CAP. 4

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Não imaginava que quebrar um fêmur iria me resultar em uma piora psicológica. Não, não estou depressivo. Sei lidar com o passado muitíssimo bem. Mas o futuro... O futuro me maltrata de tal maneira que não sei explicar.
Possivelmente por ele não me pertencer, por estar completamente fora do meu controle, uma total incógnita que me deixa extremamente angustiado. Esse cuidado, repouso e possibilidades de ficar manco me deixam uma pilha de nervos. O pior é ter que olhar pra minha coxa todo santo dia cheia de ferros e sentir o coração acelerar tão rápido por meu cérebro acreditar que está quase impossível reencontrar Samanta.

Porra, logo agora, que estava tudo dando certo e isso me acontece.
Sem esquecer que ser uma pessoa dependente é foda demais.
Nos primeiros dias, precisava de alguém me auxiliando até para ir ao banheiro. Depois que recebi alta, as coisas melhoraram um pouco, mas mesmo assim, pra ir às consultas, preciso de alguém pra dirigir pra mim.
Puta merda! Logo eu, sempre tão independente. Sempre odiei ter que precisar de alguém para fazer as coisas para mim...
Mas tudo bem, tudo bem! Quando ficar bom, vou meter o pânico nisso tudo e ninguém vai me segurar.

- Rodrigo?

Viro a cabeça rapidamente, deixando morrer meu risinho de possível futura vitória, avistando Ceci, que me olhava parada no meio do quarto, bem tentando entender minha cara de abestado:

- Diga - me!

- Você está precisando de algo?

Ah, Ceci! Se você soubesse...

- Não, linda! Vem aqui, vem. - peço vendo sua carinha de satisfação enquanto senta ao meu lado na cama. Puxo-a pela nuca e lhe dou um beijo calmo, enquanto ela corresponde com toda paciência e amor do mundo. Está extremamente apaixonada e aquilo me incomoda. Me incomoda porque nunca irei retribuir da forma que merece. Além de linda, é uma mulher encantadora. Poucas são assim hoje em dia...
Volto a encará-la e procuro saber:

- Você está bem?

Ela sorrir com meiguice :

- Sim, amor. Você também está?

Quando me chama de amor, aí que fode tudo!

- Está ótimo! - ergui a mão para tocar-lhe a face. Adorava fazer aquilo, principalmente quando cerrava os olhos e seus cílios gigantes desciam com delicadeza. - Você não precisa ficar aqui o tempo todo. Vai em casa!

- Não, gosto de ficar cuidando de você.

Esbocei um sorriso e a puxei para se aproximar de mim. Ela deitou-se ao meu lado e apoiou o rosto sobre meu peito. Continuei com o carinho, agora mexendo devagar em seu cabelo negro e liso.

- Minha Ceci, não se entregue tanto. Você sabe que não posso responder às suas necessidades. Eu amo outra mulher.

Ela abriu os olhos e os lábios carnudos se curvaram para um sorriso de canto :

- Eu sei, Rodrigo! Mas eu quero... Não dá pra voltar atrás.

- Você tem certeza? Você sabe que posso sumir a qualquer momento da sua vida.

Ela gargalhou, depois apontando para minha perna :

- Pelo menos sei que isso não é pra já. Você não iria tão longe.

Acabei gargalhando também, notando os olhos negros voltarem a me fitar. Tirei uma mexa de cabelo do rosto moreno e o coloquei atrás da orelha, observando - a. Somente Jamilly Ceci conseguia me despertar algo além de desejo sexual. Realmente não saberia explicar como conseguiu alcançar esse estado, mas poderia me vê bestificado com a beleza e a distinção para comigo.

- Não se preocupe. Eu a avisarei quando não puder mais ficar.

Seu risinho foi fraco e entristecido, colocando o lado do rosto sobre meu tórax. Seus dedos tocaram meu cabelo perto da barba e disse com a voz meiga:

PROIBIDO ESQUECEROnde histórias criam vida. Descubra agora