MARESSA em Prova de Fogo. (Concluído)

8.3

*Maressa*

    Quando recebi a notícia de que Diego estava em estado grave, não tive reação. Dos meus lábios não saíam nenhuma palavra. Eu só sabia chorar. A sensação de culpa era tamanha. Não estava pronta para mais um sofrimento prolongado.
  
   Depois do conselho de Ethan, me preparei psicologicamente para estar de frente com a pessoa que me causa diversas sensações.

— Espero que a partir de agora, tome a decisão certa. — meu pai me abraça, juntamente com minha mãe. — Estou torcendo por vocês.

— Obrigada. Ainda estou em uma luta constante contra o meu orgulho. — desfiz o abraço.

— Imagino. Você não vai fazer nada que não queira. — disse e concordei.

  A mãe de Diego aparece depois de um tempo com uma expressão difícil de discernir, mas era meio que notório seu sofrimento. Ela me lança um olhar sugestivo. Apenas concordo.

   Corredores de hospitais são o caminho para diversas surpresas. Tanto agradáveis quanto desagradáveis. As vezes, um caminho para o possível sofrimento eterno ou a esperança de um amanhã melhor.

  Olhei novamente para a ficha colada em minha roupa para identificar o número do quarto. Achei! Respirei fundo e adentrei. Meu coração se despedaçou quando meus olhos o encontraram. A sua pele, de escura, ficou pálida.

  Me aproximei do leito com muita cautela. Repousei minha mão sobre seu braço estava carregado de fios. O que realmente aconteceu?

— Só queria que você soubesse que não é inútil. — sussurrei. — Em três anos de amizade, só queria que soubesse disso. Deus, desde sua conversão vem alertando do quão profundo Ele quer te levar. Eu... Realmente não sei o que Ele quer de mim. Não sei qual é missão. Não sei qual é o propósito, porque Ele não quer dizer! Mas é notório o quanto meu coração se sente bem ao te ter por perto. É incrível com sua presença traz uma paz inesquecível para mim. Também é engraçado, porque há alguns anos atrás eu me lembro que orei a Deus para me apresentar alguém maduro e me veio você; todo desconcertado, com passado terrível e temível... Quando Deus está no negócio, não há impedimento. — acariciei seu cabelo negro e enroladinho.

— Ore por ele. — Eloá disse, me assustando.

— Cristo! — levei as mãos até o peito. — Menina...

— Me desculpe. Foi urgente. — ela se aproxima e senta sobre o espaço vago sobre o leito. — Existem mistérios que são difíceis de desvendar, mas Deus me mandou aqui para dizer que ele está passando por uma batalha interna e só depende dele para querer mudar. Está doendo... — ela começa a chorar. — Está doendo demais... — sussurra, passando sua mãozinha sobre o peito dele. — Aqui! Quando o mesmo acordar, vai precisar de ajuda. Ninguém entende como é  lutar contra as potestades malignas e as pessoas julgam, mas esse jovem... Há uma briga ocorrendo no mundo espiritual para ceifar essa vida. — soluçou. — Mas ele foi comprado com o sangue impagável. Eu não entendo, minha irmã. — disse em prantos abafados. Eu, também, não resisti; chorei. — Se ele se afastar da presença do Senhor... Prefiro nem dizer, pois não o vejo como um homem comum. Entretanto... — ela pega minha mão e me conduz a entrelaçar com a dele. — Você é a Luz, escolhida por Deus, que vai iluminar a escuridão. A prova de fogo não foi esperar a superação, mas, sim, lutar para alcançar essa vida. Ele foi encontrado. Deus já curou o seu coração e te ensinou a ser uma pessoa madura, assim como ele.

  Duas semanas depois...

— Maressa? — escuto sua voz após terminar a oração. Eu não acredito!!

— Di-Diego? — me ergui depressa, apoiando minha mão sobre a sua. — É... É... Vou chama o médico.

— Não. — ele me segura com um pouco de dificuldade. — Agora não. Se você o chamar vai lhe tirar de perto de mim.

Paralisei.

— Tudo bem. — sorri, tímida. — Como está se sentindo?

— Um pouco dolorido, mas nada que incomode. Por quanto tempo durmo?

— Duas semanas. — respondi e ele me olha espantado. — Os médicos não sabem o que você tem, mas sua pressão subiu numa altura indescritível.

— Meus pais...

— Estão aguardando na sala de espera. — respondi de imediato.

  Ele ficou me observando como se quisesse dizer alguma coisa, mas se policiou. Tenho certeza que seria algo que mexeria com os meus sentimentos, que no momento estão tão confusos.

— Obrigada por orar por mim. Me sinto bem mais leve. — ele sorri fraco.

— Diego, mais do que tudo agora, você precisa se cuidar. Precisar buscar a Deus e procurar distrair sua mente, alimentando com coisas do Reino. — disse.

— Irei fazer o que me pede. Obrigado, novamente.

— Agora deixe-me ir chamar os médicos para analisar seu estado. — disse e me retirei dali rapidamente antes que o mesmo mudasse de ideia. Ele mexe tanto comigo que sua presença me causa explosões de sentimentos aflorados.

  Comuniquei ao doutor que conversava com os pais dele. Logo ele saiu para verifica-lo.

— Bendito seja o Cordeiro. — a mãe de Diego agradece, emocionada.

  Apenas sorri.

— Muito Obrigada pelo apoio. — ela fala. — Tenho certeza que as coisas irão mudar daqui para frente e peço que não se afaste do meu filho. Percebi o quanto ele precisa de você e o quanto que ele mudou depois que amizade de vocês terminaram. Antigamente ele chegava em casa feliz, se comunicavam conosco, era mais prestativo... Depois se tornou um homem fechado, sem humor, sem nada!

— Eu... Irei ajudá-lo.

— Faça isso, minha filha. Quero tanto meu filho de volta e que seja livre desses traumas ao qual não conheço. Queria muito que ele pudesse me contar.

Eu não poderia.

— Tenho que ir. Depois eu volto. Tenho uma prova muito importante hoje na faculdade. Vou pedir para que Ethan e Samuel apareçam.

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*Diego*

Será que ela voltará? A senti tão confusa, tão incomodada com a minha presença. Mas fiquei tão feliz ao acordar e ouvir aquela oração feita de uma forma tão carinhosa como se eu fosse algo tão importante em sua vida. Será que ainda me ama?

—  Ah, Senhor, falhei tanto com seus planos. Desprezei o melhor presente que me destes. Queria tanto mais uma oportunidade. Mas primeiro tenho que mudar a mim mesmo. Tenho que estar em tratamento Contigo e se for da Tua permissão me dar ela de volta... Eis-me aqui.

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