• Malu P.O.V
Depois de beber o terceiro copo de água com açúcar que o Mauro havia me dado, eu estava um pouco mais calma, mas isso não significava que estava bem.
Estava destruída. A sensação era de que arrancaram meu coração, e eu sangrava sem parar, mas não conseguia morrer, tinha de ficar sofrendo nessa angústia, e o pior é saber que fui a própria causadora dessa dor.
– Eu preciso ir, amigo, juro que tô mais calma – respirei fundo, um pouco mais calma, entregando o copo ao Mauro.
– Eu vou te levar, não vou deixar você ir assim com a Agnes – Mauro disse, e eu apenas suspirei, assentindo positivamente.
– Ele me odeia – mordi meu lábio inferior, segurando o choro, mas foi inevitável, uma lágrima quente correu em meu rosto, e, como sempre, Mauro estava lá para limpá-la.
– Ele vai entender. Você sabe que isso não é verdade, ele te ama, só tá com raiva e tem todo direito de estar assim com a gente – ele me deu um beijo na testa, e eu me levantei.
– Você não tem culpa, eu que pedi pra guardar segredo – suspirei, limpando minhas lágrimas na barra de minha blusa. – Vou pegar a Agnes pra gente ir.
Subi as escadas, e, para minha surpresa, ela já estava acordada sentada na cama... chorando?
– Que foi, filha? Teve pesadelo? – Questionei, sentando-me ao lado dela.
– Eu ouvi uns gritos, parecia o papai T3ddy, ele tava brabo – ela fez um biquinho e passou a mão nos olhos enquanto eu me segurava para não desabar na frente dela.
– Foi só um pesadelo, meu amor, vamos pra casa? Veste o casaco – levantei-me, pegando a mochila dela, enquanto ela vestia, e a peguei no colo, sentindo-a se deitar em meu ombro.
– A "zenti" pode comer comida japonesa "hozi"? – Ela perguntou, alisando meu cabelo, e eu assenti positivamente. – Obaa.
Desci as escadas e não encontrei o Mauro, então segui até o carro, e ele já estava lá me esperando. Coloquei a Agnes no banco detrás, mesmo sem a cadeirinha, e passei o cinto nela, o mais apertado possível.
• 18 minutos depois •
Mauro havia ligado o som do carro, e a Agnes começou a tentar cantar alto uma música em inglês que tocava na rádio, se não me engano era "youngblood" (5sos). Começamos a rir, e o clima pesado logo se desfez.
– O que é aquilo ali? – Mauro perguntou, referindo-se a um aglomerado de pessoas e alguns carros do SAMU e da Polícia.
– Parece acidente, será? Chega mais perto – digo, tentando ver melhor, mas havia tanta gente em volta, que quase não dava.
Quando Mauro aproximou mais o carro, eu pude ver melhor, era um acidente, e o policial veio até nós, dizendo que usássemos o desvio que eles haviam criado. Nessa altura o policial nem reparou na Agnes sem cadeirinha no banco detrás, um alívio.
– Será que alguém morreu? – Mauro questionou receoso.
– Ai, credo, tomara que não, vira essa boca pra lá, Mauro.
Assim que o Mauro seguiu pelo desvio criado pela Polícia, eu consegui ver melhor o local. Parece que um carro bateu em um ônibus, pois havia um ônibus com a frente amassada e um carro completamente amassado e com as rodas do lado direito para o alto.
– Que cara é essa? Para de olhar, você vai ficar impressionada, Malu. Agnes, olha pro outro lado também – Mauro pediu, olhando a Agnes pelo espelho do carro.
– Para o carro, Mauro. – Ele me olhou confuso. – Para. É o carro do Lucas ali, ai, meu Deus, para esse carro agora, Mauro – disse aflita, abrindo a porta e saltei do carro assim que o Mauro parou.
Os carros que nos seguiam atrás começaram a buzinar enlouquecidamente enquanto eu corria até o local. E ter a certeza de que era o carro do Lucas foi uma das piores sensações da minha vida. Eu não podia perdê-lo, não para sempre.
– Cadê o motorista desse carro? – Perguntei aflita, olhando o policial que estava do outro lado da faixa de bloqueio para curiosos.
– Você o conhece? – Ele me perguntou com a cara mais sonsa do mundo.
– É o pai da minha filha, onde ele tá? – Corri os olhos em volta e levantei a faixa, passando por baixo dela, correndo em direção a uma ambulância do SAMU.
– LUCAS – eu gritei como se fosse adiantar. Eu só queria um sinal de que ele estivesse vivo naquela maca.
Eu me aproximei, e ele estava machucado, em seu rosto havia vários cortes superficiais, mas estava bem sujo de sangue, talvez de suas mãos, que também estavam vermelhas, cobertas por sangue.
– Ele tá bem? LUCAS, ACORDA – gritei, e, quando fui tocá-lo, algumas mãos me seguraram, e eu então me debati desesperada ao ver o abdômen do Lucas coberto por sangue e uma paramédica colocar um pano, fazendo pressão enquanto o colocavam na ambulância.
– ME SOLTA, EU VOU COM ELE... LUCAAAAAS – eu gritava, mas me afastava cada vez mais, sendo retirada dali pelos policiais.
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Besides the life - T3ddy | Lucas Olioti
Fanfiction2.ª Temporada "A mentira só dura enquanto a verdade não aparece."