MARESSA em Prova de Fogo. (Concluído)

2.2

  Como faço para guardar palavras tão motivadoras sendo que elas não me consola mais?

Preciso guardar.
Preciso.
Preciso.

  As pessoas se disponibilizam tanto para me nutrir com palavras tão motivadoras e sábias. Porém não entendo e não consigo evitar o esquecimento ou até mesmo minha fraqueza.

— Fala comigo, Deus.
Estava sentada no chão, com um braço e cabeça apoiados sobre a cama.

— Já não suporto mais tanta agonia que vem de dentro. Nessas horas nem queria estar em mim. Só queria um pouquinho de alívio.

"... Você vai ter que descobrir sozinha."

   Parece que estou vivendo em um filme de terror; sobrevivendo sozinha em meio a multidão. Parece que nesse roteiro a protagonista carrega um fardo em vão e só descobre no final do filme. E daí ela volta a ser feliz? Não. Apenas termina com uma baita lição de moral e aplica uma película de vidro no rosto para não quebrar a cara novamente.

   Abri a Bíblia, que dizia: "¹Embora os nossos corpos se gastem, a força interior vai se renovando a cada dia."

— Até quando terei que conviver com Teu silêncio? Sei que estás me vendo e... Isso me dói. — minha voz embarga.

Não quero chorar.

   Levantei do chão e deitei na cama. Sentei na cama e respondi algumas mensagens nas minhas redes sociais. Em seguida, deitei, encarando o teto.

   Acordei com o barulho insuportável do alarme. Acredite, uma vez quase joguei meu próprio celular na parede.
   A vida não está nada legal comigo esses dias. Fazer o que?
   Desliguei o bendito e levantei-me. Fiz um alongamento básico para destravar a coluna.

— Bom dia... Deus.
Às vezes era estranho dizer isso. Eu via um relacionamento sem intensidade alguma.

(...) 🔥

   O trabalho estava bom demais até me deparar com uma foto nada agradável. É ruim quando estamos vivenciando momentos de reconstrução e nos deparamos com o mísero passado.
   Tem dias que me arrependo de ter conhecido certas gentes, não porque ela me decepcionou, mas porque um dia ela iria me decepcionar. Todos nós poderíamos ter evitado antes de construir uma intimidade.

  Diego, semblante feio, totalmente fora dos padrões espirituais. Cadê aquele brilho do Espírito Santo?
  Meus olhos umedecem ao encarar alguém que me ajudou, me fortaleceu, me edificou literalmente mudado! Seu cabelo estava maior, seu sorriso não era o mesmo, ele já não se adequava as fotos. Não sei explicar. Não era o meu Diego.

— O que você fez consigo, meu bem? — ampliei a imagem. — Esse não é você. — uma lágrima solitária escorrega. — Nem meu propósito reconheço mais... Não sei se vale a pena. — bloqueio o celular.

"... Prefira acreditar naquilo que não se pode vê..."

Não!
Não!

  Levantei de imediato para beber água. Não sei exatamente se isso seria uma possível crise de ansiedade; o nome não é esse, porém... Sinto pressa em ver o tempo passar mesmo que não goste de encarar o relógio. Odeio olhar o relógio! Ele pode me frustrar. Destruir minhas expectativas.

"Eu amo tanto você que tenho medo de te perder."

"Você nunca vai me perder. Eu não vou a lugar algum."

— Eu me odeio por ter te amado.

— Maressa, está tudo bem? — a coordenadora surge em minha frente.