Fogo!

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Olga:

Poder e prestígio... Existe algo mais importante na vida do que isso?

Desde pequena eu aprendi isso, não com meus pais, aqueles pobres ferrados, mas com a vida. Durante muito tempo eu me perguntei como eles podiam se contentar com tão pouco.

Levou algum tempo, mas entendi. Algumas pessoas simplesmente não merecem mais, não merecem uma vida boa, uma vida cheia de luxo e riqueza. Servem apenas para servir como degrau ou ferramenta para os escolhidos.

Diferente dos meus pais, eu nunca me contentei com aquela vidinha medíocre, eu seria mais, eu teria mais, e encontrei o paspalho perfeito para isso...

Ele não era o candidato ideal, longe disso, mas dadas as opões disponíveis no momento, ele era o alvo perfeito... O idiota de luto pela morte do pai, o que o deixou órfão, havia herdado uma empresa que mesmo pequena, tinha um futuro promissor. Como eu sabia? Para o meu desprazer eu trabalhava na cozinha daquela maldita casa com minha mãe desde a morte do traste do meu pai, e aproveitava minha "invisibilidade" para escutar coisas.

Deu um certo trabalho, mas depois de um tempo eu tinha o paspalho na minha mão, e para ter certeza de que ele não me escaparia, apliquei o golpe mais velho do mundo. Nada como uma gravidez para prender um homem com "princípios"...

Abominei aquela criança desde o princípio, mas ela era o meu ticket de saída daquela vida infernal que eu levava. O pior é que aquela criatura quase colocou tudo a perder, quase me levando pra cova junto com ela por causa de diversas complicações durante a gravidez, o que fez meu ódio só aumentar...

A velha da minha mãe não viveu para ver a neta completar seu primeiro ano, o que foi ótimo, pois assim eu podia ter mais tempo para mim e deixei de escutar dela que eu não cuidava direito da "demônia". Eu fazia o básico que era a alimentar, o que já estava de bom tamanho, a babá que cuidasse do resto...

Acabei ficando grávida uma segunda vez, puro descuido, mas diferente da peste, este não me deu trabalho. Mesmo indesejado, posso dizer que me deu até um leve orgulho à medida que ele crescia, conseguia enxergar nele um pouco de mim, da minha "vontade".

Levou mais tempo do que o esperado, mas o paspalho finalmente morreu. De certo modo a demora foi boa, pois usei esse tempo para me preparar e assumir os negócios. Só teve um problema... Parecia que o paspalho não era tão burro assim, pois deixou a "demônia" ligeiramente no controle de tudo, o que não foi tão difícil de reverter.

Apesar do meio machista, consegui levar a empresa ainda mais longo do que o falecido. Assim, finalmente livre e quase sem amarras, pois ainda tinha os dois pequenos pesos, também conhecidos como filhos, passei a viver minha vida como merecia.

Os anos seguintes foram maravilhosos, mesmo com a tentativa da "demônia" de me atingir me expondo ao ridículo por ter uma filha sapatão. Pensei em dar um fim naquela criatura, mas iria chamar muita atenção, por isso a mandei para longe e apaguei ao máximo sua existência dentro de meu círculo de "amizades".

Com todas as barreiras longe, eu continuei vivendo o "sonho", fazendo sempre o necessário em busca do topo. Infelizmente em meu trajeto, desconsiderei a burrice de alguns homens que nos levou o país a uma crise econômica que afetou bastante meu negócio. Apesar do pior já ter passado, levamos um grande baque, e estava difícil de recuperar os tempos de glória.

Durante este período eu tive quase um déjà vu, quando meu filho tentou se infiltrar na família Masterson, uma das famílias mais ricas do Brasil, pelo menos o que sobrou dela... A princípio ele tentaria se casar com a filha da governanta dos Masterson. Todos conheciam Alexander Masterson como o símbolo da "moral e dos bons costumes", como alguém incorruptível, mas no fundo era igual à maioria dos homens... Resultado, a bastarda, que era a atual CEO da filial brasileira do grupo. Como se já não fosse ruim o fato dela ser uma bastarda, era negra, e pior, era uma aberração como a "demônia". Por isso, tivemos que partir para o plano B, a filha adotiva da tal governanta... No caso a verdadeira herdeira do império.

A noiva do meu irmão - Romance lésbicoOnde histórias criam vida. Descubra agora