Crimes Of A Wounded Heart

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    Ondas de água cristalina batendo contra o casco em tons de azul claro tomados por ferrugem, o som oco da estrutura tão irritante quanto o suave sussurro do vento salgado em seu rosto. O sol impiedoso no centro do céu, ardendo em seus braços e costas enquanto os olhos se estreitavam pelo reflexo branco, escapando da água a frente de seu rosto.

    - Vai acabar vomitando se ficar desse jeito. – Luna comentou com um pequeno sorriso, sentada no chão com uma garrafa de água nas mãos.

    - Ao menos eu teria o que fazer. – Maya respondeu com um bufar, se agarrou as laterais do pequeno barco antes de que mergulhasse mar a dentro e resolveu se sentar direito no fundo de madeira. Impedindo que o sal terminasse de queimar sua pele.

    Quando lhe prometeram uma passagem segura para fora daquela ilha ela não pensou que seria uma passagem tão longa assim, muito menos que Murphy e Emori discutiriam por três horas por não terem percebido o rastro de gasolina manchando o oceano poucos minutos depois de desaparecerem no mar, nada tão encorajador quanto o estalo do motor que quase rendeu a Lena um infarto.

    E agora tudo o que os dez tinham era um ao outro em um barco sem combustível que teria que seguir a maré pelas estimadas dez horas seguintes sem qualquer outro impulso até finalmente alcançar seu destino. Isso depois de duas horas em uma trilha de mata fechada, é claro.

    - Algum progresso? – Kara perguntou, oferecendo o restante de sua garrafa a uma Lena ofegante logo ao lado.

    - É... – Emori suspiro atrás da pequena cabine da embarcação. – Não podemos fazer mais nada por essa belezinha. – Deu dois tapinhas no motor e endireitou a coluna com uma porção de estalos.

    Não era um barco muito grande e com toda certeza não oferecia luxo algum, mas ainda assim tinha suas pequenas regalias. Como a longa sombra abaixo da proteção de tecido fresco, o painel de energia solar que tão gloriosamente mantinha o frigobar de sua cabine gelado e as dezenas de garrafas de água e comida estocados longe do sol, logo abaixo do chão de madeira e seus rangidos.

    - Pelos menos nós temos suprimentos suficientes até chegarmos lá. – Murphy deu de ombros antes de se voltar para Emori e ganhar um beijo rápido em sua bochecha direita.

    Becca sorriu com o canto da boca e se voltou para Luna com um sorriso amigável. Echo abaixou os olhos ao chão entre as pernas, no canto oposto da embarcação e se colocou a brincar com as pontas dos dedos. Buscando ao máximo imaginar que Anya estaria segura e bem naquela ilha e que nada de ruim lhe aconteceria por ter ajudado as mulheres a fugirem.

    - Então, como vocês estão vivos mesmo? – Maya perguntou, finalmente se lembrando daquele pequeno detalhe em meio ao seu tédio.

    - Ahn... Nós... Fugimos. – Murphy respondeu com um olhar culpado.

    Luna ergueu as sobrancelhas, Becca estreitou os olhos e Maya apenas o esperou continuar. Murphy suspirou, tirou os olhos do mapa de correntezas sobre a pequena mesa dentro da cabine e caminhou para o batente da porta com sua garrafa na mão. Deixando Emori distribuir uma porção de insultos para a pequena caixa de ferramentas enferrujada pela maresia, do lado de dentro do cubículo.

    - Vinson estava nos ameaçando por informações e algumas coisas da Black Badge. – Começou.

    - Deus, eu não aguento mais esse nome. – Luna suspirou.

    - Chegamos a conseguir um cartão de acesso do Bobo Lobisomen Del-Rey e pensamos que tinha acabado, mas aquele psicopata pediu algo muito além do que roubar. – Ele continuou.

    - O nome desse cara é Lobisomem? – Lena cochichou para a namorada.

    - Eu acho que não. – Kara respondeu em mesmo tom.

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