Heaven Is A Place Full Of Nothing - ChaeKura [EM HIATUS]

Soft Moments

—Eu não vou tomar mais nem um gole disso! — ouvi um grito vindo da cozinha assim que adentrei o local.

Seguindo para a cozinha, me surpreendi com a cena incomum: Chaeyeon segurava um copo de madeira com o mesmo líquido roxo que eu a ensinara a preparar, enquanto ChaeWon tapava a própria boca e balançava a cabeça para os lados como uma criança fazendo pirraça, enquanto isso, no canto, Minju tinha no rosto um sorriso que deixava claro que se segurava fortemente para não rir da cena, assim como era minha vontade. Ao contrário dela, não me segurei e ri, chamando a atenção das três, mesmo que não tenha sido um riso estrondoso.
Chaeyeon se virou pra mim com a feição divertida e irritada ao mesmo tempo, se é que isso era possível.

—Sak — disse prolongando o a — Me ajuda a fazer a ChaeWon tomar isso! — estendeu o copo na minha direção.

Logo ChaeWon interveio em defesa própria

—Eu estou morta a três anos e nunca precisei disso! Aliás, Chaeyeon, você me disse que manteve sua alma aqui por sete — ChaeWon fez um sete com os dedo em frente ao rosto de Chaeyeon — anos e nunca precisou disso.

Chaeyeon abriu e fechou a boca tentando encontrar argumento, em vão.
Aquilo fez Minju finalmente soltar a risada que prendia.

—Será que não podíamos colocar algo pra melhorar o sabor, não? — Minju disse — Eu também já não aguento mais tomar isso todo dia!

—O gosto não deve ser tão ruim assim, né? — eu intervi, pegando o copo da mão Chaeyeon e dando uma golada. Minha careta foi instantânea — Isso é horrível! — disse mais alto do que pretendia e as três riram — Peço mil perdões, Chaeyeon e Minju, por tê-las feito tomar isso. — me desculpei deixando o copo na bancada e dando a volta na mesma para lavar minha língua na pia.

—Querem tentar fazer uma receita nova disso, então? — Chaeyeon disse

—Óbvio! — ChaeWon falou — Algo que pareça que realmente foi feito pra colocar na boca ao invés de pra limpar o chão.

Minju pôs-se a rir novamente e desliguei a pia, me segurando para não rir com água na boca.
Cuspi a água na pia e joguei mais um pouco d'água no restante dela para limpa-lá do meu cuspi e sequei as mãos e a boca.

—Teríamos que copiar as mesmas propriedades deste, e eu não sei se tem como fazer isso ser ter gosto de produto de limpeza.

—Não é só fazer a mesma receita e colocar uma com gosto bom, não? Tipo erva mate? — Perguntou Minju.

ChaeWon e Chaeyeon olharam uma pra outra e depois para Minju, ao disseram em uníssono:

—Não é assim que funciona.

Enquanto as três riram, fiquei me perguntando o que eu tinha perdido...
Chaeyeon logo se virou para mim novamente.

—Já que vamos fazer mesmo isso, melhor começar a estudar as propriedades que devemos copiar e com que ervas podemos reproduzi-las, certo?

Juntas, fomos as quatro para o cômodo principal do consultório. Chaeyeon, novamente pegou aquele caderninho de anotações que eu havia feito para ela. Me impressionei com seu domínio sobre a própria solidez, desde o início do dia, tudo o que segurara se mantivera em sua mão, o copo, o caderno e até uma caneta que pegou, aparentemente de forma inconsciente, para fazer anotações no caderno.
Não pude acompanhá-las durante todo o tempo, pois tinha que atender os clientes, mas quando, mais tarde, fui checar o progresso, me surpreendi ao ler as anotações de Chaeyeon. Morta a sete anos, com todo esse tempo sem praticar, sua letra conseguia ser extremamente mais bonita que a minha. Também me impressionei com sua facilidade em aprender. Suas anotações estavam todas corretas e tive certeza de que, antes de cair a noite, já teria pronta uma nova receita, muito mais saborosa, do elixir de Madame Yun.
Olhei para ela com um sorrisinho estampado no rosto. Ela estava conversando com ChaeWon e Minju, elas pareciam estar se divertindo, então preferi não incomodá-las.
O sino da porta tiniu anunciando a chegada de outro cliente. Fiz uma breve anotação no caderno, no fim das de Chaeyeon, fechei o caderno e o deixei em cima da mesa, indo atender o cliente que havia chegado.