Sipping In Bittersweetness

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    Cheiro de álcool e suor por todos os lados, chão vibrando junto a música alta que se misturava ao som de meus longos goles no vidro em minha mão, paredes rodando e uma morena se agarrando ao prêmio que viria com sua vitória sobre o touro mecânico, no canto de minha visão. Uma alegre e acelerada confusão tomando minha visão a cada vez que me movia.

    Fazia exatamente um mês, três semanas e um dia que não colocava sequer um pingo de qualquer bebida que não água ou suco em minha boca, e para ser sincera não me arrependia ou me envergonhava de meu atual estado. Estava me divertindo, muito mais do que fiz na torre do acampamento e não queria parar tão cedo. Mesmo que Clarke marchasse na minha direção naquele exato momento com o rosto perfeitamente igual a foto de um gato em pelos brancos, muito mais do que mal-humorado, que rondava a internet antes da guerra.

    Eu já sentia os sutis efeitos da abstinência durante esse período. Nada muito tórrido, mas o suficiente para arruinar meu humor com pequenos acontecimentos que antes sequer me afetariam. Sim, eu podia ter um longo histórico com álcool, mas quem nunca fez algo que se arrependesse quando bêbado? Não é como se não pudesse mais passar um dia sem um pequeno gole de alívio. Tudo estava sob controle.

    Me sentei sobre o banco com um suspiro, coloquei a garrafa no balcão e calmamente me fiz confortável no assento. Segurando o vidro para leva-lo a boca mais uma vez, o toque liso e gelado em meus lábios antecipando o gosto amargo do whisky e as várias memórias dos momentos em que o mesmo aconteceu.

    Uma mão esquerda rapidamente agarrou o frasco, o som do anel de noivado contra o vidro desaparecendo sob a vida naquele bar. O toque de uma mão direita em meu ombro me fazendo virar para encontrar minha noiva, e sua nada amigável expressão logo à frente de meu rosto.

    - Está brincando comigo?! – Ela exclamou, quase não pude entender o que dizia.

    - Por que?! – Perguntei com um sorriso nos lábios, a música alta em meus ouvidos. – Não posso mais sair para beber com meus amigos?! – Bufei, tentando ficar de pé com braços abertos. Quinn gritando em alegria.

    - Não com uma droga de facada no braço, não pode! – Ela rebateu, facilmente me deixando sentada com um empurrão de ponta de dedos em meu peito. – E eu sei muito bem porque está bebendo!

    - Bom, Senhora Eu-Sempre-Tenho-Razão... – Solucei. - Está errada dessa vez, porque nenhum remédio foi misturado com álcool essa noite! A-HA! Não fiz nada de errado! - Exclamei ao bater palmas, ela bufou me puxando para baixo. Tive de me segurar para não cair mais uma vez.

    - Que merda isso deveria significar?! – Bufou.

    - Que eu dei uma pausa no tratamento. – Dei ombros.

    - VOCÊ O QUE?! – Gritou com cenho franzido, me mantendo sentada mais uma vez. Revirei os olhos e me voltei para o palco. Doc bufava com uma alegre Wynonna, audaciosamente usando seu chapéu sobre o touro mecânico. – Você está mesmo me dizendo que interrompeu o tratamento para... Encher a cara?!

    - Yep. – Apontei para seu rosto com um estalar de dedos. Uma péssima ideia já que o caos de meu curativo estava bem em frente a seu rosto. Ela franziu o cenho. – Urgh, não seja tão chata Clarke...

    - Oi?! – Arqueou as sobrancelhas.

    - É só uma noite!

    - Você mais do que ninguém sabe que em apenas um segundo tudo pode sair voando pelos ares! – Rebateu, espalmando minha mão para longe de seu rosto. – Deus! Nós acabamos de chegar em Polis-

    - Blá blá blá... – Movi os dedos da mão esquerda e minha noiva partiu os lábios Clarke, pronta para despejar toda sua raiva sobre mim. – Eu tive um longo dia, foi praticamente torturada no hospital e é por isso que... – Ela estreitou os olhos. – Eu esqueci o que ia dizer!! – Gargalhei, espalmando o balcão. – De qualquer maneira, eu tenho razão. – Apontei para meu próprio rosto e eu franzi o cenho para o pequeno ponto colorido sobre a pele. Um farelo de amendoim, pelo que parecia.

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