CAP. 7

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Minha vida não tem sido muito agitada nesses últimos meses, mas estou conseguindo superar o infortúnio diário de ficar em casa  a maior parte do tempo. Costumo me sentar todo fim de tarde no degrau da porta ou na minha pequena varanda em uma cadeira de balanço que ganhei de um funcionário do RH que veio me visitar e contar como anda minha empresa. Tudo indica que está em ordem e só pedi que continuasse a incentivar o bom atendimento, pois cliente bem tratado sempre volta.
Ricardo costumava passar por lá quase todo dia para ficar ciente das finanças e quando tem reuniões de negócios, ele me representa, pois nem sempre posso ir. Tenho ido ao hospital regularmente, cheio de sessões terapêuticas para melhorar meu rendimento físico e psicológico. Além disso, tenho um acompanhamento assíduo com ortopedistas que me ajudam na recuperação do meu fêmur a fim de que eu não fique muito sequelado. Tudo indica que ficarei com uma perna maior que a outra mas eles me asseguram que será imperceptível. Fico feliz com isso, mas realmente não vejo a hora de tirar esses pinos, mas ainda não é possível pois agora que o processo de calcificação está alcançando êxito.
Sem esquecer que ainda sinto dores. Não como antes, mas ainda sinto e a médica disse que com o tempo, vai amenizar. Quem sabe daqui uns 5 a 10 anos...
E sim, a médica anjo continua me atendendo. Linda como sempre, paciente e de uma timidez encantadora que se manifesta toda vez que tento quebrar seu ar sério com minhas investidas de homem safado querendo seduzir. Ela nunca caiu na minha lábia... Já a convidei pra sair inúmeras vezes, da forma mais galante e cavalheira possível, mas sempre recusa. Entendo... Quem é que vai querer sair com um ciborgue de muleta?
Por falar nisso, continuo com acompanhamento psicoterapêutico depois de receber um relatório detalhado, informando os possíveis transtornos que posso ter, considerando minhas atitudes corriqueiras. Então, por conta das palpitações, náuseas, medo, dor de cabeça e entre outros sintomas, foi considerado a possibilidade de ter Transtorno de Ansiedade Generalizada, alucinação auditiva acompanhada de estresse pós traumática e uma probabilidade de Transtorno de personalidade narcisista. Eu discordo desse último, sinceramente. Nem me acho muito bonito e me importo sim com o sentimento dos outros...
Bom, é... Só de algumas pessoas... mas me importo sim.
O fato de gostar de ter as mulheres loucas por mim seja mais por carência, talvez...
Mas enfim... Quem entende das coisas é o psicólogo e não eu. Se eu deixar de ter essas crises de ansiedade, já fico feliz.
Porém, acho que só vou melhorar mesmo quando tiver Samanta comigo novamente. Sinto tanta falta dela, mas tanta... Às vezes peço pro Ruy  fazer alguns vídeos dela para me enviar sem ela saber, claro. A última vez que vi foi ontem e está tão linda... O cabelo está enorme. Muito maior comparado ao que vi pela última vez, no aeroporto há alguns anos. Sem esquecer que está bem mais magra, no entanto, continua maravilhosa. Queria tanto poder abraçá-la e dizer que está tudo bem. Que vou amá-la e está ao seu lado até o fim de nossas vidas.
Confesso que tenho muito medo de chegar lá e ela me tratar com frieza, ou de já está envolvida com alguém. O Ruy sempre me diz que não a vê na presença de homens, mas tudo pode acontecer.
Só espero que minha vida se resolva logo e que em breve eu fique bom de tudo pra poder viver da melhor maneira possível ao lado daqueles a quem daria minha vida para vê - los bem.

É, agora estou aqui sentado na minha varandinha olhando o entardecer. A árvore de frente pra minha casa balança seus galhos devagar e tenho a sensação de que ela está dançando lentamente. À direita, o chão é forrado por uma grama verde e a esquerda, meu carro e o de Jamily estão estacionados um do lado do outro. Minha moto continua guardada na garagem coberta por um toldo, completamente fudida, mas em breve a levo pra concertar. Por falar nisso, até hoje não se sabe quem me bateu. O filho da puta fugiu sem prestar socorro enquanto minha perna batia quase na direção da cabeça. Foi o que me contaram... Hahaha!
Suspeito fortemente que tenha sido o Vinícius. Ah, mas por qual motivo acreditar ser logo o Vinícius? Filho de peixe, peixinho é, ué. E nunca vou me esquecer do olhar que me lançou no dia que pediu Samanta em casamento na frente daquela gente toda. Era de puro ódio. O albino ficou puto e com certeza, sem entender nada. Cara, como fui louco naquele dia...
Bom, mas que ele foi idiota, foi. Achou mesmo que iria ficar com minha vida?
Soube que a Vilma continua reclusa sem previsão de soltura, tendo acompanhamentos psiquiátricos pra não dá uma de louca novamente. Psicopatia é foda! Realmente ainda sinto pena dela...
Mas mudando de assunto.
Jamilly está aqui em casa desde anteontem, servindo de empregada. Meu Deus! Digo pra ir pra casa, procurar viver sua vida e tentar me esquecer por alguns dias, mas não tem quem faça. A cada dia me sinto pior por isso, porque uma coisa é ter uma namorada pra fazer companhia e transar, mas ter alguém pra se sujeitar a essas coisas como se fosse minha mãe ou esposa é terrível, principalmente pelo fato de nunca corresponder à altura. No entanto, mesmo incomodado, me sinto mil vezes melhor quando está aqui. É muito bom não ficar sozinho e ela tem um poder absurdo de me acalmar. Mesmo com tudo isso, agradeço pela sua existência em minha vida e ficarei imensurávelmente feliz se ela não sofrer quando nos separarmos.
Por falar nela, acabou de me trazer uma xícara de chocolate quente, acompanhado de um selinho longo. Seu sorriso de satisfação ao me vê tomando o que me preparou me deixa satisfeito também. Não a amo, mas lhe quero bem...
Voltando a ficar sozinho, escrevo no meu notebook, me distraindo. É o meu passa tempo atual. Escrever é uma coisa maravilhosa e com certeza, vou me aprofundar nisso. Quem sabe um dia, Samanta leia tudo o que escrevi e veja o quanto sofri com sua ausência e a do nosso filho. Me impediu de vê - lo crescer e se tornar esse rapaz que é hoje. Mas talvez tenha sido até melhor. Com certeza, eu iria estragar o menino...
Agora, vou dá um tempo pois Pedro adentrou meu território, possivelmente procurando alguém pra conversar e vou dá atenção a ele.
Ultimamente, engatamos uma boa amizade e ele me contou sobre algumas coisas da sua vida, me deixando meio que comovido. Não costumo ser sensível mas por também sofrer com problemas psicológicos, acho importante ajudar o próximo, pelo menos em ouví-lo.
Se tudo der certo, mais tarde, vou tentar pegar o carro e dirigir até a casa de Ricardo. Vai ser a primeira vez q vou dirigir após o acidente. Se eu não morrer dessa vez, ficarei contente. Bom, pelo menos tentei.
Deseje - me sorte!

***

Desculpem o atraso, mas hoje saiu e espero que gostem. Continuem lendo, compartilhando e comentando. Fico muito feliz ao ler o comentário de vocês.

Beijão do Rodrigo 😘😘

P. S: A imagem do Rodrigo é inspirada no modelo André Hammams. 😍

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