De volta ao "lar"

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Samantha:

— Meu Deus, pra quem não tinha nada de importante pra levar, você até que tem bastante tralha heim... - Sarah reclamou enquanto fechava mais uma caixa, a nomeando - Samantha, será que dá pra me dar um pouco de atenção? - Pegou uma almofada no sofá e jogou em mim -

— Desculpa amiga, é que eu me distraí aqui. E nem é tanta coisa mesmo, mas meus livros são sagrados, fazer o que se tenho muitos.

Sarah era minha melhor amiga e provavelmente a única pessoa que eu posso realmente chamar de amiga. Uma morena alta e cheia de curvas, com cabelo preto e comprido, quase na cintura e desde a semana passada, minha sócia. O marido dela que é brasileiro, a meses vem insistindo para que ela se mudasse para o Brasil com ele. Ele tinha um grande escritório de arquitetura em São Paulo e apesar de passar bastante tempo aqui na Inglaterra com ela, vinha tendo dificuldades de manter o mesmo esquema diante da crise financeira no Brasil.

Sarah era médica e até o dia de hoje, trabalhava no hospital de sua família, local esse que conhecia muito bem, pois foi lá que fiz minha residência e trabalhei por alguns anos.

— Sério, que tanta graça tem esse quadro aí, você já parou umas cinco vezes só pra olhar pra ele.

— Vai dizer que ele não é lindo? - Perguntei toda boba -

Era a imagem de duas mulheres, que pareciam estar passeando de braços dados em um parque durante o inverno. Aquele quadro era meu xodó, não apenas pelo fato de ser lésbica assumida, mas simplesmente pelo fato de que de alguma forma ele tinha o poder de me fazer esquecer todos os problemas, como se me dissesse "Tudo vai ficar bem".

A última coisa que via ao sair de casa e ir trabalhar, e a primeira coisa que via ao chegar em casa.

— Tá bom ele é lindo, agora vem me ajudar a empacotar as suas coisas? - Foi bem enfática no "suas" - Estou começando a me arrepender de ter me oferecido a te ajudar.

— Você me ajuda por ser minha amiga, me amar e por eu ser a única louca que aceitou a minha proposta - Eu ri da careta que ela fez -

— A única louca em quem você confia. Sei muito bem que não conversou com mais ninguém sobre isso, se eu não tivesse aceito sua ideia, ia continuar ralando por um bom tempo.

— Sorte a minha de você ser uma amiga tão maravilhosa e do seu marido de ter uma esposa tão linda e compreensiva.

— Elogia mais vai... - Disse toda toda - Mas na verdade esse sempre foi o plano... Não vou me fazer de santa e dizer que embarquei na sua ideia apenas pela pressão o Rafael estava fazendo devido a situação do escritório lá no Brasil, sabe o quanto estava insatisfeita de continuar lá. Estudamos tanto para ajudar as pessoas caramba e não para apenas nos importarmos com dinheiro... Estava apenas esperando o banana do meu primo terminar o PhD nos EUA para poder assumir aquele pepino lá.

— Vai levar um tempinho até que consigamos colocar tudo no lugar, mas vamos conseguir fazer a diferença, sei que vamos. O que foi? – Perguntei ao ver Sarah de repente parar a apenas ficar olhando para mim -

— Nada, só lembrei um instante dos velhos tempo ouvindo você falar assim. Lembro do dia em que te vi entrando naquela emergência, toda sonhadora e inocente... - A interrompi -

— Me pergunto as vezes como viramos amigas porque você me pegou pra Cristo, nem tenta negar... Ainda tenho pesadelos com algumas das pegadinhas que você me pregou.

— Ah para vai...

— Você fala isso porque não foi você que quase teve um troço naquele necrotério.

A noiva do meu irmão - Romance lésbicoOnde histórias criam vida. Descubra agora