Torta de climão...

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Gabriela:

Imaginem minha surpresa ao saber que a "estranha" que me ofereceu ajuda era na verdade Samantha. Olhando para ela agora, enquanto almoço no banco do carona, passada a vergonha é claro, da minha barriga roncar não uma, mas algumas vezes, nunca que eu iria conseguir a encontrar, pelo menos não do jeito que estava tentando.

Como eu não sabia como ela se parecia, me baseei em procurar alguém como o Gui, mas ela não se parecia nada com ele. Agora mais de perto ela parecia mais com a mãe e provavelmente carregava alguns traços do pai, mas sem tê-lo conhecido ficava difícil ter certeza.

Não querendo chamar dona Olga de velha, mas para a idade dela ela está muito bem, e claro que os filhos seriam lindos.

Mas o que Samantha tem beleza ela deve ter de bipolaridade, não é possível... Ao me encontrar ela me trata toda educada e alegre e fica fria do nada, variando entre os dois estados durante nossa conversa.

A frieza comigo era inconstante, mas quando o assunto era sobre a família, ela estava sempre lá, e de uma forma um tanto assustadora... O que me fez ficar mais encucada ainda sobre todo o mistério que era Samantha.

Mistério que começou a ser desvendado assim que chegamos à Escola de Arte.

Dona Olga para minha total surpresa e pela cara de Samantha, para ela também, apesar de pensar de que surpresa era apenas uma das coisas que ele devia estar sentindo, já que tive a impressão de a ver tremer um pouco. O que não foi surpresa foi ela querer falar do casamento...

— Dona Olga?

— Finalmente te encontrei menina, tive ideias fantásticas para a festa. E já disse para não me chamar de Dona... - Me repreendeu -

— Agora não é um bom momento Olga...

— Eu tenho certeza que você pode deixar a conversa com a sua amiguinha para um outro dia.

Olga tinha fama de ser uma pessoa difícil as vezes, especialmente com pessoas "humildes", ou seja, qualquer pessoa fora do seu círculo de amizades. Ela nunca chegou a destratar alguém descaradamente, pelo menos não na minha frente, mas que ela deu uma bela de uma indireta agora...

— Amiguinha? Pelo visto os anos não foram gentis com sua memória. - Samantha foi mais rápida que eu rebati o comentário da mãe - Ou vai dizer que míseros quize anos foram o suficiente para me esquecer? -

— Samantha?

— Pelo menos ainda lembra o meu nome, não sei se fico feliz ou triste com isso.

Samantha e Olga ficaram se encarando por alguns segundos que me pareceram horas...

Agora imaginem a tensão que tomou conta do ambiente. Eu achei que o clima tinha ficado pesado no carro, quando Samantha me questionou sobre o quanto eu sabia sobre ela, ou melhor, sobre o quanto a família dela havia me falado, mas pelo visto estava redondamente errada. Se eu tivesse uma faca na mão, dava pra servir pra cada uma uma fatia bem generosa de torta de climão...

— Mais respeito Samantha... - Olga finalmente se manifestou - O que faz aqui? Eu achei que tínhamos um acordo.

— Eu não me lembro de acordo algum, apenas de ser trancada e esquecida naquele colégio.

— As coisas teriam sido bem diferentes se você...

— Sinto muito se desapontei a senhora, minha mãe... - Era claro o tom de deboche em sua voz -

Sempre fui uma pessoa curiosa. Por menor que fosse, qualquer dúvida quando se instalava em minha cabeça... Nunca cheguei a perder noites de sono por causa disso, mas ficava muito feliz quando conseguia a resposta, menos dessa vez...

A noiva do meu irmão - Romance lésbicoOnde histórias criam vida. Descubra agora