2.2 Recomeço

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-Você aceita casar comigo?

Bom, antes de eu responder essa pergunta, vamos voltar para o início dessa nova fase da minha vida.
Depois que o Gabriel me "obrigou" a ir embora para ficar longe dele. Eu entrei naquele avião com muita raiva, eu ainda estava em choque, não tinha pensando em nada além do ódio que sentia por aquele homem.
Sentei na poltrona do avião e o Wallace sentou do meu lado, o que aquele traficante estava fazendo ali. Ele me deu um sorriso e eu dei de ombro.
-O que você faz aqui? -Perguntei enquanto chamava a comissária de bordo.
-Vim te fazer companhia. -Ele me olhava ainda com aquele sorriso.
-Companhia? Ah! Que ótimo. -Apenas respirei enquanto a comissária de bordo chegou até a gente.
-Moça, pode me trazer um fone de ouvido? -Perguntei educadamente.
-Sim, claro. -Ela foi simpática e saiu.
-Mas você sabe que é uma viagem somente de ida? -Olhei sério para o Wallace.
-Sim, pedi demissão. -Ele parou de falar enquanto o avião levantava voo. Eu sempre ficava meio enjoado com isso.
Depois que o avião se instabilizou eu voltei a falar com o Wallace.
-Pediu demissão? -Ainda não tinha conseguindo entender isso.
-Eu estou cansado disso Michel, essa não era a vida que eu queria para mim.
-Pensei que era mais difícil tentar sair do tráfico, você até disse que da última vez você levou uma facada.
-Bom, eu trabalhava para o rei, não vou receber ordem de um moleque.
-A sua lealdade então era com aquele monstro? -Fui irônico.
-Não, não é isso. -Ele pensou por uns segundos e disse.
-Minha lealdade é com minha felicidade, e eu não sou feliz trabalhando naquilo. Por isso pedi para o príncipe me libera, e principalmente depois que descobrir que você ia se mudar.
-Você já sabia disso? -Perguntei incrédulo.
-De manhã quando fui trocar de roupa para ir no enterro, ele me disse que era para eu preparar o avião particular, que você teria uma viagem.
-A que bom, você ficou comigo o dia todo e não me contou.
A comissária de bordo tinha chegado com o meu fone e eu o peguei.
-Olha, será que você pode me dar um espaço, sentar no outro banco ali, obrigado. -Falei carrancudo e colocando o fone de ouvido. Ele foi pada a outra fileira de banco, por que viu eu estava muito nervoso e me obedeceu e foi para outra poltrona.
Liguei o fone no meu celular e fui nas minhas musicas, a primeira foi a da Sia, Never give up.
I've battled demons that won't let me sleep
(Eu tenho lutado contra os demônios que não me deixam dormir)
Called to the sea, but she abandoned me
(Pedi ajuda ao mar, mas ele me abandonou)
But I won't never give up, no, never give up, no, no
No, I won't never give up, no, never give up, no, no
(Mas eu nunca vou desistir, não, nunca vou desistir, não, não)
And I won't let you get me down
I'll keep gettin' up when I hit the ground
(E eu não vou deixar você me derrubar
Eu continuarei me levantando quando acertar o chão)
I'll find my way, find my way home, oh, oh, oh
(Eu vou encontrar meu caminho, encontrar o meu caminho para casa, oh, oh, oh)
Oh, never give up, no, never give up no, no, ooh

Isso mesmo, eu nunca vou desistir, nunca vou desistir de ser quem eu era, de ser forte o suficiente para aguentar isso.
Olhei para o lado e o Wallace estava de olhos fechado, entramos em uma turbulência, ele estava branco. Devia está passando mal.
-Wallace... -Eu o chamei tirando meus fone de ouvido, ele abriu os olhos e me olhou. Fiquei com pena dele.
-Você está bem? Quer que eu chame a moça? -Ele estava com a cara de enjoado, somente fez que não para cabeça e segurou mais forte o encosto de mão.
Tirei meu cinto de segurança e fui da poltrona do lado dele.
-Ei, calma. Inspira e respira. -Tentei ajuda ele a se acalmar.
-É a primeira vez que você anda de avião? -Ele fez que não com a cabeça de novo.
-Então já passou mal antes? -Ele fez que sim.
-Bom, quero que você feche os olhos e continua respirando devagar. Pensa que estamos em um ônibus ou carro. E que estamos passando por um caminho cheio de buraco.
Segurei a mão dele onde estava vermelha de tanto se fechar.
Ele relaxou um pouco e saímos da turbulência. A moça me deu uma bronca por ter saindo da minha poltrona enquanto estávamos em turbulência e eu apenas pedi desculpa e apontei para o Wallace, que ainda estava com cara de enjoado.
Ela voltou com um copo de água e eu fiz-0 beber.
-Wallace, você sabe para onde estamos indo. -Eu perguntei enquanto limpava o seu suor com um paninho que a moça me deu.
-Para...Santa...Agustina. -Eu tentei entender enquanto ele falava pausadamente, era engraçado ver um homem daquele tamanho enjoado por causa do avião, eu não podia falar muito pois odiava quando o avião decolava e quando pousava.
-Para onde? Meus Deus, nunca ouvir falar.
-É litoral, não é tão longe da capital. -Ele estava melhor já, terminou de beber a sua água e a cor do seu rosto estava voltando ao tom moreno claro.
-Cidade pequena? Sério? -Eu respirei fundo. -Você já foi lá?
-Não Michel, nunca fui, mas pesquisei antes. E falando nisso.
Ele pegou sua mochila a abriu e tirou uma pasta.
-Quando falei para o Gabriel que ia vim
Com você, ele quase me matou, mas depois expliquei que era melhor para sua segurança. -Revirei os olhos, claro, o Wallace iria me proteger. A que novidade.
-Ei mocinho, você que fugiu de mim aquele dia, se eu tivesse indo junto, as coisas seriam bem diferente. -Ele falou bravo e deve que adivinhou o que eu pensava.
Olhei para minha coxa, a dor estava diminuindo, mas ainda doía para andar, sentar e para tudo. O corte na minha testa estava bem inchado e horrível visualmente, mas não doía muito.
-Está bom, o que ele disse? -Eu perguntei fingindo tédio.
-Ele ficou pensando e depois aceitou e me deu essa pasta.
-O que é isso? -Eu disse pegando a pasta e a abrindo.
-Todos os documentos necessário para você começar a sua vida, e ele falou que suas coisas vão ser entregue amanhã.
-E meu apartamento?
-Ele comprou e disse que seus móveis vão ficar lá se você quiser alguma coisa é para me avisar que ele te manda.
-A ele comprou meu apartamento, que maravilha. -Suspirei, claro que ele fez isso, estava tudo planejado.
Eu peguei uns dos papéis da pasta e vi que era uma escritura e estava no me nome.
-Essa é a escritura da casa lá em Santa agustina. Você só precisa assinar aqui em baixo. -Eu não ia fazer isso agora, peguei outra folha.
-Esse é seu contrato de emprego, ele disse que tem um hospital perto da casa, aliás o único da cidade e você já tem emprego garantido como cirurgião.
Fiquei pensando em como esse doente por controle teria planejado isso tudo em meio dia, ou será que fazia dias que ele já tinha isso em mente.
Os outros papéis era somente burocracia, também tinha o documento de um carro do meu nome.
-Meu carro, vou sentir falta dele. -Eu fiquei triste.
-Você está deixando tudo lá e a única coisa que vai sentir falta é do seu carro? -O wallace me perguntou em um tom de brincadeira.
-Não, mas eu gostava muito dele.
-Eu peço então para o príncipe te mandar ele.
Dei de ombro, tanto faz agora.
Peguei outra folha, era uma pesquisa sobre a cidade, tudo que eu precisava saber. Como minha suspeita, era uma cidade um pouco maior que a onde eu nasci. Ficava à beira mar, e era conhecida como a terra do camarão.
Fiz cara feia, odiava camarão.
Mexendo nos papéis encontrei uma carta, a escrita era bonita, já tinha visto essa letra antes.

Rei do tráfico (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora