Quase...

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Gabriela:

Acordei aquela manhã um pouco mais leve. Guida já tinha falado comigo algumas vezes sobre contar a verdade para alguém, mesmo que fosse apenas parte dela, e ela estava certa, a conversa que tive com Samantha na noite anterior havia me deixado mais leve.

Ainda de olhos fechados percebi meu corpo sobre o dela, notei também um leve movimento nele, o que me deu a impressão de que ela estava me observando.

— Dá pra parar de me olhar? Devo estar um monstro... - Brinquei, não me importava nem um pouco

— Um monstro horrendo, tão feio que não consigo me mexer de tanto medo. - Ela provocou -

Isso me lembrou quando era criança, e eu dormia com a filha de Guida, Marina. Éramos muito amigas na época, amizade essa que só ficou mais forte ao longo do tempo, principalmente após a morte dos meus pais quando Guida me "adotou".

Ela hoje além de ser minha irmã de consideração, estava à frente dos negócios da minha família, enquanto eu me mantenho apenas supervisionando de longe.

— Ah é? - Sorri travessa diante da provocação -

Com aquelas lembranças do passado, resolvi brincar com Samantha do mesmo jeito que Marina fazia comigo, cócegas. O problema é que o tiro saiu pela culatra e logo eu é que estava morrendo de rir sobre a cama, até que meu olhar se prendeu nela, Samantha...

Já havia percebido como seus olhos eram lindos, desde o momento em que nos conhecemos, mas dessa vez foi diferente. Samantha então começou a aproximar seu rosto do meu, o que fez meu coração bater que nem um louco. Meu olhar foi então à sua boca e comecei a me mover em seu encontro. Presa naquele sentimento louco e desconhecido, querendo sentir seus lábios contra os meus, à instantes de beijá-la, meu telefone toca e me desperta para a realidade. Nos separamos rápido, a vergonha e tensão no ambiente eram evidentes.

— E... E... Eu vou tomar um banho e você atende o telefone com calma.

Samantha saiu que nem uma bala em direção ao banheiro e eu fiquei ali, ainda um pouco em choque, eu realmente queria aquele beijo... Quando peguei o telefone a ligação havia caído, mas pude ver que era da minha sogra, definitivamente não estava com cabeça para falar com ela naquele momento. O problema é que ela era uma pessoa insistente...

— Bom dia Olga. - Atendi sem nenhum entusiasmo quando o telefone voltou a tocar -

— Se arrume e me encontre no escritório da cerimonialista em meia hora, temos muitas coisas do casamento para resolver ainda.

— Não... - Respondi seca -

A minha paciência já vinha diminuindo com Olga para assuntos relacionados ao casamento. Tudo bem que era seu filho, eles eram próximos, mas pera lá, era meu casamento...

— Como não? Esse vai ser o casamento do século, temos... - A interrompi -

Eu já estava de cabeça cheia, como se não bastasse a situação do dia anterior com Guida, ainda tinha Samantha... Quem nuca encheu um balão de festa e achou que dava para encher mais um pouco mas ele acaba estourando na sua cara? Pois é, Olga foi aquele ultimo sopro...

— Escuta bem Olga... É você que vai casar comigo por acaso?

— Como é que é? - Ela me perguntou indignada -

E realmente não culpo a reação dela e tudo bem que ela não sabia de nada o que estava acontecendo, mas custava ter um pouco de tato? Odeio brigar e discutir, mas não sou de ferro...

— Não é por nada, mas não acha que está exagerando um pouco não? Não são nem 7h da manhã direito e você liga do nada, nem diz nem um bom dia... Quer saber Olga, essa conversa já me cansou, passar bem. - Desliguei na cara dela mesmo, resolvo isso depois.

A noiva do meu irmão - Romance lésbicoOnde histórias criam vida. Descubra agora