CAP. 10

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Quando entrei no consultório, a anjo me recebeu com um sorriso no rosto, mas ao notar que estava sem muleta, advertiu logo, ficando séria :

- Não deveria está apoiando a perna, seu Rodrigo.

Fiz uma careta, optando em apoiar o peso do corpo completamente no outro membro:

- Ficou dentro do carro. Vou usar.

Sorriu lindamente, harmonizando perfeitamente com seu semblante. Me aproximei e sentei na sua frente. Começou a me dá inúmeras recomendações sobre como viver daqui por diante. Que meu fêmur ainda não estava completamente restaurado, que não deveria fazer atividades físicas por alguns dias, que eu blá blá blá blá blá blá...
Juro que não dei a mínima para o que dizia, apesar da sua voz ser agradável . Só queria que me desse alta para poder correr para o aeroporto e comprar minha passagem. Não estava me cabendo de ansiedade. Só pensava em pegar aquele avião e rumar para o endereço que o albino havia me falado. Espero que esteja falando a verdade, caso contrário, vou matá-lo.

- Então, seu Rodrigo! Estás liberado, mas é necessário usar a muleta por esses sete dias. Se tiver dores, tome aqueles remédios que lhe passei e por favor, evite fazer qualquer coisa que o force demais, pois seu osso ainda está frágil.

- Tenho que evitar até uma transa? - questionei mais por gracejo do que por malícia. Sorriu, abaixando o rosto, toda tímida.
Depois, voltou a me fitar:

- Não. Não precisa evitar isso.

Gargalhei rápido, me levantando já doido pra sair dalí, erguendo a mão para cumprimentá-la.

- Obrigado, doutora anjo. Obrigado por me ajudar.

Ela me deu a mão, me encarando :

- Disponha. Foi mais do que minha obrigação.

Já tinha aberto a porta, quase de saída quando a ouço:

- Acho que agora podemos ir naquele jantar que você tanto me convidou. Não és mais meu paciente...

Franzi o cenho, realmente surpreso ao ouvir aquilo. Quer dizer que havia me recusado esse tempo todo por ser paciente? Existe alguma normalização médica em que médicos não podem sair com seus pacientes? Que coisa!
Me virei para ela, da porta mesmo e com aquela astúcia completamente egoísta de homem, lhe disse :

- Que ótima notícia. Vou só ter certeza de uma coisa e estarei te ligando. Qualquer coisa vamos hoje mesmo.

Ela fez uma cara de espanto, erguendo as sobrancelhas. Comigo é assim. Tem que ser logo, pois amanhã é outro dia completamente diferente. Mas antes disso, iria no aeroporto comprar minha passagem. Se tivesse viagem pra hoje, a anjo não me veria nunca mais.

Mas não sei se seria sorte ou azar. As passagens para a Europa estavam todas esgotadas para aquele dia. Fui obrigado a escolher o embarque das 10:00h do dia seguinte.
Quando cheguei em casa, corri para meu notebook, louco de vontade de falar com Ruy. Não conseguia me caber de emoção só de imaginar que logo o veria.
Iniciei a chamada de vídeo e não demorou muito para atender :

- Ei, filho! Bom dia! - disse assim que seu sorriso apareceu na tela, fazendo meu coração acelerar.

- Oi, pai! Tu foste ao médico?

- Fui. Tirei os pinos. Só que ainda tenho que andar de muletas. Estou parecendo um idoso. - disse as últimas palavras imitando a suposta voz de um velho, fazendo-o gargalhar muito. Observando as coisas ao redor dele, quis saber : - Está na escola?

- Claro, pai. Onde poderia está?

Ri, achando aquela resposta espetacular. Caralho, como sou besta. O menino estava sendo debochado comigo e eu estava achando maravilhoso.

PROIBIDO ESQUECEROnde histórias criam vida. Descubra agora