C A P Í T U L O S E T E
Conhecendo a Fera.
Assim que Candy e Bran me desejam boa-noite e fecham a porta, já tarde da noite levanto-me indo em direção a janela, contemplo a chuva forte cair do lado de fora, e me lembro das rosas, elas estarão praticamente mortas amanhã, uma sensação de impotência bradando dentro de mim.
Por mais resistentes que elas sejam ao clima úmido, elas estavam fracas demais e não sobreviverão a essa tempestade, fecho a cortina e caminho até a porta, em uma atitude impensada me coloco para fora do quarto, dando de cara com um longo corredor, com duas saídas, que não faço a menor ideia para onde me levarão.
Com os pés envoltos pelas meias, sinto aos poucos a maciez do carpete escuro e macio, por toda a extensão dos corredores, observo as duas opções de saída e penso bem antes de seguir pela que leva para o lado direito, conforme vou caminhando noto que há pouco iluminação, apenas algumas velas, espalhadas em castiçais dourados, pendurados nas paredes.
Apoio minha mão nas paredes por onde passo, após tropeçar em um pequeno degrau e quase me estatelar toda no chão. Ouço um rosnado vir de dentro de um cômodo logo mais à frente e me apresso em chegar lá.
— Inferno! – Uma voz masculina brada, e sinto os pelos do meu corpo arrepiarem-se diante de sua voz forte, e potente.
A porta está entreaberta e consigo ver com muita dificuldade a silhueta alta e forte do homem nervoso que está ali dentro, ele tem cabelos na altura dos ombros, braços fortes e um corpo musculoso, dá para notar pela maneira que suas roupas parecem prestes a estourar a qualquer momento, ele está de costas para mim, deve estar muito nervoso mesmo para não ter notado a minha presença.
Mal posso acreditar que é ele.
O homem que tem rondado os meus pensamentos há quase quatro dias, que tem me feito passar noites em claro, imaginando como deve ser o seu rosto, e vê-lo assim tão másculo e furioso a minha frente é o ápice para mim.
Devo estar enlouquecendo...
Tenho vontade de ir lá, colocar as mãos em seus ombros tensos e dizer que o que quer que seja que ele esteja sentindo vai passar, e poder contemplar um sorriso em seu rosto que ainda estou curiosa para conhecer, uma vontade absurda de desvendá-lo, seja aos poucos, lentamente, ou de uma só vez, mas quero conhecê-lo, independente de como. Apenas saber como ele é.
— Não quero companhia, Candy! – Sua voz sai mais como um rugido, felino e incontestável.
Adentro o espaçoso escritório e vejo a bagunça em que se encontra, papeis, fotos, garrafas e copos espalhados por todos os lados, assim como muitos jornais, ele soca a mesa de mogno preto com tanta força que temo que irá fazer um buraco na pobre coitada.
— Não é a Candy. – Respondo deixando a porta aberta, vai que eu precise correr?
Mesmo sentindo que ele não me fará mal.
Seus ombros enrijecem e ele não vira em minha direção. Permanece estático olhando para a grande estante de livros, na parede em sua frente.
— Quem é você e o que faz na minha ala pessoal? – Ele solta um grunhido feroz, indignado com a minha presença.
— Você sabe quem eu sou, tem me observado cuidar do seu jardim. E como você me alegou naquele bilhete, que precisava saber o meu nome, pois não permite estranhos em sua propriedade, eu me chamo Valentina. E você? – Sinto minhas mãos tremerem, e meu corpo querer ir de encontro a figura masculina ainda de costas para mim, como em uma atração física, incontrolável, onde os opostos se atraem, me puxando até ele.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Fera e a Bela [CONCLUÍDA]
SpiritualObra Concluída. ✔ Valentina é uma jovem alegre, espontânea e cheia de vida que acaba de perder os pais e recebe um convite de ir morar com a tia em Wanderwood, uma pequena, fria e pacata cidade no interior do país. Wanderwood ficou conhecida pelo a...