CAP. 2

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A porta do elevador se abriu e muito sério, alcancei um ambiente espaçoso e ostentoso, realmente impaciente, caminhando apressado até uma sala de porta gigante. Estava cego, não vi nada ao meu redor, se tinha alguém por ali, nada mesmo, mas de repente apareceu uma mocinha baixa na minha frente, como se tentasse me impedir de passar ali. Ela colocou as duas mãos no meu peito, querendo me impedir e do nada, a razão pareceu ter voltado ao notar seu quase desespero.

- Seu Rodrigo, por favor! Deixa pelo menos avisar que o senhor estar aqui.

Sorri com uma certa ironia. Não que eu era debochado. Nunca fui debochado... Nunca mesmo... Mas mais por vê o quanto ela ainda era inocente por acreditar na raça humana:

- Qual teu nome mesmo, linda?

Ela franziu a sobrancelha, meio boquiaberta. O mais engraçado foi que ela pareceu pensar pra lembrar o que perguntei.

- Helena, senhor!

Segurei em seus ombros com força, fazendo - a arregalar os olhos. Com o mesmo sorriso, informei:

- Acha mesmo que vai ter graça se você avisar, Helena?

Ela não respondeu, atônita. Mais ainda por tê-la puxado sutilmente para o lado, querendo que saísse da minha frente. Paciência!
Voltei para minha intenção inicial e alcancei a maçaneta, abrindo a porta rapidamente e vendo de primeira meu irmão sentado à sua mesa, lendo algum papel. Ele nem se moveu. Permaneceu como uma estátua. A vontade que tinha era de voar sobre ele e lhe encher de porrada. Sua indiferença me irritava demais.
- Ricardo! - exclamei pra vê se me dava atenção, aproximando - me enquanto fingia não notar minha existência. - Pau no cu do caralho! Vai dá uma de demente?

Esbravejei com nenhum pingo de paciência. Para minha surpresa, ele largou o papel e cruzou os dedos frente o rosto, erguendo os olhos pra me vê.

- Vai te foder!

Juro que segurei o riso. Ricardo era hilário mesmo sem querer. Sua calma mentirosa se tornou engraçada quando era adolescente e eu criança. Sempre que eu aprontava alguma, ele vinha me dá bronca como se fosse um santo, tentando mostrar seriedade, só por ser o mais velho. Mas sempre não conseguia segurar a pose de superior, porque eu quebrava toda sua pompa com alguma molecagem. O que mais o tirava do sério era quando o imitava, repetindo o seu jeito de falar e agir durante o ato. A vontade que tive foi desdenhar da sua cara, mas me segurei.
Fiquei sisudo, mais para camuflar minha vontade desesperada de gargalhar. Tinha que guardar meu humor-negro para outra situação.

- Vai me ouvir ou ficar dando uma de velho otário?

Continuou imóvel com cara de cú.

De propósito, puxei a cadeira que estava de frente para ele e me sentei, apoiando meus cotovelos sobre a mesa e parando a mãos de frente pra minha cara, do jeito que ele estava. Fiquei o fitando sério e sei que lá no fundo, também se segurou pra não rir.

- Eu sei onde está a Samanta.

Quebrei o gelo com a notícia. Ele não reagiu. Onde tinha conseguido esse coração de pedra??

- Cara, você não tem vontade de saber onde ela está?

- Se estiver longe de você, está ótimo! - não resistiu em responder, jogando o tronco para trás para apoiar as costas. Ele sabia como me atingir. Aquilo irritava!

- Porra, já disse que amo tua filha.

- Que por sorte, é tua sobrinha, né seu filho da puta?

Respirei fundo, também me apoiando na cadeira alcochoada. Passei a mão no rosto, sem muitas esperanças... Para Ricardo, uma relação minha com Samanta era pior que levar uma facada, afinal, é loucura se apaixonar pela sobrinha. E pior : ainda engravidá-la.

PROIBIDO ESQUECEROnde histórias criam vida. Descubra agora