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- Ela chorou? - perguntei espantada.

- Sim. - morde o lábio inferior.

- Gente! - Samuca leva a mão até o peito. - Coitada.

- Eu também fiquei com muita pena, mas como vocês sabem que odeio que me pressionem, tive que ser sincero.
Mais do que já sou. Ela criou suposições de que iríamos namorar o mais depressa possível. Achou que nossas conversas (que nem insinuavam nada de um possível relacionamento) fosse uma porta de entrada para o início de uma história! - explica.

- Misericórdia. Lindinha, sinto muito mas tenho que fuçar sua geladeira, porque minha barriga não aguenta mais. - Samuel, o inquieto levanta e caminha até a cozinha.

- Aproveita e faz um lanchinho pra gente. - sugiro.

- Eu não consigo entender como Emanuelle é assim! Pelo que a gente conversava, nunca imaginei que ela teria um ciúmes possessivo e fosse muito dramática!

- Ciúmes possessivo? - finjo demência. Claro que eu já sabia da história toda!

- É. A mesma acabou me contando que tem um ciúmes fora do comum quando me vê com você.

Novidade.

- Meu Deus, que coisa! - seguro o riso. - E disse o quê a ela?

- O óbvio! Desde quando começamos a conversar sempre expliquei a minha relação com você, já que era algo que ela sempre perguntava e meio que desconfiava como todas as outras pessoas. - explica.

- Manu me surpreendeu. - Samuel grita da cozinha. - E o que vocês resolveram? Vão namorar? Morar juntos? Casar?

- Não! Eu falei dos meus sentimentos para ela, porém pedi um tempo. Pedi um tempo para pensar, para refletir as coisas, porque a pior coisa é ser confrontado em uma decisão. Analisem comigo: você ama uma pessoa, mas ela tem um defeito que você não tolera e não gostaria de levar isso para o casamento, porque sabe que sempre vai dar em briga. O que fazer?

- Você absorveu experiências de seus últimos relacionamentos, só não pode deixar que seu pensamento crie a possibilidade do atual ser semelhante ao passado. Emanuelle é uma menina muito madura, porém ciumenta. - explico. - Já perguntou o motivo dela ser assim? As coisas se resolvem conversando, Ethan, e não parando de se falar. Tenho certeza que enquanto estiver aqui, manterá a distância.

- Eu concordo. - diz Samuel, carregando uma bandeja com taças de açaí. - Lindinha falou bonito e concordo que você deva procurar saber o lado de sua amada.

- Vocês são a destruição da minha vida. - Ethan pega a taça da bandeja.

(...) 💕

Amélia, prima de minha mãe, estava me ajudando a arrumar algumas coisas dentro das caixas.
Ansiosa estou para retornar a minha cidade, poder chegar em casa todos os dias e encontrar minha família querida. Já percebi que consigo me virar sozinha, mas não estou acostumada a viver sem meus pais por perto. Neta, filha e sobrinha única. Resumindo: mimada.

- Esses livros são pesados. - Amélia reclama.

- A psicologia carrega muitos conteúdos. - brinco.

- Entendo. É uma pena que tenha que ir embora, estávamos gostando muito da ideia de abraçar a nova filha mais velha de Lo-Ruama. - sorri.

- E eu a idéia de ter ganhado uma família materna.

- A família de sua verdadeira mãe não liga muito para você?

- Mais ou menos... É muito difícil ter contato com eles, pois ainda carregam a dor da perda, então evitam me ver. Segundo a alguns deles, lembro muito minha mãe, enquanto estão tentando esquecê-la.

- Isso não tem nada a ver.

- Também acho que não, mas infelizmente temos que respeitar a opinião deles. Meu pai já tentou conversar, porém não adiantou muita coisa. Posso te fazer uma perguntinha? - pergunto e ela concorda.

- Quando a minha mãe morava nessa casa como era a convivência dela com seu ex-marido? Estou fazendo essa pergunta porque levou muito tempo para que ela abrisse o coração para o meu pai, até entendo a sua situação, mas...

- Hum... Lo-Ruama era muito apegada a Erick. Muito mesmo! Ela não colocava ele acima de Deus, mas tudo tinha que ter ele. Tudo! Se ele fosse na padaria, ela tinha que ir junto. Nossa família sempre achou isso uma besteira, porém eles não se incomodavam, então começamos a se acostumar. Por isso acredito que foi muito difícil ela abrir o coração para o seu pai; primeiro pelo medo de perder alguém de novo e segundo, porque Erick foi seu primeiro namorado e ela achou que seria para sempre. Esse era seu propósito com Deus: de conhecer alguém e ficar pelo resto da vida. Depois disso passou a odiar qualquer policial. Até me surpreendi quando soube que seu pai era Tenente. Ela não suportava!

- Falando assim é até difícil de acreditar, porque a relação dela com meu pai foi super tranquila. Fora algumas crises que acontecia, mas era relevante.

- É Deus! - comenta e eu solto uma risadinha. - Quando será transferida?

- Eu já fui, porém ficarei sem frequentar as aulas e começo de semana que vem.

- Isso não vai lhe prejudicar?

- Não, não. Na verdade, soubemos pelo noticiário da faculdade que o índice de transferência cresceu muito! Mais do que os matriculados. Óbvio, Afinal todos os estudantes de Filip's tiveram que sair da cidade para estudar e morar em outra.

Dia seguinte...

Reunidos na sorveteria, em um papo bastante agradável. Só tenho que agradecer a Deus por ter disponibilizado amigos para me ajudarem a manter minha fé.

- Vocês precisavam ver como minha mãe chorou. - conta Samuca. - Começou a fazer um drama muito grande e ainda colocou meu pai no meio. Pense. Ele ficou irado. Meu pai é que nem Malik; odeia drama.

- Qualquer mãe iria chorar e vamos concordar que você contou a ela depois de ter feito o ato. - diz Ethan.

- Justamente pelo fato de que se eu contasse antes, ela não iria deixar.

- Isso não justifica nada Samuel, você sabe muito bem que pode cancelar sua transferência. - Ethan revira os olhos.

- Acho tão engraçado a forma que vocês se tratam. - Emanuelle comenta, sorrindo.

Eu não sei bem o que aconteceu entre ela e Malik por ter voltado a falarem, mesmo porque ele não me conta nada.

- Eu também. Amizade de homem é tão linda. - digo.

- Verdade. Nisso você tem razão. Os homens tem uma amizades mais saudável do que as mulheres. - Samuca debocha.

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MARESSA em Prova de Fogo. (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora