O dia estava ensolarado e o local era arborizado com a grama muito verde. Algumas árvores de porte não tão grande faziam uma boa sombra e eu estava sentado debaixo de uma delas, achando tudo aquilo extremante maravilhoso.
Olhei para o céu e estava azul, com algumas nuvens muito brancas e os pássaros apareciam para ecoar seus cânticos variados.
Com isso, resolvi me deitar para apreciar melhor aquela vista, quando ouvi a voz de Samanta ao longe, fazendo - me voltar a sentar rapidamente.
Ela caminhava ao lado do nosso filho, ambos de mãos dadas e senti meu coração acelerar diante aquela imagem esplêndida. Ao me vê, Ruy soltou-se dela e veio ao meu encontro correndo. Não pude deixar de me levantar e bestificado, correr até ele também, deixando - o pular em meus braços para um abraço muito forte.
Era uma miniatura minha, com seus cabelos loiros e olhos verdes. Como aquela sensação era maravilhosa, de poder abraçar meu filho depois de tanto tempo. Realmente não queria soltá-lo.
Mas o coloquei de volta no chão depois de estalar um beijo em seu rosto, observando Samanta aproximar - se calmamente, com um risinho em seus lábios, me encarando com seu olhar de menina levada. Seu corpo estava perfeito no vestido branco e longo, seu cabelo esvoaçante com a brisa serena... simplesmente maravilhosa.
Como eu a amo, amo demais!
Meu coração não conseguia manter-se em meu peito de tanta emoção.
Ela ergueu a mão e eu a peguei , sem deixar de fitá - la.
Aproximou - se colocando uma mão no meu peito enquanto a outra deixou entrelaçar seus dedos nos meus.
- Você é linda! - disse muito próximo e ela riu com timidez, me permitindo beijá - la com calma. A vontade que tinha era de despi - la e amá-la sobre aquela grama, mas isso poderia esperar.
Ruy se aproximou e o abracei pelos ombros, guiando os dois para que se sentassem debaixo da árvore junto a mim.
Estendemos no chão uma toalha xadrez típica de piquenique e distribuímos sobre ela alguns pratos variados, como bolo, sanduíches, suco... Logo começamos a saborear daquelas delícias e realmente, nunca me senti tão feliz.
Conversamos sobre coisas variadas, gargalhamos de algumas coisas e comprovei que meu bom-humor sádico acabara passando pelos genes para Ruy. Depois de me contar uma eventualidade que ocorreu na escola, ri maravilhado, o admirando e torcendo para que não fosse tão filho da puta como eu.
- Ruy, você me mata de orgulho! - disse vendo-o gargalhar enquanto Samanta batia no meu braço discretamente.
- Posso ir brincar um pouco? - ele pediu e ela assentiu:
- Sim, mas tome cuidado!
Com isso, veio até nós e nos abraçou ao mesmo tempo, beijando nossos rostos um de cada vez e antes de correr pelo campo, disse :
- É muito bom ter vocês dois juntos!Rimos, vendo - o ir e depois, nos encaramos. Ela deixou o sorriso sumir e apertou os olhos, fazendo biquinho :
- Não pode dizer que tem orgulho dele aprontar na escola, Rodrigo! Você tem que reprovar esse tipo de coisa. Ele é seu filho!
Gargalhei achando aquilo mágico. Sou pai de um garoto arteiro e não tinha sensação melhor que aquela :
- Tudo bem! Prometo não achar mais engraçado. A próxima vez, vou lhe dá algumas palmadas.
Ela riu fraco, entortando a boca. Aproveitei para me aproximar e beijá-la de surpresa, tocando em seu rosto com ternura.
Não conseguindo evitar, acabou envolvendo seus braços em meu pescoço e ficamos daquela forma, aproveitando a oportunidade por um bom tempo.
Nos deitamos para observar as nuvens, mas antes disso, chamei Ruy para que voltasse. Ele não estava longe e ao me ouvir, veio correndo entusiasmado. No entanto, quando aproximou-se, um grito aterrorizante me fez levantar em um pulo, desesperado. Cadê Ruy? Ele estava aqui ainda pouco!
- Ruy? - gritei, sentindo um calafrio terrível subir minha espinha.
- Ruy! - Samanta começou a gritar também, mas como não havia resposta, sua aflição ficou visível. Ela virou-se para mim, levando a mão na cabeça, os olhos marejados.- Rodrigo, cadê meu filho?
Eu não sabia! Meu Deus, o que estava acontecendo? Como ele sumiu de repente? Estava ali na minha frente e do nada, desapareceu? Sem resposta para confortar uma mãe aflita, corri para onde o tinha visto pela última vez e bradei seu nome o mais alto que pude, tentando manter a calma para resolver aquele problema. Mas que droga! Meu coração acelerou de tal forma que não estava conseguindo lidar. Estava entrando em pânico!
Para piorar a situação, outro grito de espanto ecoou pelo lugar, me fazendo virar para Samanta, que não estava mais lá onde a deixei.
Mas o quê? Que merda é essa? Eu estava... Estava sozinho novamente...Minha cabeça iria explodir. A apertei como um desesperado, querendo me livrar daquele pesadelo e após o esforço, abri meus olhos, deixando um brado abafado fugir dos meus pulmões.
Senti meu estômago embrulhando e muito rápido, tudo estava querendo voltar, dando tempo apenas de virar meu corpo e vomitar do lado da cama.
Quando a ânsia acabou, apoiei minhas costas no encosto da cama, passando a mão no rosto, esperando o ar voltar. Era só manter a calma e tudo ia se normalizar... Mas que calma? Não estava conseguindo estabilizar a situação e uma vontade louca de chorar emanou dos meus olhos. Que porra! Odeio isso! Odeio estar passando por isso.Quando percebi que Ceci entrou no quarto, eu estava puxando meus cabelos impaciente, fazendo-a correr até mim, pulando sobre a cama e me abraçando depressa, envolvendo minha cabeça perto dos seus seios:
- Calma, Rodrigo! Estou aqui. Já passou, já passou...
E por incrível que pareça, ouvi - la fazia meu coração desacelerar, seu abraço fazia meu ar voltar, sua presença fazia minhas lágrimas acabarem...
Depois de um tempo, menos assombrado, ela ergueu meu rosto e sorrindo, disse me encarando :- Está se sentindo melhor agora?
Ri brevemente, vendo o quanto era cuidadosa. Já tinha presenciado isso diversas vezes. Com certeza, havia se acostumado. No entanto, acredito que dessa vez, teria sido pior , pois era a primeira vez após a fratura.
Até me surpreendi. Pensei que ia ter mais crises depois desse infortúnio, mas não.- Sim, estou. Obrigado por estar aqui...
Riu fraco, passando a mão nos meus cabelos e logo, beijando - me perto do olho.
- Acho bom você ir tomar um banho enquanto limpo aqui. Você está parecendo um pimentão de tão vermelho.
Então lembrei que havia vomitado. Merda!
- Desculpa te fazer passar por isso. Você não tem obrigação nenhuma de cuidar de mim.
- Faço com todo prazer do mundo. Amo você, Rodrigo!
Ai, meu Deus! Quer fazer com que eu me sinta pior? Acabei ficando calado e percebendo, me soltou, levantando - se da cama. Me movi cuidadosamente para o outro lado e peguei minhas muletas, resolvendo ir tomar banho.
- Preparei seu café da manhã. Quer que eu traga aqui?
Me avisou e eu estava no meio do quarto, me aproximando do banheiro :
- Não, vou tomar com você. Me espera, está bem?
Ela assentiu e sorri. Ao entrar naquele cômodo, meu peito apertou ao perceber minha perna. Vai demorar mais um bocado para tirar aqueles troços e por isso, mais tempo para ir a Portugal.
Aquele sonho/pesadelo pareceu tão real... Como foi maravilhosa a sensação de ter os dois comigo. Quero viver isso de verdade ... Mas a parte que sumiram estimulou uma crise de ansiedade até inconscientemente. Que loucura!
Realmente preciso ir à um especialista, pois está ficando cada vez mais difícil.
A psicóloga que me acompanhou durante minha internação alertou que precisava urgentemente de terapia. Reconheço que sim, pois não estou mais conseguindo lidar com as crises.
Viver dessa forma, com a perna toda fodida, está contribuindo para minha piora. Não quero mais isso, não mesmo.
E provavelmente, isso só vai passar quando tiver minha família aqui, quando ter Samanta de volta pra mim...

VOCÊ ESTÁ LENDO
PROIBIDO ESQUECER
RomanceCom grande beleza, carisma e sensualidade, Rodrigo tinha todas as mulheres aos seus pés e com certeza, se aproveitava disso, afinal, o sexo feminino sempre foi o seu ponto fraco. No mais, não esperava que o destino lhe pregasse uma peça. Por conta...