Momentos

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Samantha:

Apesar do silêncio que tomou conta do carro, o clima estava leve e descontraído. Me arrependia um pouco de ter dito que não tinha como não gostar dela? Um pouco, mas estava determinada a deixar aquele momento de fraqueza ser o último.

Chico Xavier uma vez disse, "É exatamente disso que a vida é feita: de momentos!".

Momentos os quais temos que passar, sendo bons ou não, para o nosso próprio aprendizado, por algum motivo. Nunca esquecendo do mais importante: nada na vida é por acaso...

Momento de fraqueza ou não, era um momento bom, mas que logo acabou quando chegamos ao nosso destino. Margarida, estava caída no chão com a mão no peito e cercada por algumas pessoas e como se não fosse problemático o suficiente, Gabi começou se debulhar em lágrimas.

— Se acalma Gabi, eu vou precisar de sua ajuda. - Tentei chamar sua atenção e a trazer um pouco de volta à realidade, mas como esperado não surtiu muito efeito -

Partia meu coração ver Gabi daquele jeito, mas ela teria que esperar um pouco, fiz um juramento de ajudar as pessoas acima de qualquer coisa, e nesse momento, Margarida precisava muito mais de minha atenção.

— Margarida, olha pra mim e tenta me dizer o que está sentindo.

Sua voz estava um pouco falha então tive que me aproximar, e pelo que ela me descreveu, parecia ser o princípio de um infarto.

— Eu preciso de um copo d'água, que alguém chame uma ambulância e que se afastem um pouco mais, por favor. - Gritei para os espectadores -

— Já liguei pra ambulância faz uns cinco minutos, eles já devem estar chegando. - Um homem atrás de mim falou -

— Ótimo.

Então iniciei os procedimentos que sabia de cor. Afinal de contas, que cardiologista eu seria se não soubesse?

Lembrei então que tinha um remédio em minha bolsa que poderia ajudar, pelo menos até os paramédicos chegarem. Peguem uma garrafa d'água que sempre carrego comigo e pedi que ela tomasse. Ela tomou o comprimido com dificuldade e mesmo podendo ajudar ela não estava fora de perigo, aquilo era só um paliativo. Graças aos céus a ambulância não demorou a chegar.

— Por favor abram caminho! - Pediu um dos paramédicos -

No momento em que o viu, Gabi logo se levantou e foi de encontro a ele, mas ela não estava em condições de conversar e só iria entrar no caminho, então a detive.

— Deixa eles fazerem seu trabalho - Sussurrei no ouvido dela e ela parou e apenas continuou chorando -

Eles a atenderam com presteza e enquanto isso disse tudo que aconteceu, os sintomas e o remédio que ela tomou. Gabi tentou seguir os paramédicos mas eu a detive mais uma vez.

— Me larga Samantha, eu tenho que ir com ela... - Ela se contorcia em meus braços -

— Nós vamos, mas eu não posso deixar você ir com ela nesse estado, não vai fazer nada bem para Margarida.

— Mas eu...

— Ei, me escuta... - Coloquei minhas mãos em seu rosto - Vai tudo ficar bem... - Tentei a confortar e a abracei - Eu estou aqui com você...

Peguei sua bolsa e a chave do carro e então seguimos para o hospital em que levaram Margarida. Gabi mantinha as mãos no peito e rezava baixinho com algumas lágrimas ainda persistindo em cair. Demoramos quase meia hora para chegar ao hospital, já que o trânsito não ajudou. Conseguimos a confirmação na recepção que Margarida já havia chegado a algum tempo, mas apenas isso.

A noiva do meu irmão - Romance lésbicoOnde histórias criam vida. Descubra agora