Heaven Is A Place Full Of Nothing - ChaeKura [EM HIATUS]

Seven Years Old

Nos aniversários normais, as pessoas cantam parabéns, ouvem as músicas do momento e comem bolo.
No meu, tocam músicas fúnebres, as pessoas fingem que se importam, eu ouço discursos falsos de como eu era amada e minha irmã chora.

Estou sentada na lápide do meu túmulo, agora, vendo esse showzinho patético.

—... fazem sete anos que nossa querida Chaeyeon nos deixou, mas tenho certeza que ela foi dessa para melhor, e está nos vendo agora, de seu lugar no paraíso... – "Querida"... Não sou realmente querida por ninguém aqui, se não minha irmã, que hoje não chora nem sinais de que o tenha feito. "Ir dessa para melhor"... Adoraria saber como é, mas não sei, quanto ao paraíso, se é que existe, deve ser um lugar bom, onde se sinta prazer em comer, se ouça música, se sinta como se vivesse.

Minha irmã tinha seguido em frente... Por que eu não?

Bom, a resposta talvez estivesse na minha frente agora, eu só não a enxergasse.
Eu não sabia como fazê-lo e não havia ninguém que pudesse me ensinar.

Enquanto tentava prestar atenção no discurso fútil do cerimonialista que se quer me conhecia, minha mente divagou para cartomantes, videntes e pessoas que jogassem tarô.
Esse tipo de pessoa tem uma carga espiritual muito grande e podem sentir o sobrenatural, mesmo que apenas de leve.

Anotei mentalmente que deveria procurar uma taróloga, ou algo do tipo, para pedir ajuda, para que me guiasse ao mundo espiritual e me ajudasse a me libertar de um mundo mortal sem cor, cheiro, sabor, ou toque. Até mesmo sons costumam parecer abafados em meus ouvidos. Tenho realmente que prestar muita atenção para entender palavras humanas com clareza.

Até onde sei, fiquei aqui pura e unicamente por causa de minha irmã, mas eu tenho que encarar: minha irmã não precisa mais de mim e, se precisar, não tenho mais como ajudar, afinal eu sou um fantasma.
Sou inútil.
A droga de uma alma penada.

Quando aquele show ridículo acabou e a multidão começou a se dispersar, segui minha irmã e minha tia até o hotel onde estão hospedadas e as deixei na porta.

De lá, comecei minha peregrinação pelas ruas de Seoul atrás de alguém que me visse e ouvisse e, principalmente, que pudesse me libertar.