Uma luz branca e muito forte ofuscou minha vista, me impossibilitando de abrir os olhos. Estava tudo quieto e ao longe, ouvia vozes quase que sussurrando.
Imaginava que minha recepção no inferno seria mais calorosa, ao som de um rock paulera de deixar gente surda, mas por conta daquele silêncio e aquela claridade toda, constatei que tinha ido para o céu mesmo. Mas o céu? Depois de ter feito tanta merda na vida? Acho que vou trocar umas ideias com Deus pra saber se está tudo certo, se meu nome está mesmo nessa lista, pois nunca fui um bom garoto pra ser privilegiado.
Quando enfim consegui abrir os olhos, super curioso para vê o grande criador dos céus e da terra, uma silhueta borrada apareceu na minha frente e forçando a vista, aos poucos minha visão foi identificando uma mulher branca, os cabelos loiros e encaracolados, os olhos azuis.- Seu Rodrigo, está me ouvindo?
Ouvi sim, mas não respondi. Fiquei olhando para ela, a luz por detrás do seu corpo dando um aspecto maravilhoso. Apertei os olhos e voltando a encará-la, quis saber :
- Você é um anjo?
Pra minha sorte, ela sorriu. E que sorriso lindo! Se o céu for repleto desses seres, vai ser aqui mesmo que vou querer ficar. O anjo tocou no meu rosto e rapidamente, pegou no meu olho, arregalando - o e focando a luz de uma lanterna, querendo me deixar cego, disse:
- Não, não sou um anjo, seu Rodrigo.
- É, pelo visto ele está bem!
Reconheço essa voz. Virei minha cabeça para o lado e avistei Ricardo sentado de pernas cruzadas em um sofá , me olhando com desdém.
Só assim percebi que não tinha morrido, que não tinha ido pro céu e que ainda não veria a Deus. Mas que droga! Até me senti decepcionado.
Estava em um quarto de hospital, padrão e o anjo chamou minha atenção novamente, falando :
- Seu Rodrigo, sou a doutora Letícia Rech e sua médica ortopedista.
- Ortopedista? - repeti, bem confuso. Tudo indica que estou com algum osso quebrado. Melhor se tivesse morrido.- Sim. O senhor fraturou a diáfise femural e por conta disso, foi realizada uma cirurgia para a colocação imediata de talas com tração, seguido por RAFI.
Entortei a boca, franzindo a testa. Que diabos esse anjo lindo estava falando? Ela entendeu e sorrindo fraco, explicou :
- O seu fêmur partiu e tivemos que ligá-lo com alguns parafusos e placas para o tratamento.
Só então me dei conta de olhar para minha perna. É a esquerda, enorme de inchada, meio enfaixada e tinha uns ferros saindo de dentro dela. Meu coração até acelerou depois daquela cena de terror:
- Caralho, como é que vou transar assim?
- Ah, meu Deus! - Ricardo se levantou levando a mão até a cabeça, depois virando - se para mim e apontando para o anjo - Tu não respeita nem a presença da médica, cara?
Respeitar? Essa palavra saiu do meu vocabulário faz tempo.
- É uma dúvida minha, ué! Também não iria te preocupar com isso?
Ricardo pareceu pensativo, mas logo tentou contornar a situação. Eu sabia que isso o incomodaria também :
- Mas tudo tem hora, Rodrigo!
Revirei os olhos, odiando aquele jeitinho fresco. Até que a médica começou e lembrei de admira - la novamente :
- Calma, rapazes! Está tudo bem! - disse erguendo os braços, tornando - se para Ricardo e depois para mim - Seu Rodrigo, tenho certeza que isso não o impedirá.
Opa, será que ela vai me mostrar uma solução? Já me imaginei sendo chupado por aquela boca rosada e seus olhos azuis me encarando durante a ação. Continuou :

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PROIBIDO ESQUECER
RomanceCom grande beleza, carisma e sensualidade, Rodrigo tinha todas as mulheres aos seus pés e com certeza, se aproveitava disso, afinal, o sexo feminino sempre foi o seu ponto fraco. No mais, não esperava que o destino lhe pregasse uma peça. Por conta...