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  Era um misto de sentimento ao mesmo tempo: raiva e amor. Meu coração pulsa quando estou perto e me dói saber que todo esse tempo, vivendo batalhas silenciosas, não serviram para quase nada, ou seja, não consegui esquecê-lo.

— Criei um ódio profundo de você.

— Eu acho que essa palavra é muito forte, mas percebi. Por isso demorei tanto para cair na real. Achei que nunca mais pudesse estar trocando um diálogo com você.

— A palavra amor também é muito forte, mas as pessoas citam como se não significasse nada. — murmurei. — Por que me enganou, Diego? Por que dizia que me amava sendo que quando foi embora, disse que, na verdade, nunca sentiu nada por mim?

— Eu expliquei, Maressa. Só descobri que aquilo era amor, quando foi tirado de mim. Eu sabia que uma parte de mim sentia algo muito diferente por você e era forte. Era um laço que por mais que eu quisesse desatar, estava lá, amarrado. Não entendo como um passado como meu, fez com que eu crescesse como um adolescente que não entende sentimentos. O que é sentir? Nem a filosofia consegue me fazer entender isso! Por que sou tão diferente das outras pessoas? Por que esse passado foi escolhido para morar injustamente em mim? Rejeitava ajuda, porque nem eu conseguia me ajudar! Me afastei das pessoas para que a felicidade delas fosse nítida e duradoura, pois, com certeza, perderiam tempo tentando colocar algo na minha cabeça. Não estou aqui me fazendo de vítima, não pedi para estar aqui, respeitei sua privacidade, respeitei seu momento de superação, entendi que precisava de distância de um monstro como eu, mas os meninos perceberam que existia algo no meu olhar, que não negava o fato de que precisava falar com você! Eu não pedi para estar aqui, nem falei com eles meu problema...

— Está muito difícil para mim digerir tudo isso. — falei, amargurada.

— Entendo seu momento. Não estou pedindo para você me perdoar, nem tão pouco pedindo para ter compaixão de mim. Não mereço compaixão de quem desprezei com tanta falta de sensibilidade... Só quero que seja feliz e que me perdoe por tudo. Eu preciso de você, mas se não quiser... Eu entendo. — limpou suas lágrimas.

— O que aconteceu com você durante esse tempo?

— Eu morri espiritualmente. E a cada dia estou morrendo mais. Não sei por quanto tempo irei suportar essa dor que existe dentro de mim. Não consigo buscar a Deus, mas não porque não quero e sim... Nem entendo.

É uma batalha espiritual travada. Não posso misturar as coisas com Diego nesse estado.

— Por que você não procura ajuda psicológica? As pessoas têm tanto preconceito que um cristão não deve fazer sessões com um psicólogo, são os médicos que Deus criou para cuidar da nossa saúde mental. Não tem nada de errado. Desde que sua vida não se baseie em filosofias erradas. — disse simples.

— Vou procurar. Mas ainda existe um buraco negro dentro do meu peito que não consigo entender o motivo de não enxergar a felicidade em nenhum lugar. Eu sei que está em Deus! — a última frase sai arrastada. — Só pode estar nEle, mas não consigo alcançar.

— Eu posso te ajudar a encontrar profissionais que... Conheço pessoas nessas áreas...

  O que estou fazendo?

— Ficarei muito grato. — sorriu sem expôr os dentes, porém, ainda sim era desanimado.

  Seus olhos carregavam uma tristeza profunda; o sentimento amargo era nítido.

— Me desculpe, mas eu preciso ir embora. Eu... Desculpa. — sai correndo dali, o deixando para trás. As lágrimas molhavam minha face, queimando-a.

🌟

*Ethan Malik*

 

MARESSA em Prova de Fogo. (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora