Home, Sweet Home

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    Estávamos exaustas. Caminhar com músculos doloridos, fome, possíveis fraturas e cortes ainda sangrando era de longe uma das mais difíceis partes de uma fuga bem-sucedida. Porque mesmo que tivéssemos escapado havia a possibilidade de morrermos do lado de fora para animais rasteiros e peçonhentos, plantas venenosas ou até mesmo aqueles malditos mosquitos. Que se picassem alguém terrivelmente alérgico seria uma longa, dolorosa e asfixiante morte de se assistir.

    Por sorte, ninguém ali era alérgico a qualquer inseto selvagem. Mas com toda certeza não éramos imunes ao desconforto causado pelo cansaço.

    Um zumbido irritante, um estalo seguido de um chiado e Waverly sacudiu a mão direita. Se livrando do décimo consideravelmente grande inseto que tentava picar sua nuca. Nicole parecia ter entrado em um outro universo, caminhando com coluna curvada, cabelos desgrenhados e olhos para o horizonte.

    A sua frente, minha mãe trocava de lugar com Jane e seu rosto suado tomado em hematomas. Dando apoio a Rosita com olhos murchos para o chão e pele suavemente pálida. A mais velha estava visivelmente cansada, mas mantinha sua atenção na trilha que seguíamos a quase três horas.

    Wynonna estava milagrosamente calada, seu cabelo curiosamente me lembrava um dos vários ninhos de pássaros que vi a alguns quilômetros atrás. Algo que ela riu falsamente ao ouvir e se colocou a me acertar com um suave tapa nas costas, mas que logo se arrependeu quando percebeu meus ombros tensionarem.

    Minha dor não era mais novidade para o pequeno grupo, de tempos em tempos eu era observada ao apertar o pedaço de tecido ao redor de meu antebraço ou endireitar a coluna com um tremer seguido de um insulto e silêncio profundo. Até mesmo prensar os lábios era incômodo, falar trazia a pontada em meu maxilar e respirar ardia em meu nariz, abdômen e costas.

    Clarke tinha tantos ferimentos quanto eu. A raiva em me lembrar de Titus e seus golpes no corredor trazia um sutil alivio em meus ferimentos, mas que logo era substituído por outro pensamento que não levasse a qualquer possibilidade de descontrole.

    Depois de uma pequena reunião de ideias e sugestões durante a caminhada, decidimos que o melhor seria nos direcionar para o acampamento de Polis em busca de suprimentos e abrigo para a noite. Clarke e eu tínhamos certeza do caminho mesmos depois de tanto tempo, podíamos reconhecer aquele pedaço da floresta e caminhávamos lado a lado na dianteira do grupo.

    Todos estávamos aliviadas em ouvir o som dos caças cortando o céu ao longe, as sirenes de Mount Wheather se calarem e o tremor potente que nos fez virar para trás. Encarando a grande nuvem de fumaça negra se fazer presente poucos segundos depois do grave em nossos ouvidos e o sacudir das árvores que mandou pássaros e possíveis predadores para quilômetros de distância.

    Agora tínhamos certeza de que pelo menos um grupo dos outros dois estava a salvo e havia chamado pelo bombardeio da mesma maneira que eu ordenei. Mas não me deixei levar pela crença de que aquilo seria o suficiente para apagar Mount Wheather da face da terra. Aquele pesadelo havia sobrevivido a sua alto-destruição uma vez e eu não duvidaria se o fizesse de novo.

    Assim como Titus, aquele lugar era uma sombra em minha vida.

    - Estamos muito longe? – Waverly perguntou, cambaleando depois de tropeçar na raiz de uma das várias árvores.

    - Na verdade... Estamos mais perto do que imaginam. – Respondi rapidamente, virando à direita junto a minha noiva para observar o longo declive diante de nossos olhos.

    - Argh, Deus... – Rosita bufou, imaginando o quão difícil seria descer entre as raízes.

    - Espera... – Wynonna deu alguns passos para frente e com um sorriso no rosto me encarou. Uma risada escapou da garganta quando encarou a decida mais uma vez. – Esse é...

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