A noiva do meu irmão - Romance lésbico

Baixando a guarda

Samantha:

Quando Gabi me contou sobre o quase flagra eu quase caí pra trás, não que o que ela me disse antes seja menos importante, criar uma inimiga da minha "mamãe" não é algo nada saudável. O pior é que a safada não parecia estar aí para a guerra que ela havia declarado, ela queria é dessa vez ser pega realmente no flagra.

Como se fosse intervenção divina, meu telefone solta um alerta. Aproveitei o susto que Gabi levou, não só ela na verdade, e me separei indo até o celular. Parecia que o tal psicólogo teria um horário pela tarde para mim, o que era bom, assim enquanto Gabi cuidasse dos negócios dela eu me ocuparia um pouco.

***

- Peço desculpas pelo leve atraso Samantha, fui deixar minha esposa em casa depois do almoço e acabei pegando um pouco de trânsito no caminho.

- Sem problemas Sr. Botelho. - Ele abriu a porta do consultório e me convidou a entrar - Antes de começarmos, gostaria de agradecer por me atender tão rapidamente.

- É um prazer poder ajudar Samantha. Mas não deveria me agradecer, e sim a sua advogada.

- Advogada?

- A menina Gabriela, ela me ligou mais cedo preocupada com você.

- É claro que ligou...

Ele deu uma breve olhada para mim devido ao meu comentário e clara desaprovação da atitude de Gabriela, mas não disse nada, ao invés me convidou a sentar em uma das poltronas ocupando uma outra logo em seguida.

- Então Samantha... - Me apontou para uma poltrona - Me diga o que a trouxe aqui.

- Acho que deve ouvir muito isso, mas nem sei por onde começar...

- Por onde quiser, não existe certo ou errado aqui Samantha. Você é dona de sua história e você escolhe por onde começar ou o que me contar.

- Mais fácil falar do que fazer... Desde que voltei para o Brasil, conheci novos rostos e reencontrei outros, minha vida tem sido uma sucessão de histórias alegres e tristes.

- Assim é a vida Samantha, uma sucessão de bons e maus momentos. Não seria entediante ser feliz o tempo inteiro? Claro que isso não justifica nada de ruim que aconteceu com você.

- O senhor tem razão, provavelmente não saberíamos dar o mesmo valor. Tive bons e maus momentos, mas não é isso que me incomoda, e sim, que na maioria deles tem o dedo dela nessa história. Achei que havia conseguido superar tudo, criado imunidade contra seu veneno. Nunca estive tão errada...

- E quem seria essa pessoa?

- Minha "adorada" mãe. - Disse deixando bem claro o sarcasmo - Diversas vezes eu pensei em como meu pai se envolveu com ela, como não conseguiu enxergar através da máscara que ela usava. Só quando meu pai faleceu ela deixou verdade vir à tona, mostrando sua real face, pelo menos em casa. A face de uma pessoa que apenas se importa com dinheiro, poder e aparências... Imagina a ameaça que ela enxergou a seu status quando descobriu que a filha era homossexual...

- O preconceito infelizmente ainda é muito presente, principalmente no Brasil. Muitos pais, famílias em geral, rejeitam os filhos, os abandonam à própria sorte por causa da orientação sexual. Sem contar os casos de violência...

- Não levei uma surra propriamente dita, mas escutei cada coisa... Ela até tentou me "colocar na linha", mas quando percebeu que não ia conseguir, me mandou para fora do país e me trancou em um colégio interno, longe da vista e da memória de todos, movendo céus e terras para que ninguém lembrasse nem que ela tinha uma filha, como se o Guilherme fosse seu único filho.