A noiva do meu irmão - Romance lésbico

Mundo pequeno

Samantha:

Sarah sai sem dizer mais nada com uma pontinha de tristeza em seu olhar.

Me despedi de minha secretária, e fui para casa pensar um pouco. Entrei, joguei minha bolsa em algum canto e fui tomar uma ducha bem quente, precisava relaxar um pouco. Precisava pensar também no que Sarah havia me dito, afinal de contas, ela estava certa...

Talvez Gabi estivesse mesmo se interessando por mim e eu estava fazendo o que? Fugindo...

Estava presa à destruir a relação que tinha com Guilherme por ter me interessado por sua noiva, mas que relação era essa mesmo? Nunca fomos tão próximos assim e nas poucas vezes em que conversamos desde que saí do Brasil, as quais podia contar nas mãos, ele nunca fez menção da minha volta. Fora que estava a quase duas semanas no Brasil e em nenhum momento ele tentou entrar em contato, e na única ocasião em que nos encontramos, totalmente por acaso, ele me tratou como uma pessoa qualquer.

E temos claro o ser mais pútrido que tive o desprazer de ter que chamar de mãe, Olga. No caso dela nunca existiu conexão alguma, toda sua atenção aprecia ser voltada a Guilherme, e para dizer a verdade, isso nunca me afetou tanto, o amor de meu pai sempre foi suficiente para mim, dar orgulho para ele me bastava. Mas então porque eu ainda dava tanto poder a ela sobre mim, porque eu ainda deixava suas palavras me afetarem tanto?

"Damos poder ao outro quando ainda não compreendemos e assumimos o nosso próprio..."

Sarah está certa, CHEGA! Estava na hora de tomar a rédea da minha vida de volta, foi justamente por isso que voltei ao Brasil, mostrar que estava além da aprovação daqueles que eram minha "família", mostrar que eu era dona de mim mesma.

E esse momento da minha vida começa hoje!

Saí do banho me enrolando de qualquer jeito na toalha e peguei meu celular.

— Te pego as oito, esteja pronta... - Foi tudo que disse no áudio que enviei para Sarah -

Joguei meu celular na cama e comecei a me arrumar. Não ia vestida para matar afinal de contas não seríamos apenas nós duas, mas queria estar linda para ela. Meu celular estava vibrando que nem um louco sobre a cama, provavelmente Sarah tentando me ligar, mas resolvi ignorar ela, tinha assuntos mais importantes. Além do mais, a deixar curiosa era muito bom.

***

— Se você não estivesse tão linda eu te dava uns tapas por não ter me atendido. Decidiu então?

— Vou parar de fugir, mas não vou tomar atitude nenhuma em relação a Gabi se não tiver certeza que ela gosta de mim.

— Quanto a isso você pode ficar despreocupada, tenho certeza de que ela já está de quatro por você.

— Ela te falou por acaso? - Perguntei brincando, mas com o coração acelerado -

— Esqueceu que um beijo seu já era? - Sarah começou a gargalhar e a acompanhei -

Dessa vez não discordei de sua teoria, nesse caso queria mesmo que fosse verdade. Apesar do trânsito chegamos ao endereço do bar que Gabi tinha me mandado por mensagem. Era algo bem simples e aconchegante, com várias mesas espalhadas pelo salão, um palco para música ao vivo, um mezanino com mais algumas mesas e claro, um balcão de bebidas. No fundo haviam também algumas mesas de sinuca e um jukebox, mas acredito que ele servisse apenas de decoração.

Sarah me deixou segurando a mesa enquanto ia providenciar algumas bebidas, pedi que fossem apenas para ela, queria apenas uma água, não havia cortado o álcool totalmente da minha vida, mas o que tinha bebido naquele dia tinha valido por um ano pelo menos.