Capítulo 25

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Celina

Depois de quase perdermos o nosso voo por motivos de Antônio ser insaciável, horas depois estamos de volta ao rio e mais uma vez sou impactada pela diferença climática. Por mais que já seja madrugada, o mormaço me atinge assim que saio do avião. Seguimos cada um em seu carro e para sua casa. Quando estamos quase chegando no condomínio, lembro-me que Tony disse que me presente estaria no Brasil.

– Eu vou saber qual é o meu presente assim que chegarmos? – pergunto esperançosa.

Vejo-o sorrir descontraído dirigindo pelas ruas pouco movimentadas.

– Sim.

– E o que é?

– Surpresa.

Fico inquieta em meu lugar até chegar em sua casa, mal espero o carro parar para descer. A curiosidade um dia me mata. Antônio desce tranquilamente do carro, tira nossas malas do porta-mala e carrega-as até a porta de entrada e eu o sigo. Quando ele abre a porta e permite que eu entre, a primeira coisa que eu noto é o cheiro familiar de flores que Silvia sempre mantém frescas pela casa e em seguida ouço um miado. Eu paro. Isso foi mesmo um miado? Há um gato aqui? Olho para Tony e ele logo compreende a minha confusão e some do meu campo de vista indo em direção a área de serviço que fica próxima a cozinha. Quando ele volta, trás em suas mãos um pequeno bolo de pelos em suas mãos, e quando digo pequeno, digo que o pequeno serzinho cabe em apenas uma mão sua.

Tony caminha devagar até estar perto de mim e me entrega o gatinho que deve ter no máximo uns dois meses, porém está bem gordinho. Pego-o em minhas mãos com a animação de uma criança comendo doces.

– Oh, Tony! É tão lindo e pequeno. – exclamo enquanto o gatinho me escala e se aconchega no vão do meu pescoço.

– Feliz Natal! – ouço-o dizer e então volto minha atenção para ele. – essa é a surpresa.

Abraço-o com o felino entre nós e lhe dou um rápido beijo.

– Obrigada – fungo emocionada – é meu primeiro bicho de estimação. É macho ou fêmea?

– É fêmea.

– Ela ficou sozinha aqui?

– Não, Silvia cuidou dela. Ela já tem uma cama e está bem alimentada.

Vou subindo com minha gatinha para o segundo andar e quando chego no quarto e coloco-a em cima da cama, a pequena geme e se espreguiça abrindo os olhinhos, pequenas bolinhas azuis. É linda. E só com a grande claridade do quarto consigo perceber que ela tem patas, rabo e orelhas amareladas, como raios de sol. Isso, seu nome será sol.

Tony entra e vai direto para o banho, quando sai me pega ainda brincando com sol na cama.

– Ela pode dormir com nós dois hoje?

Ele revira os olhos enquanto seca os cabelos, com apenas uma toalha no quadril. Um gostoso.

– Vai adiantar dizer não?

Levanto-me e ando em sua direção e rodeio meus braços em seu pescoço, distribuindo beijos por todo o seu rosto.

– Obriga. Obrigada e Obrigada. Você é o melhor.

– Eu vou arrumar formas bem agradáveis de você me agradecer. – ele diz dando um sorriso sacana.

– Eu sei que vai. – digo e vou paa o banheiro tomar meu banho.

Quando volto tenho a visão mais linda, Antônio está deitado de barriga pra cima e Sol está deitada bem no meio do seu peitoral.

– Ela gosta das coisas boas. – deito-me ao seu lado e me aconchego perto dele, acariciando os pelos da gatinha.

– Já pensou em algum nome? – pergunta.

– Sol.

– Bom nome. – ficamos em silêncio por alguns segundos até que ele decide falar novamente – o que você acha de você trazer o resto das suas coisas pra cá?

Ergo meu rosto para olha-lo, sua expressão está séria mas também receosa.

– Você diz o restante das minhas roupas do meu apartamento?

– Sim.

– Você está querendo que eu venha morar definitivamente com você? – indago, só para ter certeza que não estou entendendo errado.

– Sim. – responde mais uma vez.

Seria uma boa ideia? Para falar a verdade não volto ao meu apartamento desde a primeira noite que dormi aqui e isso já faz mais de um mês, mês que parece mais de anos. Eu realmente não me vejo mais morando lá, muito menos longe de Antônio. Mas e se ele se cansar de mim? Não. Ele me ama. E é isso que eu mantenho em mente. O amor que ele diz sentir por mim.

– Ta bom. – digo por fim.

– E o que você acha de mudar definitivamente para o meu quarto também.

– Mas eu já durmo aqui.

– Traga suas roupas também, eu quero que isso – ele aponta de mim para ele – seja real.

– Mas é real. – respondo, porquê é.

– Então amanhã você vai ao seu apartamento, pegue todas as suas coisas e traga para cá e então para o meu closet.

– Você que manda.

Ele sorri para mim e eu só consigo imaginar na sorte que tive em encontra-lo.

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No dia seguinte eu acordo com uma felicidade fora do normal. Eu tenho o famoso sexo preguiçoso da manhã e então tomo café com Antônio antes dele sair para visitar um de seus projetos que segundo ele está quase pronto. Alimento o pequeno bolo de pelos, me arrumo e saio. A minha primeira parada é em uma loja que vende de tudo para gatos, compro uma grande casinha que ela poderá amolar suas unhas, petiscos, mais uma caminha e uma pequena coleira com seu nome. Depois mando uma mensagem para Marina e Julieta prometendo vê-las em breve e acabo passando em um salão para fazer minhas unhas, depilação e hidratar meus cabelos. Agora pada em frente ao prédio em que morei por tanto tempo, não sinto nenhum tipo de saudade. É como se minha vida aqui não tivesse existido.

Pudera também, o furacão Antônio chegou com força total para abalar minhas estruturas e me fazer perceber que tudo que eu vivi antes dele foi apenas preliminares. Ele veio e me possuiu de corpo e alma, não dando chance para nada nem ninguém que não fosse ele. Sinto que minha vida só começou agora. Aquela sensação de felicidade e proteção que eu nunca senti na vida, só surgiu depois que ele apareceu. Eu quero um futuro para nós. E para mim também. E por isso decidi que ano que vem quero começar uma faculdade e acho que farei algo voltado para área que ele trabalha, assim poderemos trabalhar juntos. Ainda vou me decidir. Há um mundo inteiro de possibilidades aí.

Entro no prédio e o porteiro me cumprimenta com um aceno de cabeça. No elevador, eu olho minha imagem no espelho. O vestido vermelho sangue despojado e de alças caídas combina perfeitamente com meu cabelo bagunçado pelo vento. Meus olhos brilham, eu realmente estou feliz. Quando chego no meu andar, perco um tempo procurando a chave na bolsa, quando encontro a bendita e destranco a porta, abrindo-a, a primeira coisa que noto e me assusta é a pequena mesa redonda que eu mantinha próxima a entrada tombada no chão. Termino de entrar em completo estado de alerta e vejo que tudo esta revirado e alguns móveis fora do lugar. Sigo para o meu quarto e então para o meu closet, encontrando minhas roupas todas no chão. Alguém entrou aqui e fez um completa bagunça, meus olhos estão lacrimejando e meu coração acelerado. Quem faria isso? Viro-me para voltar para sala mas sinto mãos enormes tampando minha boca e me empurrando contra a parede, de forma que eu não possa me debater.

Então eu sinto o cheiro da cachaça barata. Meu coração falha algumas batidas e lágrimas escorrem sem minha permissão.

– Olá menininha – resmunga, praticamente encostando a boca em minha orelha – sentiu saudades?

Darling (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora