CAPÍTULO 27: " Piscina"

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No dia seguinte passei a tarde toda com o Lucas já que Andressa não deu as caras na escola. Nos últimos horários teria jogo e resolvo ficar até mais tarde para assistir. Quando cheguei na quadra a maioria da escola já estava na arquibancada e Will estava com mais dois professores de educação física em uma rodinha. Encontro com o olhar o Lucas vestido e pronto pra jogar. Ele acena para mim e volta a aquecer-se. Seu cabelo está em um rabo de cavalo e ele parece mais branco nessa camisa azul escura que os meninos usavam pra jogar.

O jogo começa após o apito de Will.

Ele parece tão distante. Parece até que nunca nos conhecemos, ele não deve ter percebido a minha chegada e torço para que minha presença não fosse notada pelo resto da noite, apesar de só Deus sabe como, eu ter notado muito bem a sua.

Ele era lindo e isso me incomodava.

Volto minha atenção ao jogo, os meninos estão jogando contra outra escola e nosso time está com a posse de bola. A torcida vai a loucura quando Lucas marca o primeiro gol da partida. Levanto estérica e grito com todos. Ele está vermelho quando chega perto da torcida e faz um coração, depois me manda um beijinho. O jogo continua e vencemos de dois a um.

Will apita e o jogo acaba. Vou correndo ao banheiro trocar de absorvente, levo minha bolsa. Aproveito e passo um pouco de gloss. Quando volto pouca gente ainda está na arquibancada e os meninos estão sentados, outros jogados no chão bebendo água. Vou até eles e dou os parabéns. Lucas está com as bochechas vermelhas e algumas mechas de seu cabelo que escaparam estão grudando em seu pescoço. 

- Dá aqui um abraço- Lucas provoca
- Ah não mesmo- digo me afastando do corpo suado que vinha em direção ao meu.- Eu já estou indo, amanha eu dou os abraços de comemoração. Jogaram muito hoje. Meus orgulhos.

Dou tchau aos meninos e aceito um beijinho na bochecha de Lucas. Will surge na mesma hora.
- Bom jogo galera, vocês tem que jogar assim ou melhor que isso no campeonato no final do ano.

Tento ignorar sua presença. Deixo eles conversando e saio da quadra. Chego em casa às oito e meia resolvo ligar para minha mãe. Não acho meu celular. Procuro pela bolsa, vasculho na cozinha, na sala.
Nada.
Ah não acredito.
Será que me furtaram ?
Não, não desgrudei na bolsa.
Só posso ter esquecido na escola, mas onde ? Talvez no banheiro
- Era só o que faltava.- digo, irritada.

Preciso resgatar meu celular. A escola só fechava às nove então dava tempo de buscar. Meu pai já estava dormindo então vou até a casa do Guto.

- Ei preciso de um favorzão- digo, ele está lendo alguma coisa no sofá.
- O que rolou ?
- Esqueci a bosta do meu celular na escola, papai já tá dormindo, preciso de alguém pra me levar lá.
- Vamos lá Maria do esquecimento. Só não esquece a cabeça porque está no pescoço.
Reviro os olhos.
Ele pega as chaves do carro. Não troco de roupa porque não dá tempo, o porteiro me deixa entrar de shortinho de dormir e blusa de alcinha mesmo.

Corro pela quadra indo até o banheiro que estive mais cedo. Tem que estar aqui. E lá está ele. Deve ter caído quando tirei as coisas da bolsa e não percebi. Ajunto o aparelho e volto. As luzes estão acesas e nem todas as coisas estão guardadas, talvez alguém ainda esteja limpando.

- Droga!

Escuto, uma voz um pouco distante e abafada.
Faço uma careta e paro.

- ...não guardam o material.
A voz vinha do lado da quadra, onde ficava a piscina, como não havia barulho de alunos para lá e para cá dava pra ouvir se alguém falasse do outro lado. Atravesso até a outra área e agora está um pouco mais escuro, apenas a iluminação da quadra ao lado, que não ilumina todo o local.

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