C A P Í T U L O Q U A T R O - Rosas vermelhas...

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C A P Í T U L O Q U A T R O 


Rosas vermelhas...

Assim que coloco os pés para dentro da propriedade sombria, sinto um calafrio percorrer o meu corpo, e sei que não é devido ao frio, já que estou agasalhada. Uma sensação de que algo irá acontecer.

Olho ao meu redor a procura de algo que possa considerar perigoso, ou fora do normal. Mas não encontro nada, continuo minha busca, vendo a neblina desaparecer aos poucos e finalmente começo a enxergar com clareza as coisas a minha volta. Logo à frente avisto uma grande escadaria que leva a entrada da mansão aparentemente abandonada, completamente suja e cheia de folhas. A mansão parece ter dois ou três andares, se contar com a pequena janela no alto, aberta. Dando vista para tudo ao redor e para a cidade ao longe.

Caminho até um ponto vermelho ao lado da casa, não acreditando no que vejo.

Me abaixo tocando nas delicadas e quase mortas rosas vermelhas. É quase um milagre essas rosas terem nascido e crescido em um ambiente tão frio, sem os devidos cuidados, mas pelo que vejo elas são bem resistentes, porém, não duram mais do que um ou dois dias se não forem cuidadas corretamente. Minha mãe adorava botânica, e sempre tivemos um lindo jardim em minha antiga casa, era um hobby nosso, e posso dizer que entendo de algumas coisas relacionadas ao plantio e aos cuidados com flores.

E essas daqui estão realmente precisando.

— Vou cuidar de vocês, amiguinhas. – Sussurro para o canteiro de rosas semimortas.

De repente, começo a me sentir observada.

Olho para cima e vejo.

Apenas a silhueta de um homem de cabelos compridos.

Ai misericórdia!

Realmente mora alguém aqui!

Faço minha melhor cara de paisagem esperando ele me mandar embora. Gritar comigo, me matar, não sei. Mas nada acontece. A imagem desaparece e eu começo a me sentir inquieta.

Quem era ele?

Como ele é?

Por que não me expulsou?

Olho para as rosas e prometo a mim e a elas de que voltarei amanhã cedo. Passarei no centro da cidade e comprarei algumas coisas para poder ajuda-las.

Não querendo abusar da paciência do dono desse lugar incrível e acabar sendo acusada de invasão, decido voltar para casa. Mas a imagem do homem na janela do último andar ainda ronda minha mente, enquanto refaço o mesmo caminho por onde vim.

(...)

Naquela noite não consegui pregar os olhos, imaginando inúmeras faces para o tal homem, e durante toda a noite ele permeou por meus pensamentos. Nas falhas tentativas de idealizá-lo.

No mesmo horário de ontem o telefone toca, e ao invés de dizer "alô", apenas ouço a respiração pesada do outro lado. Permanecemos assim até a pessoa desligar, um sentimento inquietante cresce dentro de mim, a vontade de ouvir a voz de quem ligou, saber quem é. Já estou pronta para sair, não dormir tem seus prós, aproveito que ainda é cedo e coloco no localizador alguma loja que venda material para jardinagem, encontro uma próxima ao Wolves e me dirijo para lá.

Pouco tempo depois encontro o lugar e entro sentindo o cheiro almiscarado das flores que estão à venda e de terra molhada, a loja trata-se de uma estufa a cinco minutos do Wolves, toda de vidro, onde abriga inúmeras flores, de todas as espécies, tipos e tamanhos. Um lugar lindo que sei que voltarei mais vezes. Peço ajuda da florista, explico por cima sobre as rosas vermelhas e que quero não só mantê-las vivas, mas cultivá-las também.

A Fera e a Bela [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora