Capítulo 22

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Celina

O silêncio é quase sufocante na sala de jantar, minha respiração se torna ofegante e meus olhos ardem com as lágrimas que surgem à borda. Isso não poderia estar acontecendo, a vida não é mesmo um conto de fadas, tudo estava bom demais para ser verdade. Eu quero chorar, gritar e estapear a cara dessa loira nojenta, mas meu corpo continua paralisado, tomado pelo medo de perder a família que eu conquistei.

Ouço o som de cadeira se arrastando e levando o rosto para ver Angélica se levantando e olhando para Antônio e depois para mim com uma expressão tão séria em seu rosto que sou incapaz de decifrar. Uma lágrima desce involuntariamente e eu retiro o guardanapo do meu colo, me preparando para levantar e arrumar minhas coisas o mais rápido possível. Como pode um ser humano ser tão sujo a ponto de fazer isso por puro prazer?

– Antônio contratou ela para enganar vocês, isso tudo aqui é cena, vocês acham mesmo que ele noivaria com alguém tão baixa com ela? – Virgínia solta mas é como se eu já não absorvesse mais.

Antônio dá um suco na mesa que me faz pular no lugar.

– Cala a boca maldita. Some daqui. – eu nunca tinha visto Tony tão bravo, ele não é capaz de olhar para mim.

– Ora Tony, nós sabemos que se fosse para você se casar, seria com alguém como eu.

Vejo-o dar um passo em direção a ela e no mesmo instante sua mãe intervém.

– Já chega! – fala alto – Virgínia, se há alguém baixo aqui, esse alguém é você. Inescrupulosa, que faz de tudo pra destruir a felicidade alheia porque não é capaz de ser feliz sozinha. Não sei como conseguiu subir até aqui, mas eu quero que se retire, agora. Nós estamos jantando e não será você, com o seu veneno, a estragar isso. Agora saia. Seja mulher e admita que você está sozinha em pleno o natal e é isso que te corrói.

Vejo Virgínia olhar para mim com o ódio estampado em seus olhos e empinar o nariz e colocar seu sobretudo de volta e se encaminhando para fora.

Eu não sou capaz de ficar ali e encara-los agora, então meu corpo volta à vida e eu corro para fora dali, em direção ao quarto. Quando eu fecho a porta, vou direto para o closet e começo a arrumar as coisas na minha mala, depois disso a família de Antônio não vai querer a minha presença aqui. Virgínia estragou o meu natal e o natal deles e provavelmente o que nós estávamos construindo.

Felicidade é uma coisa que não me pertence.

Eu choro.

Choro compulsivamente por algo que eu nunca vou ter.

Choro pela dor que me invade.

Choro por me sentir sozinha.

Choro por não conseguir ser feliz.

Choro por não ter paz.

Eu choro.

Sinto braços fortes me abraçando e Tony me puxando de encontro ao seu peito. Ele afaga meus cabelos e coloca as mãos em meu queixo.

– Querida, olhe para mim.

Nego.

– Celina, por favor.

Eu levanto os olhos para ele e o mesmo passa os dedos pelas lágrimas que insistem em cair.

– O que você está fazendo? – pergunta vendo a bagunça de roupas.

– Arrumando as minhas coisas para ir embora.

– Você não vai embora.

– Como não? – questiono indignada – agora eles sabem Antônio, eu sabia que isso ia acontecer um dia, mas eu não sabia que assim tão rápido e não desse jeito. Seus pais não vão me querer mais aqui.

Darling (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora