Minha casa é sua casa!

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Cecília Narrando:

De volta pra casa! Em fim desembarcamos no Brasil já de manhã. Querem saber como foi nossa despedida?
Choro atrás de choro. Por parte de Dulce Maria. A menina se apegou aos filhos dos Gamboa. Ela não queria vir embora e embarcou chorando. Mas logo se rendeu ao sono e veio boa parte da viagem dormindo. Já o Gustavo e eu viemos calados.  Só em total silêncio eu seria capaz de digerir tudo que estava acontecendo. O silêncio que mais gritava em  minha cabeça cheia de medos e inseguranças, tudo girava entorno de coisas, fatos e acontecimentos cheios de incertezas, parecia que um turbilhão coisas involuntárias gritava em  minha cabeça. Mas eu não quero ser dominada por medos e incertezas, a vida já é tão incerta,  eu nem sei o que vou comer amanhã. E é com essa convicção, a certeza de que o amanhã não me pertence, que eu estou  disposta a viver tudo que for possível com o Gustavo, eu o amo e vou lutar por isso.
Assim que chegamos Gustavo chamou um táxi. Não demorou muito nossas malas já estavam no porta malas e o carro em movimento pela avenida.

— Pode me deixar em minha casa primeiro? — Disse ao Gustavo. È pra lá que eu preciso ir primeiro. Eu não fui capaz de contar tudo que aconteceu para Fátima pelo telefone. Eu preciso conversar com a minha irmã e dizer a ela que estou casada. Casada!

— Claro querida! — disse-me com um sorriso sacana nos lábios.
Como assim? Por um momento pensei que ele insistiria comigo para que eu fosse para casa dele. Mas ele não o fez. Simplesmente me disse "Claro  querida!". Voltei ao silêncio que me matava por dentro. Espero que o medo não volte a me dominar.

Dulce começou a puxar assunto com a gente. Lamentando por termos vindo embora tão cedo. A pequena parece que havia engolido uma matraca, mas ao mesmo tempo  estava empolgada nos dizendo como foi divertido a viagem e que já não via a hora de contar tudo isso para os amigos da escola. Por um momento desviei meus olhos para a janela olhando os prédios "em movimento" mas uma coisa era estranha eu não conhecia aquele trajeto. Com certeza não era o caminho para a minha casa.

— Onde estamos indo Gustavo?

— Indo pra casa querida! — disse sereno.

— Mas esse não é o caminho para a minha casa.

— Estamos indo para a NOSSA casa. — fez ênfase na palavra enquanto seus olhos eram voltados para a movimentada avenida.

Por que eu acreditei que fosse tão fácil assim? Eu já devia ter imaginado que ele não permitiria que eu fosse para a minha casa e agisse como se nada tivesse acontecido.

— Mas eu quero ir para a MINHA casa! — choraminguei

— Minha casa é sua casa! — me deu um sorriso sacana de novo. O sorriso que o deixa tremendamente sexy. Cara! É verdade mesmo que estou casada com um homem desses? É verdade que vou dividir uma casa com esse pedaço de mal caminho?

— Gu, eu preciso ir para casa! A Fátima espera por mim. Preciso conversar com minha irmã primeiro.

— Podemos visitá-la depois que descansarmos. Mas agora vamos para casa — disse autoritário

— Pra nossa casa papai? — Dulce perguntou animada — A Ceci vai morar com a gente?

— Sim filha. Ela vai e não vai adiantar dizer não para mim — disse me fulminando com os olhos.

— Iupiii! Essa é a notícia mais maravilinda de todas! — disse me abraçando.

Poderia brigar com ele por essa atitude. Mas não. Não agora, estou cansada de mais pra levar um discussão. Principalmente perto de Dulce Maria.

Voltei ao silêncio durante o trajeto. Já a Dulce ficou eufórica com a novidade. Não demorou muito chegando a um condomínio. A nossa entrada foi permitida e a alguns metros depois o táxi já estacionava em frente a uma bela mansão.
Eita porra! É aqui que vou viver?
Descemos do carro e logo o mordomo veio em nossa direção pegando as bagagens.

Não Era Para Ser AssimOnde histórias criam vida. Descubra agora