Walking Down The Aisle

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Desde o começo dos tempos a humanidade tem buscado uma resposta para uma das maiores questões em nosso comportamento. Algo tão primitivo, tão puro, irracional e que mesmo com o avanço da ciência continua sem resposta, escondido nas entrelinhas e apenas a vista daqueles sábios demais para compartilhar seus conhecimentos.

Por que nos apaixonamos? O que se passa em nossas mentes para que deixemos de lado credo, sonhos, desejos, casas, países, até mesmo nossas vidas para nós entregar a alguém que talvez nunca vá nos conhecer completamente? Porque largamos tudo o que podemos acreditar, tudo o que escolhemos antes daquele pequeno momento, que mesmo tão curto, meramente um flash em nossa mente... O momento em que percebemos que a pessoa a nossa frente naquele exato segundo é a certa para mudar nossas vidas para sempre.

Talvez seja o desejo de maior compreensão. Passamos nossas vidas nos questionando, desejando saber o porquê de nossa existência. O porque pensamos como pensamos e sentimos o que sentimos. Queremos encontrar um significado maior para tudo, cada pequeno detalhe. Algo que nos faça parecer menos ingênuos em meio a imensidão de nossa breve existência.

Por que nos conectamos a outros de tamanha maneira? Que linha invisível é essa que sentimos ao redor de nossos corpos em seu morno, aconchegante e seguro toque sempre que vemos o motivo de nosso sorriso? O que faz tão difícil cada despedida? O que faz tão poderoso cada toque, cada beijo?

A ciência culpa os hormônios. Uma reação a necessidade de reprodução, mas nem mesmo ela sabe explicar a poderosa chama que resta depois que a paixão evolui para algo muito maior do que podemos descrever.

É engraçado. Quem sente o verdadeiro amor sabe exatamente a sensação, sabe quem tem ou teve o privilégio de senti-lo, mas não tem palavras descrevê-lo. É quase como um segredo, que pode apenas ser compreendido por aqueles que se sentem da mesma maneira. Uma comunicação subentendida entre corações, muito além das palavras e corpos. Algo maior, que inunda a atmosfera e que te faz pensar que tudo vai ficar bem.

Ninguém diz apenas uma palavra que faça jus a sensação, e ainda assim, quem sente seu poder compreende. Sabe exatamente do que está falando... Mas como? Quase de maneira tão surpreendente como saber que azul é azul e verde é verde... Não se pode ver através dos olhos de outra pessoa, não se pode saber o que ela enxerga ou o que ela sente. Então como sabemos tudo isso? Como podemos de fato conhecer outro sem saber exatamente o que se passa em sua mente?

Como podemos amar e sentir o amor sem saber seu formato, sem saber sua origem ou cor? Como podemos defini-lo ou identifica-lo se não a palavras para descrevê-lo?

A raça humana ainda tem muito o que apreender. Como não se levar a destruição é um dos vários dilemas a serem solucionados, mas uma das grandes questões pode nunca ser respondida. Então, eu decidi criar minha própria resposta.

Para mim, o Amor... Era ela.

Aquele quarto parecia pequeno demais. Não existia sequer um pedaço de chão que não tivesse sido pisado em meu nervosismo, que não tivesse sido palco para minha ansiedade ou o ardor em minha garganta. Sequer havia a visto, mas bastou Cat passar em frente à porta do quarto, pender a cabeça para dentro e dizer que Clarke gostaria de falar comigo pessoalmente foi o suficiente.

Claro, não iriamos nos ver, mas ainda assim. Eu estava loucamente ansiosa para ouvir sua voz. Apenas aquilo já seria o suficiente para alegrar ainda mais meu dia.

Eu já havia me arrumado. Assim que coloquei os pés para dentro da suíte com vista para o mar fui rondada pela equipe de maquiagem, cabelo e qualquer outra coisa que ainda pudessem inventar. Hades sorriu alegremente e afastou as garotas e suas risadinhas como um bando de moscas, me guiando para o banheiro antes mesmo que pudesse ter uma visão melhor da mobília.

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