Capítulo 2

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O dia amanheceu e com ele o arrependimento. Me sentia suja por ter procurado por prazer em uma pessoa desprezível, lembranças do homem moreno me invadem e eu fico irritada por não saber​o que fazer. Era frustrante a forma como me senti conectada a ele e mais frustrante ainda era não saber por onde começar a procura-lo. Sabia que era sócio de Alex mas isso não mudava muita coisa.

Era estranho pensar em como minha vida havia mudado tanto nos últimos cinco anos. Órfã desde os três anos de idade, devido um acidente de barco que tirou meus pais de mim, passei por muitos orfanatos na esperança de encontrar uma família e aos dezoito anos, conheci Julieta, e ela que é dona e administra a agência de acompanhantes de luxo. Após meu primeiro encontro, quando verifiquei na minha conta uma quantidade absurda de dinheiro, um dinheiro que eu nunca tive, decidi que faria àquilo até que me desse por satisfeita e pudesse viajar pelo mundo.

Ser sozinha me fez amadurecer muito rápido, construí um muro ao meu redor que trouxe todo equilíbrio emocional de que precisava. Eu sempre tenho resposta pra tudo e ninguém me faz de boba, muito menos homens.

Escuto meu telefone tocar e já sabia que pela hora, numa sexta feira, só podia ser Julieta com algum trabalho para mais tarde. E era a própria.

– Julieta?!

– Celi, meu bem, tenho um trabalho pra você hoje às 20 horas. – Ela diz com sua voz doce.

– Com quem? – indago.

– Ele pediu sigilo de minha parte – estranho – mas eu o conheço, fique despreocupada. Às 11 ele irá mandar sua roupa. Só um aviso, fique deslumbrante, ele não merece nada menos que isso.

Estava curiosa para saber que seria e ainda mais por ele me mandar a roupa.

– Pode me dizer pelo menos a idade dele?

– Ah meu bem, ele não tem mais de 35.

– Entendi, e qual será o evento?

Ela faz uma pausa, sabia que estava pensando se me contava ou deixava para eu descobrir sozinha.

– É um evento de família, algo bem íntimo.

Ok, isso está mais estranho do que o normal.

– Tá bom, obrigada!

– Imagina Celi, me ligue se precisar.

Desligo a chamada com uma certa ansiedade para que chegue a noite.

Às 11 horas em ponto o interfone toca e dizem que tem uma encomenda para mim. Mando subir já sabendo que é o vestido. Alguns minutos depois minha campainha toca e eu me apresso a abrir, um homem com um boné segura uma imensa caixa branca. Pego-a e agradeço ansiosa.

Vou para o meu quarto e sento na cama para poder abrir a embalagem. Retiro a tampa e por cima há um cartão, pequeno e branco, pego e leio os seguintes dizeres:

"Querida Celina, eu tive o prazer de comprar este vestido imaginando o seu belo corpo nele. Use-o hoje de noite. A ansiedade em vê-la novamente me corrói."

A letra tinha traços finos e era sofisticada. Cadê a assinatura? Como assim me ver de novo? Será que conheço esse homem? Começo a ficar apreensiva, cogitando a ideia de não ir. Mas que mal haveria? Se não me sentisse confortável poderia ir embora no mesmo instante. Ok, respire. Vai dar tudo certo. Tiro o tecido que cobre o vestido e o tiro da caixa. Aquilo era a coisa mais linda do mundo. Num tom de vermelho brilhante, tinha apenas finas alças e as costas eram totalmente nuas, longo e com um decote em v e eu posso jurar que moldará perfeitamente meu corpo, ceda pura. Era simples e fabuloso ao mesmo tempo.

Darling (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora