o cheiro está ótimo.- digo comendo um pedaço do pão caseiro e bebendo um pouco do leite quente na xícara rosa.
- De nada, tiveram sorte acabei de fazer o leite.
- Sua casa é muito bonita.
- Espera só pra ver o quintal. Eu vou deixar ele te mostrar. - Ela diz piscando pra mim.

Gosto dela imediatamente. Ela é do meu tamanho e tem aparentemente uns 60 anos, muito bem conservada.
Apesar dos cabelos com mais fios brancos que pretos ela parece tão jovem.

- Comeu?- Will aparece atrás de mim.
- Sim sua avó me deu leite e pão.
- Era o que ela me dava quando eu tinha sua idade.
- Will meu filho você vai ficar para o almoço? Seu tio Tedi foi só comprar umas coisas já vai chegar.
- Hoje não vó.
- Mas quando você vier traz a moça bonita com você.
Sorrio para ela
-vem vamos ver o quintal. - Ele pega minha mão.
Saímos da casa e damos a volta na lateral chegando em um enorme campo de grama incrivelmente verde com uma horta próxima e uma vista incrível.

- Uau- digo apertando minha jaqueta contra o corpo quando o vento vem  com força.
- Eu e meu irmão tínhamos uma casa naquelas árvores ali do lado mas um raio destruiu quando eu tinha 8. Chorei muito. Meu avô tentou reconstruir mas não deu tempo dele acabar.
- Que legal uma casa na árvore, o sonho de  toda criança.
- Você quer ver ?
- Claro.

Sentamos em um tronco com a incompleta casinha na nossa frente.
- Deus é muito detalhista, olha só pra esse lugar. Obrigada por me trazer aqui.-Digo com ele sentado ao meu lado.
- Esse é meu lugar preferido. Meus avós  me criaram aqui. E quando meu irmão ficou doente meus pais passaram um bom tempo pra lá e pra com ele e eu tinha que ficar em casa.-Ele me olha e eu pego sua mão e beijo. Está com cheiro de pão. Ele está de camisa manga longa, calça e tênis. Seu rosto parece um pouco cansado.
Ele me beija e entrelaça as mãos na minha.
- Você tem gosto de leite e isso me traz boas lembranças- Ele diz sorrindo perto de mim.
- E eu moraria com você nessa casinha na árvore.- digo dando um beijinho em seu nariz.
- Ah então agora tenho um motivo muito bom pra terminar essa casa.- Ele me abraça e me beija novamente. Seus lábios estão quentes e macios, e amo sua língua na minha.
Ficamos ali sentados por pouco tempo depois ele foi me mostrar seu antigo quarto.

Era pequeno. Só tinha uma cama de solteiro, um guarda roupa de duas portas de madeira com cheiro de mofo uma janela perto da cama um abajur no chão e uns livros em uma sacola.

- Beeemmm rústico - digo.
- Bem velho você quis dizer. Na verdade eu durmo aqui ainda de vez em quando por isso minha avó mantém a colcha de cama trocada e ela gosta desse guarda roupa velho, foi meu avô que fez.
- Ele era muito bom com madeira.
- Sim ele gostava muito.
Abro o guarda roupa.
- Essas camisas são suas ?
- Sim, deixo umas aqui.
Um perfume, uma botinha baixa no fundo do guarda roupa.
Ele tira as cortinas da frente da janela.
- Caramba vem muita chuva- digo- Tá parecendo céu de filme de terror.
- Melhor a gente irá antes, odeio dirigir com muita chuva.

Nos despedimos da avó dele que me fez prometer que ia voltar lá outro dia e voltamos pra casa. Ele para o carro no mesmo lugar que me pegou mais cedo.
- Prometo te levar lá de novo. - Ele diz me olhando.
- Tudo bem quando der pra você.
Ele me dá mais um beijo.
- Até mais tarde. -Digo quase sem conseguir sair de sua boca.

Caminho de volta para casa e posso jurar que tem corações saindo de mim enquanto eu respiro.

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