Déjà-Vu

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Samantha:

Mesmo a escuridão em que me encontrava, não era capaz de manter longe as lembranças do que aconteceu nos últimos minutos e principalmente os pensamentos ruins do que ainda estava por vir.

Após nos pegar de surpresa, parte dos homens que acompanhavam Olga levaram as meninas que nos atendiam, por uma porta aos fundos do salão. O resto nos amarrou sob a mira de armas, cobrindo nossas cabeças com sacos pretos.

Perdi a noção do tempo que levamos para chegar em nosso destino. A única coisa que me mantinha de certa forma "calma" era saber que Gabi ainda estava ao meu lado, pois nos jogaram dentro do mesmo porta-malas.

Durante todo o caminho, mesmo diante de um futuro no mínimo incerto, tentamos conversar e nos apoiar, como se tudo não fosse um sonho e logo fôssemos acordar. Quando chegamos fomos arrastadas para dentro de um lugar e amarradas em cadeira, nos devolvendo nossa visão logo em seguida. Para o meu pânico, o que para mim era um "nós" se tornou um "eu" solitário ao ver que estava sozinha naquele lugar, um galpão imundo e caindo aos pedaços, um lugar que só Deus sabia como ainda estava de pé.

Imaginando o que Olga ou um daqueles homens poderia estar fazendo com Gabi, fiquei ainda mais nervosa, senti minha respiração ficar cada vez mais pesada e ver minha visão escurecer, até que levei um tapa forte no rosto, me trazendo de volta a realidade.

— Nem pensar mocinha, nada de apagar agora, isso vem depois.

— Tira as mãos da minha esposa sua cachorra dos infernos... - Gabi gritou ao se arrastada para dentro e amarrada como eu. E logo em seguida colocada ao meu lado -

— Gabi me desculpa eu...

— Pode parar por aí amor, mas nem tente dizer que... - Gabi foi interrompida com o som de um tiro -

Olga havia apontado a arma que carregava para o alto e atirado para chamar a atenção, mas logo vou a direcionar a mesma em nossa direção.

— Chega de papinho das duas vagabundas nojentas e vamos aos negócios.

— "Vagabundas nojentas"? Cadê a polidez de sempre "sogrinha"?

Sério que a Gabi tá cutucando a onça numa hora dessas?

— Olha aqui garota... - Olga rosnou encostando o cano da arma em seu rosto - Não me faça perder a paciência... - Para o meu alívio Olga se afastou de Gabi, mas não sem antes dar uma coronhada na cabeça dela, a fazendo sangrar um pouco - Como eu disse vamos falar de negócios...

— Nos deixe ir que lhe damos tudo o que quiser.

— Mas é claro que vão dar tudo. Por favor... Mas tudo ainda é pouco, quero tudo o que tiraram de mim e com juros.

— Tudo que tiramos? - Disse Gabi ainda se recuperando da pancada - Você que trouxe isso tudo pra cima de si mesma.

— Nada disse é culpa minha, tudo estava ótimo até essa "demônia" voltar... - Olga disse olhando para Gabi - Como estou boazinha hoje vou dizer que parte é culpa minha sim, se eu tivesse dado um fim nela antes...

— Quanta bondade... - Diante do comentário Olga mudou seu olhar para mim junto com a mira da arma atirando em um ponto ao lado da minha cabeça. Gabi imediatamente mudou – Olga, por favor para. A gente faz como a Samantha disse, a gente te dá tudo só não machuca ela por favor... - Gabi disse com os olhos quase em lágrimas -

— Cadê toda aquela atitude? É só isso que precisa pra você quebrar garota? - Olga começou a esfregar o cano da arma em meu rosto - Que patético...

Por mais que estivesse morrendo de medo neste momento, ver o desespero de Gabi era infinitamente pior.

— Por favor para Olga... - Gabi já tinha lágrimas pelo rosto, assim como eu - Vamos conversar...

A noiva do meu irmão - Romance lésbicoOnde histórias criam vida. Descubra agora