Vergonha XXVI

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• Malu POV

Acordei com a claridade da luz do sol invadindo meu quarto e quase infartei ao olhar para o lado da cama e ver o Mauro dormindo sem camisa ao meu lado.

A balada ontem foi tão boa, diverti-me muito com Chris, Juliana e Mauro, estava precisando me distrair, esquecer-me um pouco dos problemas e responsabilidades. Mauro acabou exagerando um pouco na bebida, e, por isso, chamei-o para dormir aqui. Não iria deixá-lo ir embora bêbado para a casa dele, que é mais longe que a minha.

Levantei-me e fui até o banheiro, onde fiz minha higiene e um coque, deixando meu cabelo no alto da cabeça. Estava indo preparar o café quando a campainha tocou; caminhei lentamente até lá, enquanto bocejava, e abri a porta, vendo a Rafaela entrar com uma certa arrogância.

– Tá louca? – Perguntei, encarando-a.

– Antes louca que talarica, você é muito raspa canela, Maria Luiza, como você teve coragem? – Ela cuspia as palavras com desprezo e grosseria.

– Eu juro que não tô entendendo. – Disse calmamente, olhando-a, e respirei fundo. – O que a Aline te disse agora? Já que você acredita em tudo que ela diz.

– Olha aqui, você não fala dela, não, porque ela, ao menos, recusou meu namorado, já você... A gente mal terminou, Malu, e você já tava em cima dele – arregalei os olhos, começando a entender do que se tratava.

– Tomou seu remédio, Rafa? Eu e o Mauro? É sério? – Perguntei incrédula sem acreditar no que estava acontecendo.

– Achei que você fosse minha amiga.

– Achei que você me conhecesse. Se eu tivesse algum interesse no Mauro, eu iria na sua casa te dizer que a sua amiga mentiu? Que ele não deu em cima dela? Eu iria querer que vocês ficassem separados, e não que fizesse as pazes. – Respirei fundo. – Rafa, vai embora, na boa, já tenho problema demais, pra cuidar dos que você cria na sua cabeça.

– AH, EU CRIO PROBLEMA NA MINHA CABEÇA? VAI SABER SE VOCÊ NÃO DEU EM CIMA DO MAURO, VOCÊ TÁ COM LEONARDO, AMA O LUCAS, QUEM ME GARANTE QUE NÃO QUER MAIS UM PRA SUA COLEÇÃO? – Rafaela gritou, encarando-me com raiva.

– VOCÊ TÁ ME OFENDENDO, RAFAELA – fechei os olhos, tentando me acalmar ao lembrar que o Mauro estava dormindo, e, se ele acordasse, seria pior. – Para de gritar, que não sou surda, e sai da minha casa.

– EU GRITO SE EU QUISER E É PRA TE OFENDER MESMO, A VERDADE DÓI, NÉ? – Ela passou a lingua nos lábios, tentando se controlar. – Deve ser dificil, né? Saber que a própria filha vai ter vergonha de você quando crescer.

Eu poderia aguentar tudo, desde que não envolvesse a Agnes, ela não tem culpa de nada, é só uma criança. Nesse momento, lágrimas caíram em meu rosto, só de imaginar que a Rafaela tinha um pouco de razão, Agnes tem todo o direito de ter vergonha de mim, uma mãe covarde, que não conta nem ao pai dela que ela é filha dele.

– Deixa a Agnes fora disso, e eu já te mandei sair daqui – avisei com a voz falha quando ela se aproximou mais de mim.

– Isso não vai ficar assim, Malu. Não esquece que sou sua melhor amiga, sei todos seus segredinhos – ela me olhou de cima abaixo com uma expressão de nojo, o que essa Aline fez com a minha amiga?

– Você não é mais minha melhor amiga e os meus segredos faz o que bem entender; se contar eles pro mundo..., olha, eu vou até te agradecer, porque eu não aguento mais isso – desabafei, segurando o choro, e a empurrei para fora. Antes que ela fizesse algo, fechei e tranquei a porta em sua cara.

Apenas me encostei na porta e comecei a chorar, pensando em tudo; eu não queria que a minha filha tivesse vergonha de mim, mas até eu tinha.

Besides the life - T3ddy | Lucas OliotiOnde histórias criam vida. Descubra agora