A vida não é como imaginamos na infância, o mundo não é colorido e tão vivo, a felicidade não se conquista com poucos sorrisos e o sucesso está muito longe de ser um companheiro durante as noites. Não, a verdadeira vida é o que temos na maturidade. O mundo cruel e frio é governado pela morte, a felicidade pacífica de um simples ato é superestimada e o sucesso não passa de uma das várias ilusões que visitam nossas mentes durante longas noites de silêncio.
Nada é justo ou simples, tudo é pútrido e exaustivamente repetitivo. Lutas, mortes, perdas e solidão, até que chegue sua vez na roda desenfreada do destino e então a sua tão repentina partida seja parte do sofrimento de outro.
Eles dizem que a beleza está nos olhos de quem vê... Até mesmo um cego poderia enxerga quão perdida e angustiada ela estava, e o quanto rezava para que pelo menos um de seus vários desejos não realizados se tornasse uma realidade.
- Estamos a perdendo! - Alguém exclamou entre a multidão de vultos da atmosfera fria. A Comandante não sabia se sua voz vinha da esquerda ou se o ambiente girava com sua confusão.
- Heda, olhe para mim! - Outro pediu, ondulando logo à frente de seu rosto. - Hey! Não desista!
Seu corpo amolecido estava ensopado em suor, a camiseta grudada em seu próprio sangue e na cama de emergência no hospital de Timbuktu. A adaga ainda fincada em sua lateral e os olhos verdes aos poucos perdendo seu brilho enquanto o rosto perdia a cor.
- Cuidado! - Exclamaram a sua direita. - Essa coisa está envenenada!
- Merda! Não podemos tirar a adaga agora! - Outro falou atrás do topo de sua cabeça. - Ela vai sangrar até a morte!
Ela apenas enxergava borrões entre as longas e cansadas piscadas. Os calafrios eram tão poderosos quanto o estranho formigamento na ponta de seus dedos e rosto, fazendo de seu corpo tão frio quanto gelo ao toque de seus amigos, ao redor da mesa.
Lexa não se lembrava de muito depois da breve conversa de Arian com sua mãe, seu corpo foi engolido por uma exaustão profunda sobre a areia fria. As estrelas no céu pareciam derreter da grande imensidão azul e aos poucos deslizavam para o encontro do solo, da mesma maneira que seu suor gelado fazia. Se misturando ao sangue fresco, escapando pela ferida recém-aberta e deslizando entre os dedos de seu amigo.
Pouco mais de sete minutos depois um helicóptero planava sobre a duna a esquerda dos dois. Elizabeth corria para fora da aeronave com Lincoln, Wynonna, Waverly e Indra em sua cola. Doc e Nicole cuidavam da cobertura junto a Shapiro e Dolls agarrava o kit de adagas que tão desesperadamente Woods apontou, pouco antes de subir outra vez na estrutura de metal.
Eles não fizeram qualquer parada ou sequer foram lentos no percurso até o pequeno hospital. Do lado de dentro Lexa já não podia entender um palmo sequer do cenário a sua volta, ainda presa na ilusão do deserto e nas estrelas, tão parecidas com lágrimas da mais pura dor. Tão verdadeiras quanto as suas a pouco tempo atrás. Seus amigos e família faziam ligações e chamadas pelo rádio. Avisando os que ficaram para correrem em direção ao hospital sem dizer uma palavra a qualquer Grounder que fosse.
No teto, o helicóptero planou mais uma vez. Evitando pousar sobre a superfície tomada em rachaduras e assim permitindo que uma equipe formada pelos quatro melhores médicos corresse sobre a poeira com uma maca entre seus corpos e duas bolsas azuis no colchão abarrotado de utensílios de emergência, gaze, algodão e duas bolsas de soro.
Quando Lexa abriu os olhos outra vez estava sendo levada pelo corredor de maneira apressada. As lâmpadas piscando apenas quando seu corpo se fazia perto o suficiente de sua luz, deixando as primeiras do corredor em seu funcionamento comum enquanto as outras trepidavam e zuniam.
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EXITIUM
FanfictionUma escolha. Tudo de que precisa é uma escolha... Para um mundo mudar completamente, vidas serem perdidas e corações se quebrarem por completo. O peso do mundo de nada importa, muito menos o que custou para que chegasse até onde está pisando nesse e...