What's That Feeling

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Já se passou um mês desde a morte de Minju. Quase duas semanas desde seu incidente com a rosa.

Mesmo ambas estando mortas, mesmo ambas sendo espíritos presos ao plano vivo, não posso toca-la.
O mínimo contato com ela me queima.

As manchas não sumiram.
Os machucados não se curam.

Na verdade, alguns estão ficando cada vez mais escuros.
As vezes acho que a culpa por ter se atirado esta a consumindo.
As vezes parece que a visão de WonYoung a fere.
Queria poder saber o que se passa por sua mente, mas acho que nem o maior grau de percepção espiritual alcançado por alguém permitirá saber o que se passa na mente de um fantasma, mesmo que também se seja um.

Observo-a intensamente sem se quer notar.
Ela, no entanto, parece já ter percebido, mas não se incomoda.
Observo seus machucados, cada vez maiores e mais escuros. Se fossem ferimentos reais, seriam facilmente curados com o uso de medicamentos e remédios.

Tal pensamento me dá uma ideia.

Me levantei e fui até os armários onde a cartomante guardava suas ervas, na cozinha.
Quando fui abrir uma das portas dos armários de cima, apesar de ter conseguido segurar e puxar, o puxador da porta acabou atravessando meus dedos etéreos e batendo com força de volta no armário.
Repeti a tentativa falha algumas vezes, não me lembro quantas ao certo, até que ouvi uma voz pronunciar meu nome de trás de mim.

。・°°💮°°・。

Estava revendo algumas de minhas anotações que fiz no último mês, tanto sobre o caso de Chaeyeon quanto sobre o de Minju, afim de tentar descobrir algo relevante que no ajudasse a avançar.
De repente, ouvi um leve estrondo vindo da direção da cozinha.
Num primeiro momento, decidi ignorar, mas o barulho se seguiu repetitiva e irritantemente em um ritmo desconexo.
Finalmente virei meu rosto pra o restante do consultório, percebendo a falta de Chaeyeon.

Me levantei devagar e fui até a cozinha, seguindo o incessante barulho de batida.
Ao entrar na cozinha, me deparo com a imagem de Chaeyeon tentando abrir a porta de um dos armários, no entanto, o puxador escapa de seus dedos, o que causa o barulho.

—Chaeyeon? – pergunto e ela se vira, levemente assustada. Aparentemente eu a havia assustado, sem querer, pela minha aparição repentina. – Precisa de ajuda?

Chaeyeon afirmou com um meneio de cabeça e abriu espaço para que eu passasse.
Não entendi o motivo, mas minha pele formigou e senti um leve arrepio por estar tão próxima dela, no momento em que fiquei na ponta dos pés para abrir o armário.

—Obrigada, Sakura. – ela disse baixo, assim que tornai a me afastar.

Chaeyeon se pôs na frente do armário, observando, também na ponta dos pés, as ervas e poções guardadas lá. Sua face confusa dava a entender que estava com medo de tentar mexer nas coisas por não saber se seria capas de segura-las ou movê-las.

—Chaeyeon, sem querer ser intrometida, mas, por que quer tanto as ervas que tem nesse armário? O que pretende fazer?

Chaeyeon firmou os pés normalmente no chão outra vez e me fiou, hesitando por alguns segundos.

—Os machucados de Minju. – disse finalmente – Eles parecem maiores a cada dia, então eu pensei que... – pareceu envergonhar-se e baixou o rosto – Talvez, eu só achei que alguma dessas ervas pudesse agir como remédios quando nos cortamos com papel ou ralamos o joelho quando somos crianças.

—Eu nunca tinha pensado nisso. – sorrio – é uma ideia maravilhosa Chae.

。・°°💮°°・。

Levantei o rosto imediatamente.
Não sei o por que, mas algo no jeito que ela disse meu nome, não sei se pelo fato de o ter encurtado ou se foi efeito de seu sotaque, mas senti uma leve pontada em meu peito, algo quente, como se algo batesse ali novamente.
Seu sorriso leve era lindo e seus olhos brilhavam, assim como imagino que os meus devessem estar.

Que sensação era essa?
Seria esperança?

Ou outra coisa?

Heaven Is A Place Full Of Nothing - ChaeKura [EM HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora