A Fera e a Bela [CONCLUÍDA]

C A P Í T U L O V I N T E E S E T E - A Caçada.

C A P Í T U L O V I N T E E S E T E

A Caçada.

Desço os degraus da escadaria apressadamente, sei que nesse jogo doentio dele, ele me fará achar que estou livre, quando no final ele está apenas dando um tempo para me capturar. Eu sou a sua caça, e ele o caçador.

E ele fez disso uma caçada. Uma estupida e doentia caçada!

Me espremo com muita dificuldade entre as barras de ferro dos portões e sei que machucou pois sinto uma leve ardência em algumas partes, onde minha blusa ficou presa, arrancando a barra dela e acertando em cheio parte da minha barriga e quadril.

Manco ao quase torcer meu pé direito enquanto passava com dificuldade pelos portões.

Corro desesperada pela floresta escura e fria, olhando para trás a todo momento me certificando o quão perto ele está. Ouço sua respiração alta devido a breve corrida, mas parece que nada irá pará-lo, até me capturar. Prevalecendo apenas o barulho descompassado do meu coração.

Não tenho dificuldades em me desvencilhar das árvores, nem dos arbustos. Minha mente aprendeu a conhecer cada canto desse lugar. Corro até sentir o ar me faltar aos pulmões. Não posso me dar ao luxo de ser pega.

Eu sabia que era ele.

Quase surtei quando pude ter a certeza de que era realmente ele. Aquela conversa fácil, sorriso doce e jeito cativante. Ele nunca me enganou. Aquele traidor de uma figa!

Enganou a todos.

Menos a mim. Deus nunca me deixou ser iludida por ele. O Espírito Santo nunca mente, e quando estamos ligados a Ele de forma direta, evitamos nos precipitar em certas decisões e confiar nele foi uma delas. Quando todos o amavam eu pesquisava mais sobre sua vida. Sobre o seu passado. E foi isso que o fez vir atrás de mim, com sede de sangue, eu sei o que ele fez.

Investiguei tudo o que podia.

Ele vai pagar. Pagar caro por esse assassinato. Por ter enganado a tudo e todos. Por ter tentado me iludir com suas palavras fáceis.

Me escondo em meio à alguns arbustos quando ouço ele bater contra uma árvore com o machado. O machado que ele usou para assassinar a mulher que ele disse amar um dia. E que irá fazer o mesmo comigo.

— Apareça, preciosa. Não precisa temer. – Ele diz em voz alta, ecoando pela floresta silêncios.

Fecho os olhos.

Desde que o conheci estranhei o fato dele me chamar assim, mas quando vi a foto dela, pude entender por que não só ele, mas como as pessoas que moram aqui me olhavam diferente, sou extremamente parecida com ela, e esse foi o início de sua loucura. Eu me parecer com a mulher que ele amou.

Mas não há carinho ou doçura em voz, agora.

Ele está brincando comigo, jogando como sempre fez. Por que é assim que funciona a mente de um psicopata. Quer sentir o meu medo, manipular os meus sentimentos como fez com os outros, criar uma bolha de ilusão, e me fazer sentir coagida, amedrontada.

— Por que você tinha que ser tão enxerida, Valentina? Estava tudo indo tão bem! Eu estava quase conseguindo o que queria..., mas você resolveu estragar tudo, agora preciso capturar você antes do planejado. – Ele grita nervoso, jogando sua máscara de falsa calma no chão de uma vez por todas.

Lagrimas quentes banham o meu rosto.

Eu sei que esse pode ser o meu fim.

Tento controlar minha respiração para que ele não me ouça, mas sei que é impossível. Ele sabe o que faz, é meticuloso e cuidadoso em tudo o que faz. Ele é um exímio jogador, e eu sou apenas uma mera peça em seu tabuleiro.