How I Get There

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Eu tinha apenas dezesseis anos.

Hoje eu sei que, considerando quantos anos eu ainda podia ter pela frente, eu era apenas uma criança.
Ainda assim me considerava uma adulta.

Eu havia tomado as terias da minha própria vida muito cedo, aos doze anos de idade já morava sozinha e cuidava de minha irmã menor, que na época tinha apenas dez.
Isso se deu ao fato de eu ter conseguido emancipação após descobrirem que meu padrasto abusava da gente, pouco após minha mãe falecer durante um período gestativo quando ele chegou em casa bêbado e decidiu que seria divertido vê-la implorar para que ele não nos machucasse e que batesse nela em nosso lugar...

Sei que ela deve estar no chamado paraíso agora, seja lá onde isso fica.
Nunca aprendi o caminho.

Quanto a Chaeryeong, minha irmã, está viva.
Passou a morar com nossa tia em Busan, que que eu não poderia mais cuidar dela em Seul.

Bom, você talvez esteja se pregando por que de eu estar falando isso.
O que aconteceu comigo, afinal, não é mesmo?

Bom, de uma forma simplificada, eu morri.

Parecia ser uma tarde comum.
Eu estava no segundo ano do ensino médio, estava indo para a escola no que deveria ser mais um dia letivo normal.
Chaeryeong não ia comigo pois sua escola ficava para o lado contrário a minha, já que ela ainda estava no último do ensino fundamental.
Bom, acho que posso considerar isso muita sorte.
Como sempre, eu estava indo de bicicleta, pois a escola ficava muito longe e eu preferia não gastar dinheiro com a passagem do ônibus pois a pensão que recebíamos era pouco mais do que o suficiente para pagar nossa moradia e comprar o que comer, contudo, eu não esperava que naquele dia um ônibus fosse perder o controle e invadir a ciclovia.
Pois é, eu morri atropelada por um ônibus desgovernado a caminho da escola...

Os filmes ensinam que, quando morremos, não vemos nada, exceto um luz branca forte.

Não é isso o que acontece.

Bem... Talvez seja, com pessoas que morrem e vão para o além, seja lá onde for. Mas, comigo, não foi assim...

Eu pude ver meu sangue, luzes vermelhas e azuis piscando, os paramédicos. Eu ouvi as sirenes, os gritos histéricos e o som do medidor de batimentos cardíacos anunciando que o meu coração já não batia mais...

Heaven Is A Place Full Of Nothing - ChaeKura [EM HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora