Odd And Even

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    As coisas estavam completamente fora do controle. A começar por nossa ida para a cama naquele dia, eu resolvi dormir sem camiseta. Seguindo meu raciocínio para o que poderia causar alguma tensão em Clarke e eu estava certa. Com toda certeza havia a afetado. O único problema veio logo depois, quando percebi que tivemos a mesma ideia e... Bom, ela... Resolveu que calça e camiseta eram simplesmente desnecessários. E ainda por cima usou calcinha e sutiã azuis, muito parecidos com a lingerie que vi em nossa primeira noite juntas.

    Naquele momento eu percebi que teria de realmente me esforçar para não acabar perdendo tudo antes que sequer tivesse começado. Em meus devaneios, fiz um plano de ação dos dias seguintes e quando os lábios de Clarke roçaram em meu pescoço com a conhecida eletricidade eu já havia montado o esquema perfeito.

    Ela quer jogar? Tudo bem! Eu posso jogar!

    Na manhã seguinte acordei antes que pudesse me perder na beleza de seu corpo adormecido ao alcance de apenas um erguer de mãos. Caminhei para o banheiro, tomando a primeira ducha gelada do dia antes de descer ainda sem camisa para avaliar meu pequeno arsenal. Fiz questão de demorar do lado de fora da porta, garantindo que ela não apareceria do nada apenas para arruinar meu plano.

    Desci os degraus agradecendo mentalmente por Baioneta ter ficado no quarto e abri a porta da dispensa. Na porta em frente ao banheiro do corredor eu encontrei um cômodo todo em madeira e sorri rapidamente. Reconhecendo pelo menos cinco itens entre as prateleiras.

    Eu já esperava encontrar uma porção de frutas e grãos em meio as latas. Aquela região era tomada por vegetação rasteira e campos extensos, não duvidava de que uma plantação era mantida em algum lugar das redondezas. Clarke estava com uma bolsa cheia de ervas frescas na primeira vez que a vi nesse lugar afinal.

    Sorri malignamente e entrei no cômodo completamente. Parei em frente aos grãos encarando as escolhas com certa surpresa e me voltei para a cozinha. Buscando uma pequena tigela de cor escurecida para a mistura meticulosa.

    Um punhado de gérmen de trigo tilintou no fundo da peça de cerâmica, se misturando a aveia, algumas amêndoas e um pouco de Mirtilo. Com a outra mão peguei um pequeno pedaço de canela e o que restava da embalagem de uma barra de chocolate.

    Me voltei para a cozinha, fechando a porta atrás de mim com o calcanhar e coloquei tudo sobre o balcão. Caminhando para a geladeira com um sorriso maléfico em busca de algo específico que vi na tarde anterior.

    Meu sorriso dobrou de tamanho, encarando o que provavelmente seria uma das últimas embalagens de iogurte. Despejei metade do que ainda restava do líquido dentro da tigela e me voltei para os armários na busca de uma colher e faca. Misturei os grãos em meio ao iogurte e com a pequena lâmina serrilhada raspei a lateral do pedaço de canela. Deixando que as pequenas lascas contrastassem com os dois tabletes de chocolate que havia quebrado da barra.

    Observei minha obra de arte por um segundo, respirei profundamente em orgulho daquela deliciosa refeição matinal e comecei o último detalhe. Empurrando a mistura para a lateral direita e bagunçado sua superfície com a colher, fazendo parecer que havia comido algumas colheradas. Sorri maquiavelicamente e me voltei para a geladeira, colocando a tigela sobre a prateleira do meio. Exatamente no centro de todo o restante no lado de dentro do eletro para fechar a porta e rapidamente ajeitar o restante do cenário.

    Colher suja dentro da pia junto a faca, roubei um pequeno tablete de chocolate e o deixei dissolver na boca caso Clarke tentasse mais um dos seus beijos hipnóticos. Voltei para a dispensa, guardando o pedaço de canela e a embalagem de chocolate antes de fechar a porta com uma maça presa entre os dentes, uma banana e duas laranjas nas mãos.

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