C A P Í T U L O Q U A T O R Z E - A verdade.

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C A P Í T U L O Q U A T O R Z E


A verdade.


Ajudei-o com a louça, mesmo ele não querendo, e após deixarmos a cozinha da Candy limpa e organizada, seguimos em direção à sala, para podermos conversar.

Eu não estava preparada cem por cento para ouvir tudo o que ele tinha a me dizer sobre aquela noite. Mas sei que não conseguirei dar nem mais um passo adiante do que quer que tenhamos se não o ouvi-lo. Entender o ponto de vista dele, como tudo aconteceu.

Christian indica o lugar vago para que eu me sente primeiro e senta-se logo após sobre a perna esquerda, de forma descontraída e despojada, porém seu semblante está sério, e concentrado, como se reviver os pensamentos daquele dia lhe doessem muito.

Apoia o braço esquerdo sobre o sofá e deita sua cabeça sobre a mão, finalmente os olhos me encarando dessa vez.

— Até que ponto quer saber? – Indaga.

Meu filho, eu quero tudo. Tudo o que você puder me dizer!

— O que você quiser me contar. – É o que respondo.

Sabendo que irá lhe doer ainda mais quando deixar as lembranças amargar virem a tona novamente.

— Helena é como ela se chamava. Nos conhecemos em evento de amigos em comum, naquela época ambos estávamos no auge de nossas carreiras, ela como modelo de uma grife muito famosa e eu como arquiteto. Ela se parecia muito com você. – Estreito os olhos analisando-o com cuidado, para ter certeza se ele não está vendo em mim a falecida esposa. Por que se for, já sei que preciso tirar meu time de campo, infelizmente não podemos competir com um amor do passado, ainda mais se ele não fez questão de guardá-la apenas como uma boa lembrança. — Não se preocupe, minha rosa, a semelhança entre vocês acaba na aparência. – Responde acariciando minha mão que acabara de colocar sobre sua perna, entendendo perfeitamente minha preocupação sem eu ter dito absolutamente nada. — Helena era uma pessoa doce, bondosa, gostava de ajudar o próximo, mas não gostava de lutar por seus ideais, desistia fácil das coisas, se aquilo fosse lhe causar rugas, era exagerada e um pouco inconstante. Mas ainda assim eu a amava, com tudo o que tinha, com apenas alguns meses de namoro decidimos nos casar, foi o evento do ano, todos vieram nos prestigiar, então quando tudo aconteceu tínhamos 3 anos de casados, estávamos felizes por que tínhamos acabado de descobrir que teríamos um filho. Eu fiquei louco de felicidade, seria pai, um dos meus maiores sonhos, seria realizado, nossos trabalhos estavam em sintonia e vivíamos uma vida confortável, além de sermos felizes juntos, o meu melhor amigo tinha acabado de chegar de viagem, para nos visitar, e eu não me senti muito bem, pedi a ele que me desse um remédio para enxaqueca, já que quando a tenho, passo muito mal, tomei esse remédio, e fui para o quarto descansar.

Escuto calada todo o seu depoimento absorvendo todos os mínimos detalhes, observando seu rosto bonito tornar-se uma carranca amarga e confusa.

— Depois que passei mal, eu me lembro de algumas poucas coisas. Lembro de correr atrás dela com um machado, lembro de ouvi-la pedir para que não fizesse aquilo, seu rosto banhado por lagrimas, e o que realmente aconteceu a minha mente simplesmente bloqueou, como se não tivesse acontecido. Eu não me lembro de mais nada, Valentina. Absolutamente nada! – Exclama amargurado. — Nós nunca fomos de ficar brigando, sempre que tínhamos alguma desavença conversávamos e nos resolvíamos, na manhã seguinte o meu melhor amigo me ajudou com toda a situação, e que bom que eu o tinha comigo, pensei por inúmeras vezes em acabar com a minha vida, eu não tinha o direito de tirar a vida de alguém tão jovem, principalmente da mulher que eu amava! Mas tudo ainda é tão confuso em minha mente, já passei centenas de noites em claro repassando toda aquela noite, e nada acontece, nenhuma nova cena.

A Fera e a Bela [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora