Foi uma longa e cansativa viagem. A começar pelo percurso de helicóptero até o avião tivemos alguns problemas com a tempestade que resolveu ser mais imponente quando já havíamos deixado o solo. O piloto nos alertou que não se tratava de algo muito grave, mas Clarke insistiu em quase quebrar meus dedos por todo o caminho. Nada que me incomodasse, não sentia dor.
Wynonna debochou de sua falta de coragem por todo o caminho, relembrando de quando tivemos que atravessar o deserto no meio de uma tempestade de areia e saltar de paraquedas no meio de nuvens escuras muito piores do que aquela. A loira esbugalhou os olhos, provavelmente imaginando se teria de fazer o mesmo. Eu resolvi não confirmar ou negar nada, apenas esperar até que ela finalmente desistisse de se agarrar a mim.
Se tratava de uma aeronave grande então não foram necessárias mais do que duas naquela pequena missão. A segunda tomada por um grupo de seis guerreiros que não faziam parte do esquadrão, mas se voluntariaram para a escolta até o avião.
Com a mesma velocidade que chegou, a tempestade foi embora. Assim que atravessamos a cortina de névoa, gotas grossas e ventos furiosos a aeronave foi tomada por um pacífico pedaço de céu. O azul se fez presente a esquerda, chamando a atenção de Clarke que tomou coragem para se inclinar suavemente. Ainda agarrada em minha mão ao segurar o ombro de Lincoln, casualmente sentado no chão com pernas penduradas para o lado de fora.
Os raios amarelos do sol caíam sobre a água quase cristalina do mar, o reflexo dançante encontrando nossos rostos junto a brisa fresca e a maresia. Sorri, assistindo a loira observar a grande paisagem antes que eu encarava a direção contrária. As árvores da floresta minúsculas abaixo de nós, as nuvens negras pairando apenas sobre um ponto das montanhas.
Baioneta continuou sob meu banco, devidamente protegida com seu colete preso ao chão da aeronave. Não estava muito acostumada com aquelas viagens, mas dormiu todo o caminho com sua conhecida calma.
Minha mãe, sentada a minha direita, acertou um tapinha em meu joelho. Movendo os lábios e erguendo dois dedos para que eu alterasse o rádio para o canal dois. Eu girei o pequeno seletor na lateral de meus desnecessariamente grandes headphones e a voz de Clarke desapareceu junto a sua conversa com Doc.
- "Como se sente?" - Ela perguntou, ainda tendo de aumentar o tom sob o som das hélices e o motor. – "Nada de dor?" – Me olhou nos olhos.
- Eu estou bem, mãe. – Garanti. – Posso não sentir dor, mas não é nada que já não tenhamos superado antes.
- "Isso não faz menos preocupante, Lexa." – Ela negou e eu sacudi a cabeça. – "Você a viu outra vez, não foi?"
- Mãe, eu vejo a Avó Marry a muito tempo, não é uma presença ruim. E nós já falamos sobre isso... Na verdade é ela quem me mantém no controle. – Garanti.
- "E quanto a Adam? Também o viu?" – Perguntou cautelosamente.
Quebrei contato visual, me voltei para o chão da aeronave antes de me voltar para o rosto de Waverly no banco oposto ao nosso. Observando a tudo curiosamente enquanto a voz de minha mãe se fazia ouvir outra vez.
- "Aconteceu algo diferente dessa vez?"
- Sim... – Respondi e ela se voltou para mim com atenção. – Ele não disse nada, nem Marry. Os dois só ficaram me observando, apenas mostrando que estavam presentes antes que o Rei começasse a falar. – Ela assentiu, pensando por alguns segundos. – Houve um segundo antes de os ver que eu ouvi essa voz... Não reconheci de quem se tratava, era masculina com certeza.
VOCÊ ESTÁ LENDO
EXITIUM
FanfictionUma escolha. Tudo de que precisa é uma escolha... Para um mundo mudar completamente, vidas serem perdidas e corações se quebrarem por completo. O peso do mundo de nada importa, muito menos o que custou para que chegasse até onde está pisando nesse e...