Missed Call. Lost Soul.

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    Nós nunca paramos para pensar de verdade o quão curta e mesmo assim infinita a vida é. Um dia você acorda sentindo que tudo o que fez de errado antes está caindo sobre seus ombros, mas então tudo muda e de um momento para o outro você está tendo o melhor dia de sua vida.

    Um bom filme, um bom livro, um "Bom dia" ou uma mensagem de texto. Um sorriso no meio do caminho mais tortuoso que alguém já cruzou é o suficiente para transformá-lo em um pouco mais suportável. Quem sabe de horrível para perfeito.

    Não podemos saber o rumo que a vida nos leva, não sabemos o que nos aguarda na linha de chega e tão pouco o que vem depois. Muitas vezes o fim é apenas o começo e para alguns a vida sequer começou, mas eles já têm tanto para se lembrar.

    A beleza das pequenas ações está escondida atrás da pureza daqueles pequenos momentos. Como um trovão explodindo em milhares de elétrons, iluminando a escuridão profunda ou até mesmo as estrelas. Brilhando no espaço quando para nós elas já morreram centenas de anos atrás.

    Tempo. Tempo é a questão, é o que nos faz perceber e esquecer as coisas. É o que nos faz relembrar de imagens de infância quando velhos e nos faz sorrir por uma única piada que já não ouviamos a muitos anos. Tempo é tudo e nada ao mesmo tempo, porque enquanto estamos aqui a história de outros já está sendo contada. Vivendo e revivendo através de nós, estrelas cadentes de pureza momentânea e herança volátil.

    E ainda assim, em meio as incertezas de um amanhã negro e sem esperanças nós brilhamos. Brilhamos com tudo o que temos porque é o melhor que podemos fazer com o que nos é dado. Fazer com que ao menos uma única pessoa ao redor do mundo se lembre de você, perdido no meio daquele grande e infinito mar de incertezas. E talvez assim, encontre seu caminho de volta.

    - Você se acha muito inteligente com esse seu joguinho imbecil, mas acredite eu sei exatamente quem você é Anya! Eu estava lá durante anos, eu assiste você matar dezenas de inocentes apenas para conseguir um lugar de prestígio ao lado da sua Comandante!

    Os punhos de Octavia se chocaram contra a mesa de alumínio. Rosto enfurecido tomado por hematomas e cortes. Os olhos claros focaram no rosto da morena a sua frente, sentada de maneira desleixada na cadeira de alumínio com punhos algemados e presos na alça logo em cima da superfície metálica do móvel. Um curativo pequeno na lateral da testa e cortes doloridos espalhados por todo o corpo. Observando Blake com nada além de raiva, nem mesmo o conhecido deboche se fazia presente.

    - Octavia Blake, Skairipa. Pouco mais de vinte anos, honestamente não dou a mínima para sua idade. – Deu de ombros. – Médica clandestina que assinava atestados de óbito em um ringue ilegal durante longos anos de sua vida. Nunca tentou escapar ou fazer qualquer coisa realmente produtiva que não forjar mortes de inocentes e larga-los para se virarem sozinhos na floresta com ferimentos de batalha.

    - Seus ferimentos. – Blake respondeu.

    - Eu não era a única lutando nos ringues.

    - Ao menos eu estava tentando salva-los!

    - E você acha que eu não? Quantos dos meus abates chegaram as suas mãos sem um único ferimento letal? Uma perfuração no peito, no centro da cabeça ou em qualquer outro ponto vital?

    - Oh, então eu deveria agradecer por ter sido benevolente enquanto os assassinava?!

    - NÃO, VOCÊ DEVERIA AGRADECER POR ESTAR SEGURA NESSE LUGAR ENQUANTO LEXA ESTÁ LÁ FORA!!! – Foi a vez de Anya acertar a mesa, se colocando de pé com um brilho tão intenso quanto fogo em seus olhos.

    Octavia não entendeu, se manteve calada com uma leve expressão confusa no rosto e se voltou para o vidro espelhado a sua direita. Questionando o irmão e Hank sem sequer conseguir vê-los.

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