Ore!
🔥Narradora
Foram-lhe dois anos. Dois anos concretos e fechados. Em meio a tantas batalhas, em meio a tantos pensamentos de desistência, em meio a tantas dúvidas... Dois anos. Aparentemente pouco tempo. 730 dias. 24 meses. Pouco para você? Talvez sim, mas para alguém que viveu uma batalha espiritual travada é muito tempo.
Lembrando que cada um tem seu período de deserto. Cada um tem seus processos, toda via quando se amadurece, Deus se levanta do Trono e conclui que aquele homem ou aquela mulher está preparado(a). Ainda que Ele leve todo esse tempo quieto.Maressa focava todos os dias em sua faculdade e em sua vida espiritual para com Deus. Durante esse período, aprendeu que ser dependente dele é privilégio. Não é qualquer um que dá honra a esse privilégio. Aprendeu que desapegar, que ser inteira, primeiramente, sozinha e amar a Deus acima de tudo é fundamental.
Desapegar de quem amamos não é fácil, mas não é a morte, não é o fim da sua vida. É óbvio que tem pessoas que passam por nós e seremos apenas como barco para conduzi-lo até a outra margem do rio e depois nunca mais o veremos. É complicado demais lidar com isso, porém novamente eu te garanto: não é o fim do mundo. Existem percas que servirão como ganhos. E para nós só é difícil aceitar, porque diante daquelas circunstâncias não enchergamos os possíveis resultados.
Escreveu cartas durante esse período para Deus. Foi uma forma de colecionar sentimentos. Sentimentos esses que estivesse sempre à mostra quando Deus a visitasse. Maressa era esta carta que, aparentemente, não lida, mas nem imaginava que Deus decorou cada letra, cada frase, cada palavra, cada mancha de lágrimas que foram derramadas sobre aquelas folhas. Grande seria o testemunho a ser contatado.
Diego? Bom, notícias de Diego é o que mais temos. Aquele carinha do coração orgulhoso parece que foi quebrantado. Talvez, descobriremos como. O importante é que a carta foi lida.
— Reparou que em todos os cultos ele está presente? — pergunta Ethan a Maressa.
— O que tem? Problema é dele. — responde ríspida. Os anos de aprendizagem foram ótimos. Sim. Perfeitos. Porém, a nossa pequena garotinha dos cabelos cacheados criou uma grande película em seu coração.
— Daqui a pouco ele vai anunciar que está congregando novamente conosco. — Ethan disse animado.
Maressa revira os olhos e torna a prestar atenção no culto.
Seu coração ainda batia. Fraco, mas batia quando o encontrava. Ela só não sabia se era de amor ou de ódio. Existe uma pequena possibilidade de ser ruim, mas nada que anulasse o fato de que o amor estava com uma pequena chama acesa.Descrever o coração de Diego é uma missão quase impossível. Não era muito fácil explicar o que se passava em sua mente, como que iniciavam os conflitos, mas sabiamos que o orgulho era seu maior empecilio.
Vocês vão me perguntar: o que aconteceu com o mesmo durante esse tempo? Responderei: várias coisas. Mas isso não importa agora.Fim do culto e todos começam a sair de seus lugares em direção à saída. Diego tenta disfarçar o máximo que pode e ao perceber que a mesma estava saindo, precisava agilizar seus passos.
— Paz, Maressa. — disse animado. Na verdade, estava morto de constrangimento.
— Oi, paz.
— Fiquei sabendo que vai cumprir a justiça divina. Parabéns por essa decisão e... Finalmente! — tenta puxar um assunto, mas a mesma apenas agradece.
— Bom, se me der licença... Tenho que ir. — disse educada e se retira, indo ao encontro de Ethan que assistia a cena disfarçadamente.
Diego permanece parado no mesmo lugar e triste. Muito triste, pois ela não era mais a mesma Maressa que ele conheceu. Estava mais linda e forte.
Mesmo que ele tenha um coração orgulhoso, seu pior medo é ser rejeitado.— O que ele disse? — pergunta Samuca curioso.
— Nada de interesse. Antigamente as palavras dele me importava, hoje não consigo mais ficar muito tempo perto. E antes que me chamem de orgulhosa, quem criou a barreira foi o mesmo.
— Sei que não é fácil para você e nunca será. Foi um trauma muito grande, mas você tem que estar disposta a ouvir e enfrentar tudo que vier pela frente. — Ethan aconselha.
— Obrigada gente. — ela abre um sorrisinho pequeno e começa a pensar nas cartas ao qual escreveu para Deus, perguntando-se: será que este é o momento?
Quando ela chegou em casa, abriu sua caixa de sapato e retirou as 240 cartas escritas a mão por ela. Para a mesma ainda era pouco.
"Será que essa ideia é ridícula?"
Pensava.
A mesma pega mais uma folha e apoia sobre o caderno.“Senhor, hoje aconteceu algo muito estranho comigo. Ele estava lá. Já tem alguns dias que ele está lá. Seu semblante abatido e por mais que eu tenha um pouco de raiva pelo que fez comigo, surge uma grande curiosidade de saber o que se passa dentro da sua mente. O Senhor sabe que, na verdade, sempre me preocupei com ele. Sempre quis saber como estava, onde estava e o que estava fazendo. Mas eu não podia. Não podia, porque ele não me permitiu. Ele me bloqueou da sua vida. Como pude amar uma pessoa tão imatura quanto essa? E por mais que eu tente esquecê-lo, sempre vem na memória. 730 dias sem conseguir esquecê-lo, sendo que em apenas quatro, cinco, seis o ser humano já consegue lidar. Até hoje estou na mesma.”
— Duzentos e quarenta e uma cartas. — suspirou. — Só espero que Deus não me permita escrever setecentos e tinta. Sem contar com as quais deixei cair no balde de água. — disse para si mesma.
“Meu bastismo se aproxima.”
Pensa.
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MARESSA em Prova de Fogo. (Concluído)
SpiritualObra concluída ✔️ Obs: para entendê-lo, é necessário ler o livro "LO-RUAMA". Caso não queira, vai ficar complicado assimilar algumas partes da história. Obrigada. ❤ BOA LEITURA 💕