CAP. 18

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Samanta me olhou séria, enquanto me sentava na cama, aproveitando o momento que nosso filho havia dormido de tanto cansaço após a viagem. Respirei fundo, meio temeroso com o que poderia acontecer e senti minha nuca esquentar juntamente com um suor gélido que escorria pela minha testa. Ela aproximou-se devagar e mantive meus olhos nela, para não manifestar qualquer sinal de fraqueza. Quando parou na minha frente, pôs as mãos na cintura e começou :

- Quer dizer que namorava enquanto eu sofria em Portugal?

Seu tom era tão calmo e debochado que já estava quase entrando em desespero. Mas me mantive. Respirei fundo.

- Sim. Foi quando acreditei que não a teria mais e já estava meio doente.

Ela meneou a cabeça e olhou para o lado, logo voltando sua atenção para mim, os olhos apertados:

- Doente... Sei... Doente de quê? 

- Meio que depressivo. Mas eu fui piorando. Comecei a ter alucinações, ouvir coisas e ataques de ansiedade. Depois do acidente, fui diagnosticado com transtorno de ansiedade generalizada.

- E quer dizer então que ela cuidou de você?

Engoli em seco.

- Tecnicamente, sim.

- Explica esse "tecnicamente". - falou a última palavra desenhando as aspas no ar.

- Eu estava triste, desolado... A conheci em um bar, em um desses dias de angústia. Começamos a namorar, mas era mais companhia do que outra coisa. Eu ficava com ela e pensava em você...

- Ah, nossa! Mas isso me comove bastante, Rodrigo. Enquanto isso, eu tava lá lutando com minha cabeça e me esforçando pra criar meu filho, não é mesmo?

Ela estava mais altiva, no mais, não estava sendo justa. Com isso, em meio ao medo em vê - la daquela forma, com medo que fosse embora novamente, mas decidido em me defender, disse com mais firmeza na voz e a encarando :

- Por acaso foi eu que quis assim? Foi você que me deixou, Samanta e de quebra, ainda levou meu filho de mim. Não pense que só você sofreu, que só você lutou com seus demônios. Também fiquei péssimo! Se você conseguiu não ter ninguém, te admiro e agradeço, mas eu precisava de ajuda. Eu estava sozinho, pois mais ninguém da minha família estava comigo. Estava sofrendo terrivelmente e completamente desamparado. Nunca amei a Jamily e se não fosse pela má fé dela hoje, seria eternamente grato, pois muito me ajudou quando mais precisei. Agora, amar de verdade, só amei você.

Ela ouvia tudo calada, as sobrancelhas franzidas. Do jeito que era tinhosa, provavelmente iria sair daquele quarto feito um furacão e eu já estava aceitando aquilo. Quando então, quis saber :

- Amei?

Não entendi muito bem, dando de ombros. Quando então me lembrei que empreguei o verbo no passado :

- Amo, na verdade! - e por incrível que pareça, isso a deixou menos na defensiva, o que me fez aproveitar o momento. Peguei sua mão e a puxei devagar, fazendo-a vir até mim. Quando parou entre minhas pernas, ergui minha cabeça e lhe disse :

- Você é o amor da minha vida, entendeu?

Ela pareceu manhosa quando a envolvi com meus braços, apoiando o rosto no alto da minha cabeça.

- Mesmo?

- Tem dúvida disso? Depois de tudo isso que vivemos? 

Percebi que ela riu brevemente:

- Não, não tenho dúvida. Me desculpe. Eu sabia que você não ia conseguir ficar sozinho, afinal é um mulherengo de marca maior. 

Tentei não rir daquilo, no mais, ela se distanciou rapidamente e pegando meu rosto, o ergueu para me fitar:

PROIBIDO ESQUECEROnde histórias criam vida. Descubra agora