12. Bisturi

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Eu sou apaixonado por medicina, essa ciência me fascina, é surpreendente e empolgante saber que existiam formas, remédios e métodos que podem salvar vidas.

O que despertou esse amor em mim foi quando eu tinha 8 anos e estava brincando na rua sozinho como sempre e ouvir um miado.

Procurei dá onde vinha e fui até um lixo que tinha na frente da minha casa, lá tinha uma caixa de sapato e a peguei percebendo que tinha um gatinho lá dentro, era todo branco e os olhinhos tinha recém aberto, estava desnutrido e cheio de feridas, devia ser sarna, no momento não sabia. Eu peguei aquele pequenino e levei-o para casa, amaldiçoando quem foi o vagabundo que tinha feito aquilo com o pobre animalzinho.

Meus pais não aceitaram, mas eu sempre fui teimoso, desde pequeno eu sempre lutava por aquilo que eu queria.
De tanto chorar e implorar, minha mãe acabou aceitando e convenceu meu pai a fazer o mesmo, com a promessa que era minha responsabilidade, teria que dar água e comida, limpar a caixinha de areia.

Levamos ao veterinário e descobrimos que ele era macho, chamei ele de branquinho.
Quando o gatinho tinha uns 7 meses já era lindo, gordinho e muito carinhoso, mas fujam, e meu pai disse que teríamos que castrá-lo, formos ao veterinário de novo.
A cirurgia ia ser feita no outro dia.

-Senhor, quero assistir a cirurgia, você deixa? -O veterinário era um senhor de meia idade, ele me olhou com carinho e perguntou se meus pais se importavam.
Eles não gostaram muito, mas como disse, era teimoso.
Assistir a cirurgia, era simples, somente uma castração, mas achava fascinante. E nessa hora decidir, iria ser veterinário, mas com o tempo eu vi que tinha muito dó dos bichinhos e então iria fazer medicina.

Vocês podem dizer que isso é errado, eu não ter dó de seres humanos, mas vocês têm que entenderem que como médico minha missão é ajudar as pessoas a se curares de qualquer patologia, e isso que eu seguia. Para passar no vestibular não foi fácil, fiz bastante cursinho pré-vestibular e depois de um ano que terminei o ensino médio eu conseguir passar em uma faculdade perto de casa.
Me interessava por neurologia, mas quando chegou a matéria de cirurgia eu me encantei e decidir ser cirurgião.

                       *****

Wallace estava no chão, corrir até ele, Gabriel estava com a arma na mão e foi até onde estávamos.

-O que aconteceu mano, quem fez isso? -Gabriel perguntou ao quase moribundo Wallace.
-O norte, eles me pegaram enquanto eu vigiava vocês.
-Michel, eu vou atrás deles, fica com o Wallace.
-Não Gabriel, por favor não faça isso. -Eu suplicava para o Gabriel e com as mãos tentando estancar o sangue que saia do Wallace.
-Temos que levar ele para o hospital Gabriel, por favor, não vai lá.
-Eu já volto. -Ele não me olhava, só ficava observando os lados procurando os caras.
Não esperou eu terminar de falar, somente foi.

-Merda Gabriel, por que tem que fazer isso. -falei baixinho para mim mesmo.
-Não se preocupa... com ele. -Wallace que estava deitado falou enquanto olhava para mim, sua feição era de dor e ainda tinha um sorriso no rosto.
-Como não me preocupar? -Queria começar a chorar de desespero, mas fui forte.
-Sabe? Essa... é a melhor forma...de morrer. -Ele falava pausadamente.
-Com um tiro? Essa é a melhor forma? Você realmente deve tá louco. -Eu tentava conter a hemorragia mais saia muito sangue, com certeza tinha pegado uma artéria ou um órgão. Precisava levar ele urgente para o hospital.
-Eu morro feliz...em saber que você é... última imagem que eu vou ver. -Ele não tirava os olhos de mim, sentir minhas bochechas vermelhas.
-Realmente você está louco, o tiro foi aqui. -Falei apontado para ele a onde eu segurava. -Não foi na sua cabeça.
Ele deu uma risada fraca, estava piorando.
-Fica quieto Wallace, não fala mais nada.
Ele assentiu e no mesmo momento ouvi mais tiros, e mais um. Meu medo triplicou, estava tremendo e rezando para que o Gabriel estivesse bem.

Rei do tráfico (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora