"Oi amor..."

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Samantha:

— Tudo começou com Mariana... Mais ou menos na verdade. Por volta dos meus 15, 16 anos, eu já me sentia diferente, enquanto minhas amigas se derretiam pelos meninos e queriam logo namorar, eu ficava na minha. Vinha olhando diferente para algumas garotas, mas me sentia errada, não era como hoje. Tudo bem que muita coisa ainda não mudou, o preconceito ainda pé forte e existe, principalmente aqui no Brasil, mas hoje os jovens tem muito mais informação. Mariana foi milha iluminação eu diria, foi a primeira garota que eu beijei, e a partir daí, não parei mais.

— Engraçado, não sabia que era toda pegadora assim... - Tive a impressão que ela estava incomodada com alguma coisa -

— Também não é assim, tive sim minha fase de pegação e não nego, mas não foi isso que quis dizer. Mariana me tirou a dúvida que sentia, que eu gostava de garotas e apenas garotas.

— E Olga não gostou muito. Não sabia que ela era tão preconceituosa... Havia notado alguns desvios de caráter, mas ficaria surpresa quantas pessoas "poderosas" são assim.

— Se fosse só isso estava ótimo, mas em grande parte foi sim, mas não foi só isso. Guilherme sempre foi o preferido, Olga não escondia isso, mas o status sempre foi mais importante do qualquer um dos filhos. Aí que entra Mariana. Ela era filha de um empresário importante, se não me engano, as empresas dele exportam tecidos para mais de 30 países hoje em dia. Pois bem, ele era a pretendente preferida da minha mãe para o Gui, o problema foi que ela me escolheu. Olga nos pegou no maior amasso e me disse coisas horríveis e me encheu de ameaças. Quando viu que não ia "mudar" e com medo de manchar sua imagem perante a sociedade, ela me mandou para fora do país e apagou aos poucos minha existência da mente de todos ao seu redor. Foi assim que surgiu Samantha Abernathy, mudei meu nome assim que fiz 18 anos, queria distância dos Albuquerque.

Foi impossível segurar mais a emoção e algumas lágrimas caíram pelo meu rosto.

Contei ainda mais algumas coisas que aconteceram comigo no internato, mas parei quando vi Gabi com uma expressão aterrorizada.

— E é isso. - Suspirei um pouco aliviada -

— Nossa... Esperava algo pesado, mas... Sem palavras. - Gabi tinha os olhos marejados também -

Sarah sabia de toda a minha história, mas contar para Gabi foi muito especial.

— Você chegou a procurar por ela? Eu digo, Mariana.

— Não, a situação já estava bem difícil para mim, não queria prejudicar ela também. Por isso me senti tão mal pelo que fiz com você hoje, minha guerra é com a Olga, algo só de nós duas.

Gabriela:

Senti uma pontadinha de ciúmes dessa tal de Mariana não nego, mas não era hora para aquilo, cada coisa que Samantha me contava me deixava mais horrorizada com as coisas que ela teve que passar.

— Meninas... - Guida bateu na porta mas não abriu - O jantar está pronto.

— Já vamos Guida. Pronta para comer uma comida deliciosa? Tudo bem que não é a da Guida, mas Marina cozinha divinamente também.

***

— É um prazer te conhecer Samantha. Estou feliz e extremamente surpresa, já tinha perdido as esperanças dessa aí trazer alguém pra casa, contar a verdade, sabe.

— Menos Marina... - Repreendi -

— Mas é verdade ué.

— Digo o mesmo Marina, é um prazer finalmente dar um rosto a pessoa. Guida me contou algumas histórias.

A noiva do meu irmão - Romance lésbicoOnde histórias criam vida. Descubra agora