Capítulo 26

1.6K 189 9
                                    

ATENÇÃO: Este capítulo fala sobre violência sexual. Não o leia se não se sentir confortável.



Celina

Sinto minha boca se enchendo de água quando o enjoo vem violento junto do medo, minhas pernas fraquejam e uma lágrima solitária escapa do meu olho direito. Um terror se instala em meu corpo trazendo um arrepio arrepio gelado por todo ele. Depois de tantos anos, de tanto fugir e tentar esquecer o meu passado, ele me encontra, eu achei que nunca mais  o veria. De repente sinto a sensação esmagadora do seu corpo prensando o meu, me invadindo, me violentando, tirando a minha inocência.

– Achou que fugiria de mim para sempre? Que seria feliz e livre de mim? – ele resmunga me puxando de volta para o quarto, fazendo com que eu tema pelo o que está por vir – o tio voltou menininha, voltou para você.

Claudio, meu tio, irmão do meu pai, que me adotou e me violentou até os dezoito anos, está aqui de novo. Sua voz já me deu medo antes mesmo de ver seu rosto, agora, depois que me jogou na cama, parado em pé diante de mim, pude ver o homem sem escrúpulos, sem alma e sem piedade. O cabelo escuro agora está levemente grisalho e ensebado, uma barba cheia de falhas cobre seu rosto magro, olhos castanhos opacos estão caídos como quem não dorme a dias. E mais uma vez eu me sinto enjoada.

Respiro fundo tentando conter meu pavor e puxo a barra do vestido para baixo, que subiu quando ele me jogou na cama.

– Não cubra menininha, senti saudades. Você está – vejo-o percorrer os olhos por todo o meu corpo – tão gostosa quanto da última vez.

– O que está fazendo aqui? – questiono, minha voz não passando de um sussurro.

Ele ri, um som assustador, esganiçado.

– Você achou mesmo que ia viver sem mim?

Sento na cama tentando me acalmar. Eu preciso lidar com essa situação.

– O que você quer? É dinheiro? Olha eu tenho uma boa quantia no banco, posso te dar e você vai embor...

– Não quero a porra do seu dinheiro – ele grita, me fazendo pular no lugar – eu quero você. Caralho, você se escondeu bem putinha, mas agora que eu te encontrei, as coisas voltarão a ser do meu jeito.

Ele sai do quarto e volta rápido com uma cadeira, sentando-se de frente para minha cama, de forma que se eu quisesse correr para fora dali, teria que passar por ele. Claudio tira do cós de sua calça jeans surrada uma arma, eu tremo, pensando no que ele quer fazer.

– Vou te contar uma história antes de eu impor algumas regras para vivermos bem daqui para frente. – ele faz uma pausa e meus olhos estão na arma que ele segura com uma familiaridade estranha – lembro-me de uma das últimas vezes que eu comi sua bocetinha gostosa, que me perguntou porquê eu tinha escolhido você. Bom, eu não te escolhi, menininha, seu pai escolheu. Seu pai escolheu quando se casou com a minha mulher. A porra da minha mulher.

Ouço-o gritar a última parte, eu não entendo nada. O que meus pais têm haver com o que ele fez comigo?

Fico em silêncio esperando que ele continue.

– Amélia, sua mãe, era minha namorada. Eu amava aquela mulher, nós tínhamos planos, sonhos e eu estava em um bom emprego para poder lhe dar um futuro, mas então seu pai, que se achava o dono do mundo, melhor que todos, começou a foder com a minha mulher. Eles foderam dias à fio enquanto eu ainda estava com ela, até que um dia sua querida mãe decidiu me contar e menos de dois meses depois os dois se casaram e então ela ficou grávida de você. E eu fiquei lá, assistindo o seu pai tomando tudo aquilo que era meu. Anos depois, cansado de ver seu pai tão feliz  as custas do que ele só conseguiu graças a mim e cansado de ser esnobado pela prostituta da sua mãe, decide que era a hora de por fim naqueles malditos e então causei o incêndio no passei de barco deles.

Darling (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora