Capítulo 27

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Antônio

Sorrio quando entro no meu carro para voltar para casa depois de Celina me mandar uma mensagem dizendo que precisa de mim em casa, minha mulher não sabe ficar sem mim, eu a amo, pra caralho. Tanto que deixei a vistoria de uma obra de lado só para ir vê-la. Vou o caminho todo pensando nos nossos últimos dias juntos, está tudo indo bem e eu tenho planos para nós, os melhores. Nosso natal foi perfeito e nossa virada tem tudo para ser melhor ainda. Feliz é pouco para o que essa mulher está me fazendo. Eu sei que é o seu amor que me aquece e me faz sorrir todos os dias como um trouxa, ok, eu sei que ela não disse isso e eu não vou pressiona-la, mas é explicito em seus atos e a forma como me olha. Ela me ama. E eu a amo. Isso não deixa dúvidas para mais nada.

Quando chego em casa, está tudo em silêncio.

– Celina, cheguei.

– Já estou descendo. – ouço-a dizer do andar de cima.

Vou até a cozinha e pego uma cerveja para amenizar o calor abafado do dia e volto pra sala. Estaco no meio do caminho quando vejo Celina descendo com uma mala grande com certa dificuldade. Ela está vestindo uma calça jeans clara, uma camiseta simples preta e um tênis. Está séria e de cabeça baixa.

Franzo o cenho não entendendo o porquê da mala.

– Onde vai com essa mala, querida?

Em silêncio ela segue até a porta da frente e deixa a mala ao lado dá saída e se vira, olhando-me com os olhos vermelhos de quem chorou.

Ela não diz nada por um bom tempo, até que eu começo a andar em sua direção, ela espalma a mão no ar, me impedindo de continuar.

– Não – sussurra – estou indo embora.

Rio. Ela só pode estar brincando.

– Embora pra onde?

– Meu apartamento.

– Seja mais objetiva querida, não estou te entendendo. – minha voz sai rouca, já imaginando o que vem em seguida.

– Acabou Tony, estou indo embora.

Não. Sinto meu peito de doer e o ar e faltar quando ela profere essas palavras.

– Porquê?

Ela olha para todos os lados procurando por respostas, evitando olhar para mim.

– Eu não mereço isso aqui, não mereço você. Não mereço. – ouvir ela dizer isso é como regredir ao início. Porra.

– Ah Celina, não me venha com essa. Você não tem motivo para ir embora.

– Você não entende. – ela está escondendo alguma coisa, está nítido.

– Então me explica – eu praticamente grito – vamos, eu quero entender.

Ela estremece no lugar e tudo o que eu queria era ir até ela e beija-lá.

– Você merece mais que isso – aponta pra si mesma – merece mais que alguém quebrada e suja.

– Quem decide o que eu mereço ou não sou eu. E eu amo você.

– Não. – ela grita, me assustando – você não me ama. Não pode. Não ama.

Agora Celina chora compulsivamente, eu quero entender ou melhor, joga-lá nesse sofá e mostrar o quanto a amo até fazer que ela esqueça essa ideia maluca.

– Como não?

– Não pode, eu nasci para ser sozinha. Todas as pessoas que me amaram se foram, eu não vou deixar que você seja mais um.

Darling (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora