C A P Í T U L O V I N T E E D O I S - Suspeitas.

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C A P Í T U L O V I N T E E D O I S

Suspeitas.

Uma noite nunca demorou tanto a passar.

Isso é um fato.

Depois que Pierre e Olavo trouxeram Christian da floresta, pedi para que o colocassem em seu quarto, tirei suas botas de couro e sua jaqueta, o deixando apenas com a blusa térmica e calça jeans.

— Me deixe examiná-lo, Valentina. – Olavo pede, aos pés da cama.

— Não. A partir de agora eu cuidarei dele. Me deixem a sós com ele por favor. – Peço entredentes, respirando fundo, enxugando a lagrima solitária que desceu por meu rosto, a primeira de muitas que ainda viriam aquela noite.

— Mas ele precisa... – Levanto a mão direita, ainda de costas, o silenciando.

— Ele precisa de mim. E de algo que você não poderá oferecer. Nos deixe a sós. Não quero ser ignorante, mas se for preciso, serei. – Digo séria, minha voz sai como um comando. Indiscutível, pois ouço apenas a porta bater atrás de mim.

Quando o relógio marcou meia noite, Christian começou a rolar de um lado para o outro na cama. Levantei da cadeira onde estava e fui até ele, assim que coloquei minha mão sobre sua testa pude constatar que ele ardia em febre, sua pele tornara-se avermelhada, e ele começara a se debater, enquanto dormia.

Corri para o banheiro e molhei uma toalha com água morna, fiz esse processo por várias vezes, até sentir a febre amenizar, ouvi ele balbuciar várias coisas, sem sentido, mas algo me fez no que ele disse, que consegui distinguir, me fez chorar. Chorar muito.

" Eu te amo, minha rosa. Não vá. Não... por favor..."

Essa foi a chave que eu precisava para abrir passagem para todos os sentimentos que estive mantendo presos até agora. As lagrimas começam a inundar meu rosto, anuviando meus olhos, me impedindo de enxergar um palmo a minha frente, chorei de soluçar, meus soluços foram encobertos pela coberta dele. Apertei os lençóis com força, até ver os nós dos meus dedos ficarem brancos.

Velei seu sono conturbado durante toda a madrugada, que se arrastou praticamente, fazendo com que eu tivesse vários momentos de reflexão, onde não consegui chegar a lugar algum, apenas ao momento em que Christian começou a correr atrás de mim enlouquecido.

Só que eu não acredito que ele faria aquilo em seu perfeito estado. Eu via nos olhos dele que ele me amava, e que faria de tudo para me proteger.

Todas as vezes que tentei fechar os olhos e dormir, as cenas voltavam com força total, assombrando os meus pensamentos, e a dúvida voltava a surgir em minha mente, não era normal Christian agir daquela forma, tão ensandecido, descontrolado, desmaiar do nada e logo após ter uma febre altíssima, de mais de 40º, o fazendo delirar e se contorcer na cama suando frio, isso me parece mais com alguém que usou drogas. E não com o homem integro e correto que eu conheci.

Drogas...é isso!

Preciso esperar ele acordar e saber se ele ingeriu algo de diferente. E poder dar continuidade as minhas suspeitas.

Enquanto velava seu sono, também orei por ele, por nós, por nosso relacionamento, e por todas as coisas que ainda iremos enfrentar, pois algo me disse que isso é apenas o começo.

(...)

— Minha rosa? – Christian indaga ao despertar.

Passei a noite toda sentada em uma cadeira ao lado de sua cama, observando-o enquanto dormia.

Temendo que algo acontecesse.

Seus olhos negros me fitam carinhosos, porém cheios de preocupação.

— O que está fazendo aqui tão cedo, meu amor? – Tenta se sentar de uma só vez, e não consegue, sua cabeça deve estar girando. Se minhas suspeitas estiverem realmente certas, assim como a boca seca. — Minha cabeça está parecendo confusa, preciso saber de alguma coisa? – Sua voz soa preocupada.

Nego.

— Vim para o jantar que me convidou ontem, amor. – Respondo de forma doce.

Ele arqueia a sobrancelha surpreso.

— Eu não a convidei para jantar, minha rosa. Tomei um remédio que Olavo receitou, seguido de um suco muito ruim por sinal, e fui me deitar. Eu não estava me sentindo bem ontem, meu amor. Por que? Você está me escondendo alguma coisa. O que aconteceu ontem? Eu fiz...

Remédio? Suco ruim, é? – Pondero o que irei dizer, pois já tive confirmações suficientes por enquanto. — Digamos que ontem, você tenha tido um surto, e tenha tentado me atacar.

Christian dá um pulo da cama me deixando surpresa. Ele me olha exasperado, o olhar carregado de dor e desespero.

— Eu... fiz de novo? – Indaga preocupado, com a voz cheia de emoções.

— Sim. – Me limito a não dizer mais do que posso explicar.

Como dizer a ele que desconfio de que o melhor amigo o tenha drogado?

Que o melhor amigo é um enviado do cão, para tirar a nossa paz, e que ele não pode mais confiar nesse cara?

Ainda não posso.

Não enquanto não tiver provas.

Christian se ajoelha aos meus pés diante da cadeira e se permite chorar, acaricio os seus cabelos, enquanto planejo as inúmeras formas de colher o máximo de provas possíveis, e finalmente desmascarar esse amigo da onça.

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Comentem bastante e votem tbm, me ajudam a saber que estão gostando da história, aguardem por que vem altas surpresas por aí. <3

Beijos de luz minhas riquezas.

A Fera e a Bela [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora